A imagem mostra uma mulher de pele cara e cabelo castanho aplicando toxina butulínica na testa do seu rosto com uma profissional da saúde.

Zinco e efetividade da toxina butulínica

É conhecido que o efeito de  durabilidade  da  toxina  botulínica (toxina botulínica tipo A, TBA)  pode  variar  por  diversos fatores que  incluem: dose administrada, quantidades maiores da toxina podem resultar em efeitos mais duradouros; técnica de aplicação, remete a precisão  da  injeção  e  a  seleção  dos  pontos  de  aplicação  podem  influenciar  na  duração  do  efeito;  músculo  alvo,  quando músculos maiores  ou  mais  ativos  podem  exigir  doses  mais  elevadas  e  podem  não  manter  a  paralisia por tanto tempo quanto músculos  menores  ou  menos  ativos;  atividade  muscular, reduzindo a atividade  do  músculo  tratado  imediatamente  após  a injeção,  bem  como  metabolismo  individual,  imunidade  e  preparação  do  produto,  pois,  a  forma  como  a  toxina  botulínica  é reconstituída e armazenada pode influenciar sua eficácia, dentre outras variáveis.

Nesse sentido, estudos têm sido conduzidos a fim de avaliar a utilização de substâncias para prolongar o efeito da toxina. O efeito da TBA ocorre através da clivagem da proteína 25 associada ao sinaptossoma (SNAP-25) a partir da atividade proteolítica dependente de zinco. Essa, é uma proteína de membrana pré-sináptica e é responsável pela ligação de vesículas carregadas com acetilcolina à liberação do neurotransmissor pela membrana. A clivagem de SNAP-25 pela TBA inibe o acúmulo de acetilcolina na fenda sináptica, impedindo a transmissão de impulsos nervosos e levando ao relaxamento muscular. Dessa forma, a ação da TBA é dependente de zinco para a sua efetividade, uma vez que cada molécula de TBA deve ser acompanhada de zinco para paralisar o músculo.

Zinco Nutrify

Segundo dados da última pesquisa de orçamento familiar brasileira (POF), que analisa o consumo alimentar no Brasil, verificou-se que a prevalência de inadequação da ingestão de zinco para homens adultos chegou a 23,5% e para mulheres foi de 25,6%. Além disso, é conhecido que a deficiência de zinco cursa com sintomas inespecíficos e sua análise sorológica tem limitações, uma vez que o conteúdo intracelular de zinco pode ser baixo apesar de valores séricos normais. Sendo assim, a suplementação de zinco pode ser uma opção para a maior durabilidade da TBA, uma vez que grande parte da população apresenta insuficiência de sua ingestão.

Diante do exposto, pesquisa clínica randomizada e paralela avaliou a efetividade da ingestão de gluconato de zinco (50 mg) na maior manutenção dos efeitos de TBA em 25 indivíduos com exposição gengival. O mineral foi ingerido 4 dias antes da injeção da toxina, e os voluntários acompanhados por 24 semanas, medidas da gengiva e questionários de satisfação foram aplicados nos tempos 2, 6, 12, 18, e 24 semanas. O zinco foi capaz de prolongar o efeito de TBA mantendo a diminuição da exposição gengival a partir de 12 semanas de acompanhamento quando comparado ao controle (p<0,05).

Em outro estudo, duplo-cego, cruzado e controlado com placebo a eficácia da suplementação de citrato de zinco (50 mg) foi avaliada na permanência dos efeitos de TBA em rugas faciais, blefaroespasmo essencial benigno e espasmo hemifacial. O zinco foi suplementado previamente ao início na aplicação da toxina (5 dias). O estudo contou com 77 participantes, sendo que 92% dos indivíduos suplementados com zinco e fitase observaram aumento da duração da toxina em torno de 30%. Em resumo, as evidências apontam que o zinco pode ser utilizado para o prolongamento da eficácia da ação da TBA na paralisia muscular em diversos tratamentos.

 

Referências:

[1]          Paulo Roberto Nunes Guedes Secretário Especial de Fazenda Waldery Rodrigues Junior M, Susana Cordeiro Guerra Diretor-Executivo Fernando José de Araújo Abrantes P, Luiz Rios Neto EG, Renato Pereira Cotovio C, Maria Ferreira M, Lucia França Pontes Vieira M. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE. n.d.

[2]          John C Koshy SESEMFLHHJJRPCNSS. Effect of dietary zinc and phytase supplementation on botulinum toxin treatments. J Drugs Dermatol 2012;11:507–12.

[3]          Hawrysz Z, Woźniacka A. Zinc: an undervalued microelement in research and treatment. Postepy Dermatol Alergol 2023;40:208–14. https://doi.org/10.5114/ada.2023.127639.

[4]          Shemais N, Elarab AE, ElNahass H. The effect of botulinum toxin A in patients with excessive gingival display with and without zinc supplementation: randomized clinical trial. Clin Oral Investig 2021;25:6403–17. https://doi.org/10.1007/s00784-021-03944-2.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress
Rolar para cima