O transtorno depressivo maior (TDM), comumente chamado de depressão, é uma doença crônica, debilitante e com impactos sociais, econômicos e pessoais importantes, estando associada à piora na qualidade de vida e risco das mais diversas comorbidades.
Apesar da etiologia da depressão envolver fatores genéticos e, com maior relevância, fatores ambientais, com destaque especial para o estresse, que é o principal fator de risco para o desenvolvimento da depressão, alguns nutrientes podem ser coadjuvantes do tratamento da doença, como é o caso do zinco.
Zinco e seu impacto na depressão
Considerado um elemento traço, o zinco está entre as substâncias mais abundantes da natureza, sendo o único metal encontrado em quase todas as enzimas, sua presença é indispensável em diversas reações bioquímicas1.
Sabe-se que seu papel é estrutural em cerca de 2.500 fatores de transcrição, agindo também na regulação gênica, além de participar da função de mais de 300 enzimas e proteínas2.
Os primeiros estudos que sugeriram uma correlação entre zinco e depressão são da década de 80, iniciando com o achado de uma maior relação de cobre:zinco em pacientes com depressão. Além disso, dentro do SNC, o zinco pode interagir com vários receptores de neurotransmissores3,4,5.
No hipocampo de pacientes vítimas de suicídio, foi visto a redução na potência do zinco em agir como antagonista do receptor NMDA, sendo uma possibilidade de contribuir para a uma hiperatividade desse receptor, o que pode gerar um quadro de excitotoxicidade glutamatérgica, ocasionando vários problemas no SNC, incluindo morte de neurônios, piora de depressão e aumento no risco de suicídio5,6,7. Outro benefício relacionando o zinco com a melhora de sintomas depressivos, é justamente seu impacto positivo em enzimas antioxidantes no cérebro7,8.
Considerações finais
Mesmo com suas diversas atuações muito bem descritas, as recomendações para este elemento só foram estabelecidas no ano de 2001, sendo a RDA para homens de 11 mg/dia; mulheres de 8 mg/dia; 11 mg/dia durante a gravidez e 12 mg/dia durante a lactação2.
Sendo um elemento altamente biodisponível, é facilmente encontrado em mariscos, ostras, carnes, leguminosas, sementes de abóbora, linhaça e gergelim. Quanto à biodisponibilidade, ressalta-se que pode ser reduzida na presença de fitatos. Assim, em dietas à base de plantas, justificado pela biodisponibilidade reduzida, a necessidade de zinco é maior, e também a deficiência é mais comum2.
Sendo assim, como supracitado, o papel do zinco na depressão é realmente efetivo. Grande parte dos artigos mostra a importância de ter alimentação contendo zinco e níveis séricos de zinco adequados com o intuito de reduzir o risco de sintomas depressivos. Além disso, a suplementação com zinco parece ter um potencial efeito clínico para auxiliar no tratamento de sintomas depressivos2.
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