Proteínas do Soro do Leite (Whey Protein) e Prevenção de Doenças Metabólicas

O músculo esquelético é considerado um órgão endócrino e parácrino. Proteínas secretadas pelo músculo, como as miocinas, medeiam interações entre o músculo esquelético e os órgãos como fígado, tecido adiposo, pâncreas, ossos e sistema cardiovascular. Nesse sentido, estudos vêm apontando que a perda de massa magra pode contribuir com o início de doenças metabólicas. Essa perda geralmente ocorre concomitantemente com o acúmulo intramuscular de gordura e induz comprometimento contrátil e anormalidades metabólicas, podendo estar associadas ao aumento de citocinas pró-inflamatórias, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial e resistência à insulina. 

Estudos também indicam associação inversa entre o percentual de massa muscular esquelética relativa ao peso corporal e circunferência da cintura, pressão arterial e triglicerídeos altos. Corroborando com esses dados, pesquisa observou que o aumento relativo da massa magra ao longo do tempo demonstrou efeito preventivo potencial no desenvolvimento da síndrome metabólica, independente da massa muscular esquelética basal. 

É conhecido que a qualidade da proteína é importante para a manutenção e ganho de massa muscular.

O consumo de whey tem demonstrado influenciar positivamente nesses parâmetros, principalmente quando aliado ao treinamento de força, devido à alta concentração de aminoácidos essenciais (EAA), aminoácidos de cadeia ramificada (BCAAs), principalmente de leucina, associada ao maior estímulo anabólico. A concentração desse aminoácido é 50–75% superior no whey comparada a outras fontes proteicas. Além de apresentar rápida digestibilidade e alta biodisponibilidade para o sangue e tecidos musculares. Dessa forma, seu consumo tem capacidade robusta de estimular a síntese proteica. 

Uma metanálise também indicou que a ingestão de whey modificou positivamente a composição corporal (diminuição de gordura corporal e aumento de massa muscular) e o risco cardiovascular em homens com sobrepeso e obesidade.

Corroborando com esses dados, o consumo de whey tem demonstrado facilitar o controle glicêmico através de vários mecanismos, como melhora da secreção de insulina e incretinas, retardo do esvaziamento gástrico, redução do apetite e do consumo de energia. 

Adicionalmente, o whey contém outros componentes que interagem com o sistema imunológico e podem modular processos inflamatórios e oxidativos, muitas vezes também correlacionados às disfunções metabólicas. Incluindo a lactoferrina, que além de propriedades antimicrobianas tem a capacidade de modular o sistema imune inato e adaptativo através da ativação, migração e proliferação de células imunológicas, como linfócitos T e B. Ele também possui as imunoglobulinas, que atuam reconhecendo e ligando-se a antígenos patogênicos promovendo a eliminação por fagocitose e ativando o sistema complemento para induzir a destruição celular, podendo evitar ou diminuir a duração de infecções e produção exacerbada de citocinas pró-inflamatórias. E ainda, apresenta alta concentração de aminoácidos como cisteína, indispensável a produção de glutationa, essa tem papel central na biotransformação e eliminação de xenobióticos e na defesa das células contra o estresse oxidativo. 

Dessa forma, o whey pode ser um aliado para a manutenção de parâmetros metabólicos, como o controle glicêmico, composição corporal e processos inflamatórios, além de atuar positivamente do sistema imune. 

Referências:

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