É possível adquirir vitamina D de forma natural através da exposição ao sol. Essa produção ocorre por ação dos raios ultravioleta-radiação B (UV-B). Sem essa exposição, é necessário o consumo de vitamina D através de alimentos ou suplementação. Nós temos dois tipos, o ergocalciferol (Vitamina D2-exposição ao sol e origem vegetal) e colecalciferol (Vitamina D3-origem animal) (1).
A vitamina D só tem ação quando convertido na sua forma ativa, a 1,25(OH)2D3 (1,25 di-hidroxicolecalciferol), também chamado de calcitriol. Essa forma ativa está ligada com a codificação de diversas proteínas, como as que realizam o transporte de cálcio e as relacionadas com a matriz óssea. Além de, ter propriedades imunomoduladoras (fortalece a imunidade) que podem melhorar a resposta de combate contra infecções (1).
Algumas das principais funções da vitamina D é aumentar a absorção no intestino delgado de cálcio e fósforo, o que regula as concentrações no sangue. Além de reduzir a eliminação de cálcio pelos rins (1).
Por se tratar de um nutriente lipossolúvel (isso significa que ele pode ser diluído em gordura) é recomendado que a suplementação seja realizada junto com refeições que contenham fontes de gordura (geralmente almoço ou jantar) para melhorar a absorção.
Um indivíduo idoso tem concentrações reduzidas de 7-deidrocolesterol na pele (o 7-deidrocolesterol é convertido em vitamina D quando exposto ao sol), o que diminui em até 70% a sua capacidade de sintetizar vitamina D. Isso está relacionado com menor absorção de cálcio e o consequente surgimento de osteoporose (1).
Além disso, fatores como: pele escura (pessoas negras têm menor síntese de vitamina D na pele), obesidade, síndrome da má absorção e doença inflamatória intestinal também vão aumentar as chances de se ter uma deficiência de vitamina D (1).
Em adultos a deficiência pode causar osteomalácia (falha na mineralização da matriz orgânica dos ossos, resultando em ossos sensíveis e fracos). Além disso, parece que essa deficiência está ligada a diversos tipos de câncer, diabetes mellitus, esclerose múltipla e hipertensão arterial (1).
Concentrações inferiores a 75 nmol/L (se o seu laboratório usar a unidade de medida “ng” o valor será 30 ng/ml) nos exames de sangue foi associado a um risco 2x maior de desenvolver câncer de colón. Homens com concentrações menores de 40 nmol/L tem 70% mais chances de desenvolver câncer de próstata. Níveis reduzidos de vitamina-D-1,25 está relacionado ao avanço mais rápido do câncer de mama metastático (1).
No trabalho de Melamed et al (2008) foi visto que níveis baixos de vitamina D (<17,8 ng/dL) estavam relacionados a um aumento de 26% nas taxas de mortalidade por todas as causas (2).
E o risco maior parece estar em mulheres negras, onde a correlação inversa de vitamina D e mortalidade foi maior nesse público (3).
Outra situação clínica é o surgimento do Alzheimer, onde parece que as concentrações de vitamina D estão inversamente ligadas com as chances do surgimento da doença (4,5).
É muito comum também ver exames de sangue com testosterona baixa depois de uma certa idade, já que após os 30 anos de idade a tendência é que ela abaixe cada vez mais em homens.
Só que é muito importante entender a relação dos micronutrientes com as funções gerais do corpo. Por exemplo, nesse caso você pode pensar que a solução é a reposição de testosterona, certo?
A questão é que baixos níveis de vitamina D estão diretamente relacionados com as baixas concentrações de testosterona, porque esse nutriente participa da produção desse hormônio (6). O que, inclusive, dificulta muito o processo de perda da gordura corporal (principalmente na região do abdômen).
Outro ponto é a pior resposta à insulina, que é quando você vê uma insulina alta nos exames. Esse aumento está ligado ao maior risco de desenvolver diabetes tipo 2.
Qual costuma ser a primeira estratégia? Reduzir a ingestão de carboidrato.
Quando na verdade a pior resposta à insulina pode estar ligado com uma redução nos níveis de vitamina D. Ou seja, só o fato de suplementar e normalizar essa vitamina no sangue, já melhoraria a resposta da insulina do indivíduo (7).
Uma ingestão em excesso pode gerar toxicidade, e os sintomas vão variar entre fraqueza, náuseas, perda de apetite, dor de cabeça, dores abdominais, cãibras e diarreia. Em casos mais graves, hipercalcemia (1).
Importante dizer que essa toxicidade só é possível por via oral, a exposição ao sol não resulta em intoxicação, já que em caso de excesso o organismo converte a vitamina D ativa em Vitamina D inativa para se proteger (1).
As doses geralmente vão variar de 300UI a 4.000UI (que é o limite máximo tolerável). Contudo, deficiências mais graves podem necessitar de doses maiores de 10.000UI ou 50.000UI.
Os sintomas iniciais da hipercalcemia são alterações gastrointestinais, como, diarréia, constipação, náuseas e vômitos. Em médio-longo prazo, poderemos ver anorexia, perda de massa óssea e aumento da frequência urinária noturna (1).
Referências:
- COZZOLINO S. M. F. Biodisponibilidade dos nutrientes (2016)
- Melamed ML, Michos ED, Post W, Astor B. 25-hydroxyvitamin D levels and the risk of mortality in the general population. Arch Intern Med. 2008 Aug
- Ford ES, Zhao G, Tsai J, Li C. Vitamin D and all-cause mortality among adults in USA: findings from the National Health and Nutrition Examination Survey Linked Mortality Study. Int J Epidemiol. 2011 Aug
- Annweiler C, Llewellyn DJ, Beauchet O. Low serum vitamin D concentrations in Alzheimer’s disease: a systematic review and meta-analysis. J Alzheimers Dis. 2013
- Evatt ML, Delong MR, Khazai N, Rosen A, Triche S, Tangpricha V. Prevalence of vitamin d insufficiency in patients with Parkinson disease and Alzheimer disease. Arch Neurol. 2008 Oct
- Bischoff-Ferrari HA, Orav EJ, Dawson-Hughes B. Additive benefit of higher testosterone levels and vitamin D plus calcium supplementation in regard to fall risk reduction among older men and women. Osteoporos Int. 2008 Sep
Liu E, Meigs JB, Pittas AG, McKeown NM, Economos CD, Booth SL, Jacques PF. Plasma 25-hydroxyvitamin d is associated with markers of the insulin resistant phenotype in nondiabetic adults. J Nutr. 200
Leonardo A. Soares
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