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Conheça mais sobre a Vitamina B6

A vitamina B6 (piridoxina), é um composto hidrossolúvel, cuja denominação se refere a seis formas comuns: a piridoxina (PN), piridoxal (PL), piridoxamina (PM) e seus derivados 5-fosfato relacionados (PNP, PLP e PMP)7. Todas elas se transformam em sua forma biologicamente ativa: piridoxal 5-fosfato (PLP ou P5P)1.

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No corpo, a piridoxina se converte em mais de 100 coenzimas essenciais para a catálise de reações metabólicas cruciais7. Sua forma ativa (PLP) atua como coenzima no metabolismo de aminoácidos, carboidratos e gorduras, além de participar da síntese de neurotransmissores e de reações como glicogenólise e gliconeogênese7.

A OMS recomenda que a ingestão diária de vitamina B6, para adultos, seja de 1,3-1,7mg por dia. Ela é facilmente encontrada em peixes, vegetais e aves, sendo incomum sua deficiência em países desenvolvidos dentro de qualquer dieta, exceto no caso de etilistas e gestantes (2).

A deficiência também parece ter correlação com síndromes disabsortivas, como doença celíaca e demais patologias inflamatórias intestinais4. Além de algumas classes de fármacos, condições de estresse e inflamação crônica, que também podem causar deficiência (9)

As manifestações clínicas da deficiência de B6 variam desde cárie dentária e dermatite seborreica à glossite, convulsões, neuropatia periférica, convulsões epileptiformes, anormalidades eletroencefalográficas, confusão e comprometimento imunológico1.

Reitera-se que a deficiência devido à baixa ingestão é incomum.

Há apenas dois medicamentos aprovados pela FDA contendo piridoxina e análogos, cujas indicações de uso são para prevenção da deficiência em pacientes pediátricos e adultos em nutrição parenteral. É efetivo também em gestantes com náuseas e vômitos, responsivas ao tratamento tradicional7.

Quanto à suplementação, há diversas formulações contendo vitamina B6.

Metabolismo e absorção

As formas piridoxina, piridoxamina e piridoxal são rapidamente absorvidas, após a ingestão de alimentos ou suplementos, no intestino delgado2. Os análogos fosforilados, sofrem desfosforilação antes de serem absorvidos. Algumas isoformas vão livres para corrente sanguínea, outras ligadas à albumina, e algumas são captadas pelos eritrócitos e transportadas pela hemoglobina para no tecido alvo se transformarem em sua forma ativa2.

A administração da vitamina B6 pode ser por via oral, intravenosa, intramuscular ou subcutânea

Vitamina B6 no diabetes

Condições de descontrole glicêmico, como diabetes mellitus ou pré diabetes, podem gerar um aumento significativo nos produtos de glicação avançada, aumento do estresse oxidativo e lesão tecidual em órgãos como rins, olhos coração e nervos7.

Uma das lesões mais comuns em portadores de diabetes não controlada é a nefropatia diabética, caracterizada por albuminúria. Essa injúria pode ser evitada com a suplementação adequada de B6, uma vez que os níveis de B6 em pacientes com DM2 e nefropatia, em seus estágios iniciais, podem estar reduzidos, e níveis adequados estão relacionados com menores níveis de produtos de glicação avançada7.

A deficiência de B6 pode desencadear um comprometimento na secreção da insulina, e a deficiência de PLP pode desencadear um processo de autoimunidade que irá atacar as células pancreáticas5.

B6 na imunidade e inflamação

No contexto de imunidade sabe-se que a vitamina B6 é um importante composto, atuando como suporte na imunidade inata e na imunidade adquirida. Sua participação é ampla e significativa, podendo ser um suporte nos mecanismos que atuam parando a tempestade de citocinas inflamatórias e melhorando a produção de linfócitos T. Já tem sido discutido que baixos níveis de B6 podem ser correlacionados às condições de inflamação crônica, o que é interessante, uma vez que o PLP pode modular a microbiota intestinal que está diretamente ligada ao sistema imunológico e ao controle da inflamação3.

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Como a B6 não é uma vitamina produzida pelos seres humanos, seus níveis são dependentes da sua ingestão, e algumas bactérias presentes na microbiota apresentam vias para sua síntese: Bacteroides fragilis, Prevotella copri, Bifidobacterium longum, Collisella aureofaciens ou Helicobacter pylori. Já as cepas Veillonella, Ruminococcus, Faecalibacterium e alguns Lactobacillus spp não sintetizam e dependem da sua ingestão6.

Por participar tanto da redução de agentes pró-inflamatórios, como da gênese substâncias anti-inflamatórias, a vitamina B6 tem sido alvo de discussões como um possível agente antineoplásico, cardioprotetor, antiaterogênico, fator protetor contra acidente vascular cerebral e forte aliado no manejo de doenças, como pneumonia e COVID-197.

Contraindicações e possíveis efeitos adversos

A contraindicação é restrita à hipervitaminose B6, onde níveis alterados podem causar hipersensibilidade à piridoxina e neuropatia1.

A toxicidade por dosagem excessiva pode causar neuropatia sensorial, através de mecanismos ainda não elucidados por completo. No entanto, é importante salientar que é rara a condição de hipervitaminose, porque a vitamina B6 é um composto facilmente excretado e de baixa toxicidade, sendo incomuns situações onde, de fato, ocorrem reações adversas.

Considerações finais

Já é muito bem elucidada a importância fisiológica da vitamina B6 e suas isoformas, como catalisador e adjuvante de diversas reações bioquímicas. Por ser altamente biodisponível, é rara sua deficiência na ausência de condições clínicas específicas.

Por seu papel relevante na gliconeogênese e no metabolismo da homocisteína, tem sido alvo de discussões quanto ao seu papel no esporte, como potencialmente benéfica no retardo da fadiga, na prevenção de lesões, e pelo seu papel na modulação dos níveis de EROS.

Referências Bibliográficas

  1.   Abosamak NR, Gupta V. Vitamin B6 (Pyridoxine). 2021 Nov 20. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan–. PMID: 32491368.
  2.   Hamm MW, Mehansho H, Henderson LM. Transport and metabolism of pyridoxamine and pyridoxamine phosphate in the small intestine of the rat. J Nutr. 1979 Sep;109(9):1552-9.
  3. Gombart, A.F.; Pierre, A.; Maggini, S. A review of micronutrients and the immune system–working in harmony to reduce the risk of infection. Nutrients 2020, 12, 236.
  4.   Merrill, A.H., Jr.; Henderson, J.M. Diseases associated with defects in vitamin B6 metabolism or utilization. Annu. Rev. Nutr. 1987, 7, 137–156
  5. Rubí, B. Pyridoxal 50-phosphate (PLP) deficiency might contribute to the onset of type I diabetes. Med. Hypotheses 2012, 78,179–182.
  6.   Stach K, Stach W, Augoff K. Vitamin B6 in Health and Disease. Nutrients. 2021;13(9):3229. Published 2021 Sep 17. doi:10.3390/nu13093229
  7.   Wibowo N, Purwosunu Y, Sekizawa A, Farina A, Tambunan V, Bardosono S. Vitamin B supplementation in pregnant women with nausea and vomiting. Int J Gynaecol Obstet. 2012 Mar;116(3):206-10.

Suellen Bueno

@suellenbueno_nutri

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