Usos da Colina - vitamina do complexo | Blog Nutrify

Usos da Colina – vitamina do complexo B

A comunicação entre os neurônios depende da emissão de sinais, que podem ser elétricos ou químicos, os sinais químicos são efetivados a partir dos chamados neurotransmissores. A funcionalidade, síntese e disponibilidade dos neurotransmissores é dependente dos nutrientes provenientes da dieta ou de metabólitos onde os nutrientes também participam de sua síntese2. Em destaque entre os neurotransmissores está a acetilcolina, ela participa dos processos de memória, aprendizado e sono e para que esse neurotransmissor seja sintetizado são necessários níveis adequados de colina2.

A colina é uma vitamina do complexo B que pode ser produzida pelo fígado, porém isso acontece em pequena escala fazendo com que seja necessário seu consumo através da dieta. É amplamente utilizada em diversos processos fisiológicos fundamentais, não apenas na neurotransmissão mas também pelos músculos, fígado, membrana celular e reparo de tecidos5.

A deficiência de colina pode aumentar a predisposição à doença hepática gordurosa não alcoólica, declínio cognitivo, lesão hepática e lesão muscular. É importante salientar que a colina é um nutriente de suma importância na formação fetal, influenciando diretamente na formação do tubo neural e  do tecido cerebral do feto, por tal fato deve-se ter ainda mais cuidado quanto à manutenção de níveis adequados sobretudo em gestantes8

A ingestão adequada (AI) é de 550 mg para homens e 425 mg para mulheres, sendo facilmente encontrada na gema do ovo, fígado, frango, linhaça, peixes e carne bovina5. A suplementação é indicada em casos onde a ingestão não é suficiente ou em casos onde haja indicação para tal como veremos adiante. A toxicidade por doses elevadas é incomum e o efeito adverso mais conhecido é a hipotensão 8.

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Colina no esporte

Sabe-se que os atletas são grupos de indivíduos que, independente da modalidade esportiva requer na prática esportiva,  precisão de movimento e raciocínio, associando a performance física à cognitiva. À partir desta justificativa, sugere-se que a colina pode ser potente aliado na prática da atividade física, uma vez que por sua ação cerebral,  pode conferir vantagens ao atleta potencializando sua concentração na atividade e aumento da precisão de movimento, endossado pelo fato de que alguns autores já demonstraram que a suplementação com colina foi eficiente no aumento da acurácia em atividades que exigiam concentração precisão e velocidade6;7

Um outros aspecto de grande relevância no âmbito esportivo, se deve à colina ser um potente vasodilatador (sendo inclusive já estudado como um possível agente a ser utilizado em condições de hipóxia tecidual causada por arteríolas lesionadas, uma vez que parece ser potente na reversão e isento de reações adversas), assim pode-se contar com sua ação efetiva na vasodilatação, o que maximiza o aporte de oxigênio e o fluxo de nutrientes para os tecidos9.

Além do mais, existe uma demanda aumentada por colina durante o exercício físico, justificada pelo fato de que a contração muscular depende também de uma sinalização efetiva da acetilcolina, de modo que se o aporte de colina for insuficiente o organismo sinalizará a quebra da fosfatidilcolina (componente da membrana celular) o que compromete não somente a  integridade da membrana como também a resistência ao estresse, assim se pode considerar que essa insuficiência é um fator predisponente à lesões por estresse tal como a fadiga precoce3.

 Sabendo que os níveis plasmáticos de colina podem ser rapidamente depletados em atletas, sobretudo maratonistas, em 2019 Mödinger6 e seu grupo de pesquisa, demonstraram em um ensaio que os níveis de colina foram facilmente recuperados a partir da intervenção com a suplementação com óleo de Krill, ressalta-se que os voluntários eram indivíduos saudáveis e com bom preparo físico6. No óleo de Krill, a colina está na forma de fosfatidilcolina, e sua suplementação é vantajosa não somente por este fato, mas também por seu fornecimento de EPA e DHA, sendo considerado um agente anti-inflamatório e imunomodulador3.

Algumas modalidades esportivas, como artes marciais, requerem do atleta a manutenção do peso dentre tantas outras exigências distintas em cada modalidade. Buscando estratégias para contribuir com a perda de peso em atletas do sexo feminino das modalidades de Taekwondo e Judô, Gehan e seu grupo de pesquisadores, realizaram uma intervenção com 22 atetas, sendo 15 Taekwondo e 8 judô, onde foi utilizada 2.5g de colina uma hora antes da sessão de treinamento, com o objetivo da intervenção era observar a velocidade da perda de peso nessas atletas4. Os achados foram demasiadamente interessantes, uma vez que a suplementação de colina contribui expressivamente com a perda de peso (sendo uma média de redução de 10,23% no percentual de gordura ao final da intervenção, tal como uma queda significativa nos níveis de leptina, ressalta-se também que mesmo não sendo alvo do estudo houveram achados referentes ao retardo da fadiga na atividade física4.

Deste modo, estes autores consideram que a suplementação de colina parece ser um potente aliado na perda de peso programada para atletas, uma vez que o nutriente participa dos processos de oxidação de gordura, assim a garantia do aporte adequado parece potencializar a efetividade de tal processo.

A suplementação de colina parece ser segura, isenta de toxicidade e a dosagem estabelecida como efetiva em estudos esportivos é de 0,2g de fosfatidilcolina por kg de massa corporal, o que seria equivalente a 2,1 de colina para um atleta de 80kg. Ressalta-se que não é necessário que se faça dose de sobrecarga ou manutenção, e que a suplementação até 1h antes da sessão de treinamento parece eficaz na redução da fadiga, na vasodilatação e na concentração no treinamento1

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Considerações finais

Ao longo dos anos, os estudos colocaram a colina em uma considerável posição de destaque, isso é justificado por sua participação indispensável no metabolismo da acetilcolina, um dos principais neurotransmissores. Entretanto, seu destaque também se deve ao fato de que é expressiva sua ação no esporte, sendo um potente vasodilatador, um agente contribuinte na perda de peso e na otimização da acurácia de movimentos uma vez que propicia aumento da concentração. É encontrada em alimentos como gema de ovo e vísceras e em suplementos como óleo de Krill, sendo a dosagem média sugerida de 2.5g

Referências bibliográficas

  1.   Anni H, Antti A, Ilkka H, Tommi V. Use of dietary supplements in Olympic athletes is decreasing: a followup study between 2002 and 2009. J Int Soc Sports Nutr, 2011; 8:1
  2.   Blusztajn, Jan Krzysztof et al. “Neuroprotective Actions of Dietary Choline.” Nutrients vol. 9,8 815. 28 Jul. 2017, doi:10.3390/nu9080815
  3.   Drobnic, Franchek et al. “Krill-Oil-Dependent Increases in HS-Omega-3 Index, Plasma Choline and Antioxidant Capacity in Well-Conditioned Power Training Athletes.” Nutrients vol. 13,12 4237. 25 Nov. 2021, doi:10.3390/nu13124237
  4. Elsawy, Gehan et al. “Effect of choline supplementation on rapid weight loss and biochemical variables among female taekwondo and judo athletes.” Journal of human kinetics vol. 40 77-82. 9 Apr. 2014, doi:10.2478/hukin-2014-0009
  5.   López-Sobaler, Ana María et al. “Importancia de la colina en la función cognitiva” [Importance of choline in cognitive function]. Nutricion hospitalaria vol. 37,Spec No2 (2021): 18-23. doi:10.20960/nh.03351
  6.   Mödinger, Y.; Schön, C.; Wilhelm, M.; Hals, P.-A. Plasma kinetics of choline and choline metabolites after a single dose of SuperbaBoostTM krill oil or choline bitartrate in healthy volunteers. Nutrients 2019, 11, 2548
  7.   Naber, M., Hommel, B. & Colzato, L. Improved human visuomotor performance and pupil constriction after choline supplementation in a placebo-controlled double-blind study. Sci Rep 5, 13188 (2015). https://doi.org/10.1038/srep13188
  8.   Zeisel, Steven H et al. “Choline.” Advances in nutrition (Bethesda, Md.) vol. 9,1 (2018): 58-60. doi:10.1093/advances/nmx004
  9.   Zhang, Lian-Cheng et al. “Protective effects of choline against hypoxia-induced injuries of vessels and endothelial cells.” Experimental and therapeutic medicine vol. 13,5 (2017): 2316-2324. doi:10.3892/etm.2017.4276

Suellen Bueno

@suellenbueno_nutri

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