Suplementação Infantil: O que é recomendado? | Blog Nutrify

Suplementação Infantil: O que é recomendado?

Uma ingestão adequada de vitaminas e minerais é essencial para garantir saúde e um bom desenvolvimento físico e intelectual, e quando pensamos nisso não é diferente para as crianças.

A melhor forma de garantir esse aporte de vitaminas tão essenciais se dá através da alimentação. Esses micronutrientes são amplamente encontrados nos alimentos de origem vegetal (legumes, verduras, frutas, cereais integrais e sementes) e animal (carne e laticínios).

Por meio de uma alimentação diversificada que oferte todos os grupos de alimentos, é possível obter esses compostos que o organismo necessita para cumprir inúmeras funções metabólicas, antioxidantes e estruturais, associadas ao crescimento, desenvolvimento e sistema imunológico. ¹

Entretanto, muitas vezes manter uma alimentação variada, que garanta todo o aporte de nutrientes adequados para a criança, pode ser uma tarefa difícil para os pais.

Orientações não faltam para que as crianças consumam bastante verduras, legumes e frutas, e que evitem o açúcar e alimentos ultra processados. Porém muitas crianças já com o paladar “viciado” acabam consumindo uma alimentação pobre em nutrientes e rica em calorias vazias, que na maioria das vezes são ofertadas pelos próprios pais, na busca por algo mais prático e atrativo para a criança.

Nesse caso, entra o papel da suplementação, com a finalidade de complementar uma dieta em que não haja a oferta necessária de nutrientes, e para corrigir alguma deficiência já existente ou até mesmo para potencializar um nutriente às necessidades da criança. Mas vale ressaltar que ela nunca substitui uma alimentação adequada para a criança.

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Quais suplementos podem ser usados durante a infância?

Suplementação vitamínico-mineral

Geralmente as vitaminas A e D e os minerais , zinco e ferro estão entre as mais comuns deficiências, consideradas de grande efeito social e priorizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, atualmente, também passou a ter relevância, em um nível de saúde publica mundial, a deficiência de um vital macronutriente para o neurodesenvolvimento, o DHA (Ácido Docosahexaenoico).²

Vitamina D

A principal função da vitamina D em humanos é a manutenção das concentrações normais de cálcio e fósforo. Essa regulação se dá pela maior eficiência de absorção desses minerais  no intestino delgado e pela regulação da atividade osteoclástica dos ossos. Portanto, o calcitriol age aumentando a absorção intestinal e reduzindo a secreção de cálcio pelo aumento da reabsorção dos túbulos distais dos rins e pela mobilização dos minerais dos ossos, entre outras funções.8

A principal fonte de vitamina D é a exposição solar e corresponde à 90% da vitamina no organismo. As fontes alimentares em geral não conseguem suprir as a demanda necessária. O leite humano possui quantidade insuficiente para suprir as necessidades do lactente (1 litro = 20 a 40 UI), e,  mesmo que vivamos em um país tropical, a poluição ambiental, a neblina, o inverno, o hábito de manter as crianças vestidas e dentro de casa aumentam o risco de deficiência. ²

Consequência disso é que a deficiência de vitamina D é um dos distúrbios nutricionais mais prevalentes em todo o mundo, considerando que 1 bilhão de pessoas sofram de insuficiência ou deficiência

 

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Para garantir adequado aporte desta vitamina e evitar sua deficiência a Sociedade Brasileira de Pediatria indica a suplementação nos primeiros 2 anos de vida, mesmo para crianças em aleitamento materno exclusivo.5

  • 400 UI por dia a partir da 1ª semana de vida até completar um ano de idade.5
  • 600 UI por dia de 1 (um) ano até completar 2 (dois) anos de idade.5

Vitamina A

A função fisiológica mais conhecida da vitamina A é no processo visual, como grupo prostético dos pigmentos visuais. Participa, também, do crescimento, do desenvolvimento ósseo e do tecido epitelial, da expressão gênica, da diferenciação celular e do processo imunológico.6

Para a promoção do crescimento e do desenvolvimento adequados na infância e para prevenção dos sintomas de deficiência, foi estabelecido a RDA de 300 µg/dia para crianças de 1 a 3 anos de idade, e de 400 µg/dia para crianças de 4 a 8 anos.6,7

É importante identificar as crianças em risco para deficiência de vitamina A através de uma anamnese alimentar, e as que não recebem outro suplemento vitamínico com esta vitamina associada, para não causar Hipervitaminose.

Ferro

As funções do ferro estão amplamente descritas na literatura , incluindo sua participação como componente estrutural de proteínas(enzimas e hemoglobinas) no transporte de oxigênio para todos os tecidos do organismo e no desenvolvimento da cognição.4

A deficiência de ferro, que é a responsável por causar a anemia ferropriva, é a mais prevalente em crianças, principalmente em países subdesenvolvidos, sendo duas vezes mais provável de afetar bebês entre as idades de 6 e 24 meses e 25 a 60 meses.²

A anemia se torna um sério problema, pois pode prejudicar o desenvolvimento mental e  psicomotor, causar o aumento de morbidade e mortalidade materna e infantil, além de uma redução da resistência as infecções

As recomendações para bebês amamentados são aproximadamente 1mg/kg/dia por 4 a 6 meses de idade, preferivelmente de alimentos suplementares e apenas fórmulas fortificadas com ferros para desmame ou suplemento ao leite humano e para bebês alimentados por fórmulas, apenas fórmula fortificada com ferro durante o primeiro ano de vida. E para crianças de um a três anos de idade a recomendação é de 7mg de ferro/dia, e para aquelas com quatro a nove anos, é de 10mg/dia, pois nessa fase ocorre um rápido processo de incorporação de ferro corporal. 4,5

Zinco

O Zinco é tido como um mineral importante para a nutrição, e consequentemente para a saúde humana.Ele realiza três importantes papéis biológicos no nosso organismo: catalítico, estrutural e regulatório. Por meio desses, o zinco tem um papel determinante no sistema imune, atuando como anti-inflamatório, assim como no sistema de defesa antioxidante.7

A dosagem sérica de zinco não reflete com segurança o real estado nutricional com relação ao mineral. A prova terapêutica pode ser realizada utilizando-se o zinco na dosagem de 1 mg/kg/dia e observando-se a resposta clínica em 5-10 dias de uso.

No tratamento da deficiência, é preconizado a dose de zinco elementar, 1-2mg/kg/dia por via oral e correção dietética adequada; na diarreia aguda se prescreve 20mg/dia para crianças acima de seis meses de idade e metade da dose para aquelas abaixo dessa idade.¹

Ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (LCPUFA) – Ômega 3

Os ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa (LCPUFA), como o ácido eicosapentaenoico (EPA) e o ácido docosaexaenoico (DHA), exercem funções bioquímicas e fisiológicas fundamentais no metabolismo e na saúde humana.9

Do mesmo modo, o DHA tem um papel crucial no desenvolvimento cerebral e da visão, sendo assim um nutriente primordial para o desenvolvimento e crescimento infantil.9

De acordo com o I Consenso Brasileiro da Associação Brasileira de Nutrologia, as recomendações de DHA durante a gestação, lactação e infância, são de 200 mg de DHA ao dia para gestantes, lactantes, independente da dieta. No caso das crianças não amamentadas, estas devem receber o DHA por meio da sua fórmula complementar, do contrário, o DHA deve ser suplementado de forma isolada.2

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Considerações finais

Toda suplementação deve ser avaliada de forma criteriosa, levando em consideração as recomendações diárias de ingestão (DRIs) para cada faixa etária, além das diversas preparações comerciais.  E muita atenção, pois os polivitamínicos podem até parecer uma solução mais prática e até mesmo mais acessível, porém eles podem conter vitaminas hidro e lipossolúveis em quantidades variáveis, causando um risco de toxicidade quando ingeridas em altas doses ou por tempo prolongado.¹

Então a melhor solução é sempre buscar um profissional para ter uma orientação individualizada e segura em relação a suplementação e a dosagem, respeitando as recomendações para cada faixa etária.

Referências

  1.   WEFFORT, VIRGINIA RESENDE SILVA; MARANHÃO, HÉLCIO DE SOUSA; MELLO, ELZA DANIEL DE; BARRETTO , JUNAURA ROCHA; FISBERG, MAURO; MORETZSOHN , MÔNICA DE ARAUJO; WAYHS, MÔNICA LISBOA CHANG; KONSTANTYNER, TULIO; OLIVEIRA , FERNANDA LUISA CERAGIOLI; LAMOUNIER, JOEL ALVES; MAXIMINO, PRISCILA; RICCO , RAFAELA CRISTINA; ZORZO, RENATO AUGUSTO. Temas da Atualidade em Nutrologia Pediátrica. São Paulo: SBP: Departamento Científico de Nutrologia Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), 2021. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/Manual_de_atualidades_em_Nutrologia_2021_-_SBP_SITE.pdf. Acesso em: 29 set. 2022.
  2.   SPSP | Sociedade de Pediatria de São Paulo. Out. 2019b. Disponível em: https://www.spsp.org.br/site/asp/boletins/AtualizeA4N5.pdf. Acesso em: 2 out. 2022.
  3.   Chefe E, Dra P, Marques M, Suen, Durval R, Filho, et al. Anais do Congresso International Journal of Nutrology [Internet]. [cited 2022 Oct 1]. Available from: https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/sites/3/2015/01/405-2014-Consenso-DHA.pdf
  4.   BASES bioquímicas e fisiológicas da Nutrição : nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri – SP: Manole, 2013. ISBN 978-85-204-3177-1.
  5.   Cristine M. Trahms; MS, RD, CD, FADA, Kelly N. McKean, MS, RD, CD. Nutrição no Estágio Inicial da Infância. In: Krause, Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. p. 379. ISBN 978-1-4377-2233-8.
  6.   MARIA FRACISCATO COZZOLINO, Silvia; COMINETTI, Cristiane. Bases bioquímicas e fisiológicas da Nutrição : nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Barueri – SP: Manole, 2013. 666 p. ISBN 978-85-204-3177-1.
  7.   TANNENBAUM, G.S. (1991), Neuroendocrine Control of Growth Hormone Secretion. Acta Pædiatrica, 80: 5-16. https://doi.org/10.1111/j.1651-2227.1991.tb17962.x
  8.   M. FRANCISCATO COZZOLINO, Silvia. Biodisponibilidade de nutrientes. 5. ed. Barueri – SP: Manole, 2020. 1443 p. ISBN 978-85-204-4136-7.
  9.   CHENG, Yu-Shian et al. Supplementation of omega 3 fatty acids may improve hyperactivity, lethargy, and stereotypy in children with autism spectrum disorders: A meta-analysis of randomized controlled trials. Neuropsychiatric disease and treatment, v. 13, p. 2531, 2017.

 

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