Suplementação em Idosos | Blog Nutrify

Suplementação em Idosos

O termo envelhecimento é definido pela Organização Pan-Americana de Saúde como um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte1. Segundo o Estatuto do Idoso, é considerado idoso aqueles com 60 anos ou mais2.

Vitamina D | Blog Nutrify

A transição demográfica retrata o crescimento populacional devido à queda da taxa de natalidade e mortalidade, o que acarreta alterações na disposição etária da população, resultando em um lento crescimento, nesse caso denota-se um significativo envelhecimento populacional3.

O aumento mundial na expectativa de vida se deve principalmente pela qualidade de vida da pessoa idosa, por conta de fatores como aumento da renda média, evolução na qualidade sanitária, inovações de medicamentos e na medicina geriátrica e diminuição da mortalidade infantil. Tais modificações têm provocado reestruturação em vários segmentos da ciência4.

O crescimento da população brasileira, compilados mediante as pesquisas do IBGE de 2002, foi a justificativa para a implementação da Política Nacional da Pessoa Idosa, aprovada pela Portaria de número 2.528 de 2006 com a finalidade de recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde5.

Necessidade de suplementação em idosos: como identificar?

Apesar do fato do envelhecimento ser um processo fisiológico normal, há declínio de algumas funções, sendo importante avaliar a diferenciação do fisiológico para o patológico. Nesse contexto, muitos idosos apresentam necessidades nutricionais especiais, tendo isso em vista, as ingestões diárias recomendadas (DRIs) separam o grupo de pessoas com 50 anos de idade e aqueles mais idosos em dois grupos, ou seja, indivíduos com 50 a 70 anos e aqueles com 71 anos e outros mais idosos, devido a alteração em relação a absorção, o uso e a excreção de nutrientes6.

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A maior necessidade em micronutrientes sugere benefícios na suplementação de vitaminas e minerais específicos, tendo resultados e recomendações mais consistentes e bem definidas para a suplementação de vitamina D na prevenção de fraturas, para as vitaminas B12 e ácido fólico em casos de anemia megaloblástica por déficit desses micronutrientes e para as vitaminas antioxidantes no atraso da progressão da degenerescência macular relacionada com a idade9.

No caso da vitamina D, vitamina lipossolúvel importante para diversas funções fisiológicas, pode ser obtida de forma exógena tanto através da dieta quanto na forma de suplementos, ou até mesmo a produção endógena por meio da pele. Os idosos apresentam uma deficiência de vitamina D de causa multifatorial, sendo uma delas a diminuição da sua produção endógena decorrente da atrofia cutânea associada ao envelhecimento e agravada pela diminuição da exposição solar. A importância da vitamina D na saúde óssea é indiscutível, visto que a deficiência da mesma provoca um aumento do turnover ósseo acarretando a desmineralização, perda e estreitamento de osso, aumentando o risco de fraturas 7,8.

Dentre as 8 vitaminas constituintes do complexo B, as vitaminas b6, b9 e b12 são destaques quando se trata em relevância clínica nos idosos. Esse contexto pode estar relacionado ao fato de que tanto a vitamina b12 quanto a vitamina B6 tem como uma de suas principais fontes alimentares as carnes, alimento que tem seu consumo reduzido com a idade, devido à dificuldade de mastigação, processos digestivos e absortivos, preferências alimentares e até mesmo dependência crônica de álcool ou insuficiência renal crónica, condições as quais estão muito relacionadas à idade9,11,12.

Sabendo-se que a redução da massa muscular esquelética está associada à idade e à inatividade física, suplementos como a Creatina e o Whey Protein passaram a ser estudados para o público idoso, principalmente como uma forma de prevenção da sarcopenia. Além de serem um importante suporte para os exercícios na terceira idade

O aporte insuficiente de proteína nessa população é frequente e considerado um fator facilitador de promoção da perda de massa muscular através de uma diminuição da síntese de proteica muscular e, assim, promover a via de degradação dela. Já foi demonstrado que o consumo controlado de proteínas e aminoácidos derivados da dieta representam uma forma de prevenir o catabolismo muscular, podendo ser o Whey Protein devido a sua flexibilidade de formas de consumo.

A Creatina, por sua vez, é responsável por aumentar a ressíntese de fosforilcreatina (PCr) durante a contração muscular. Para o indivíduo idoso, a associação entre o exercício de força e a suplementação de Creatina é extremamente benéfica para aumentar a potência e força muscular, prevenindo assim, a sarcopenia ou até o agravamento da mesma10,13.

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A suplementação de ômega-3 é altamente recomendada para essa faixa etária, visto que está relacionada com o declínio cerebral pela idade, como no caso da doença de Alzheimer e outras doenças crônicas do cérebro. Estudos indicam também otimização da função cerebral de cognição, efeito cardioprotetor, diminuição da inflamação crônica e redução nos sintomas de artrite, como dor, rigidez e comprometimento funcional das articulações dos idosos 14.

Juntamente com o ômega 3, o colágeno do tipo II é um grande aliado para essa população devido a sua grande finalidade direcionada ao tratamento de dores articulares e condições artríticas, condições muito presentes em idosos15,16.

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Considerações finais

Os idosos são a faixa etária com maior risco de deficiências nutricionais, variando a causa desde condições fisiológicas e/ou patológicas como no caso das alterações no processo digestivo, até mesmo fatores comportamentais. Dessa forma, a avaliação individualizada para adequar a suplementação de acordo com a necessidade e rotina do paciente é imprescindível, podendo proporcionar a atenuação e prevenção de deficiências graves e doenças, como no caso da sarcopenia.

 

Referências bibliográficas

  1.   ORGANIZACION PANAMERICANA DE LA SAUD (OPAS). Guia Clínica Para Atention primaria a las personas mayores. v. 3, n. Washington, 2003.
  2.   BRASIL. Estatuto do Idoso, 2003.
  3.   WONG, L. L. R.; CARVALHO, J. A. The rapid process of aging in Brazil: serious challenges for public policies. Revista Brasileira de Estudos de População, v. 23, n. 1, p. 5–26, 2006.
  4.   BRASIL. Política Nacional do Idoso. Lei no 8.842, de janeiro de 1994 – Brasília, p. 102, 1994.
  5.   BRASIL. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. 2006.
  6.   R.M. PADOVANI et al. Tabelas e aplicabilidades das DRI. Rev. Nutr., Campinas, 19(6):741-760, nov./dez., 2006.
  7.   Buhr G, Bales CW. Nutritional Supplements for Older Adults: Review and Recommendations—Part I. J Nutr Elder. 2009;28(1):5–29.
  8.   Oba Galvão L, Fonseca Galvão M, Matos Santiago Reis C, Mayana de Ávila Batista C, Casulari LA. Considerações atuais sobre a vitamina D. Brasília Médica. 2013;50(4):324–32.
  9.   Ana Rita Martins Queirós; Manuel Teixeira Marques Veríssimo, MD. A Suplementação Vitamínica no Idoso. Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, 2020.
  10. Chami, J., Candow, D.G. Effect of Creatine Supplementation Dosing Strategies on Aging Muscle Performance. J Nutr Health Aging 23, 281–285 (2019).
  11. Bernstein M. Nutritional Needs of the Older Adult. Phys Med Rehabil Clin N Am. 2017;28(4):747–66.
  12. Ter Borg S, Verlaan S, Hemsworth J, Mijnarends DM, Schols JMGA, Luiking YC, et al. Micronutrient intakes and potential inadequacies of community-dwelling older adults: A systematic review. Br J Nutr. 2015;113(8):1195–206.
  13. McKendry J, Currier BS, Lim C, Mcleod JC, Thomas ACQ, Phillips SM. Nutritional Supplements to Support Resistance Exercise in Countering the Sarcopenia of Aging. Nutrients. 2020; 12(7):2057.
  14. Murphy, CH, McGlory, C. Óleo de Peixe para Envelhecimento Saudável: Aplicação Potencial para Atletas Master. Sports Med 51 (Suppl 1), 31–41 (2021).
  15. Trentham DE, Dynesius-Trentham RA, Orav EJ, et al. Effects of oral administration of type II collagen on rheumatoid arthritis. Science. 1993;261(5129):1727-1730.
  16. Barnett ML, Kremer JM, St Clair EW, et al. Treatment of rheumatoid arthritis with oral type II collagen. Results of a multicenter, double-blind, placebo-controlled trial [published correction appears in Arthritis Rheum 1998 May;41(5):938]. Arthritis Rheum. 1998;41(2):290-297.

 

Gabriela Motta

@nutrigabrielamotta

 

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