A Saúde Masculina e as doenças cardiovasculares
As doenças cardiovasculares (DCV) são as principais causas de morte e incapacidade em idades mais precoces nos homens, esses apresentam maior risco de serem acometidos em comparação a mulheres na mesma idade. O risco mais elevado pode ser, em parte, explicado pelas escolhas de estilo de vida masculinos, tais como maus hábitos alimentares, consumo de álcool, uso de cigarro e pela inatividade física.
Nesse sentido, o padrão alimentar tem sido correlacionado com a etiologia das DCV e demonstrou influenciar na inflamação crônica e estresse oxidativo (desbalanço entre o sistema antioxidante de defesa do organismo e formação de radicais livres), que contribui substancialmente para a patogênese das DCV. Concentrações circulantes de biomarcadores inflamatórios (interleucinas 6, proteína-C-reativa, fator de necrose tumoral e molécula de adesão intercelular) foram associados à incidência de DCV em estudos de coorte prospectivos. Dessa forma, a ingestão de alimentos ricos em antioxidantes foi associada a níveis mais baixos de biomarcadores pró-inflamatórios.
Os micronutrientes antioxidantes são essenciais para todas as fases do controle do estresse oxidativo, esse desempenha papel importante na aterosclerose, insuficiência cardíaca, arritmia, dentre outras DCV. Estudos têm demonstrado que a vitaminas A (retinol e beta-caroteno), E (alfa-tocoferol) e vitamina C têm propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Essas vitaminas interagem com radicais livres e espécies reativas de nitrogênio, diminuindo a peroxidação de ácidos graxos de poli-insaturados (PUFA) e, consequentemente, o aumento do processo de oxidação, associado ao início da inflamação crônica de baixo grau. Além disso, podem proteger o LDL colesterol da oxidação, relacionada à aterogênese.
Já as vitaminas do complexo B (folato, B6 e B12) diminuem concentração de homocisteína no sangue, fator de risco independente para DCV relatado em estudos observacionais. Estudo clínico, duplo-cego, randomizado e controlado com placebo demonstrou que a suplementação com vitaminas B6 e B12 diminuiu a concentração de homocisteína em 18% quando comparado ao placebo. Em adição, também foi relatado que a ingestão de vitaminas do complexo B e vitamina D pode estar associada à diminuição da espessura da carótida, marcador de DCV. Meta-análise apontou que a concentração sérica de vitamina D (25(OH)D) foi inversamente associada ao total de eventos cardiovasculares e à mortalidade por DCV.
Da mesma forma, evidências indicam que selênio e zinco desempenham papéis críticos no sistema antioxidante de defesa do organismo, compondo enzimas chaves envolvidas na redução da formação de espécies reativas de oxigênio (EROs). Assim, a ingestão inadequada desses minerais pode resultar em estresse oxidativo, que apresenta papel implícito nos mecanismos associado às DCV como explanado anteriormente. Corroborando com esses dados, estudo prospectivo avaliou os níveis de múltiplos antioxidantes da dieta e riscos de DCV, foi observado associação independente entre a ingestão de micronutrientes (selênio, zinco, vitamina E, A, C, beta-caroteno) e diminuição de DCV.
Em resumo, o consumo adequado de vitaminas e minerais, por meio da alimentação ou da suplementação, tem sido recomendado para a promoção da saúde. A ingestão insuficiente de certos micronutrientes apresenta maior risco para o desenvolvimento de DCV.
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