Saúde Feminina e Nutrientes: 5 nutrientes indispensáveis à saúde da mulher

Os nutrientes são importantes para o funcionamento adequado do metabolismo humano. Em relação as mulheres, as necessidades nutricionais variam com cada fase de suas vidas devido, principalmente, as oscilações hormonais. Contudo, existem nutrientes fundamentais para a promoção da saúde e bem-estar da mulher em todas as etapas de sua existência. Dessa forma, listamos abaixo alguns nutrientes indispensáveis à saúde da mulher.

Ômega-3 (EPA – ácido graxo eicosapentaenoico e DHA – ácido graxo docosahexaenoico)

Como conhecido, o consumo de ômega-3, principalmente dos ácidos graxos EPA e DHA, pode trazer vários benefícios à saúde. O ômega-3 auxilia na manutenção da hidratação da pele, influenciando a barreira da pele e induzindo a diferenciação de queratinócitos. Além disso, ele protege contra os efeitos dos raios ultravioletas (UV), diminuindo a inflamação ocasionada após a exposição. Dessa forma, pode ser um aliado na prevenção do envelhecimento da pele em mulheres.

Muitas mulheres em fase reprodutiva apresentam problemas somáticos e desbalanço no humor antes da menstruação. Acredita-se que o desequilíbrio hormonal, principalmente níveis baixos de progesterona da fase lútea, ocasiona alterações no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, que é responsável pelos sintomas pré-menstruais. A ingestão de ômega-3 mostrou-se eficaz em diminuir os sintomas de depressão, ansiedade, tensão e falta de concentração em mulheres na pré-menstruação.

 

Selênio

Uma das principais funções mais conhecidas do selênio é como antioxidante, por estar presente na estrutura da enzima glutationa peroxidase. Contudo, ele também é fundamental para o bom funcionamento da glândula da tireoide. O selênio participa da síntese de hormônios tiroidianos. Ele está presente nas desiodases, enzimas responsáveis pela conversão do pró-hormônio T4 em T3, participando, portanto, da regulação dos hormônios da tireoide. Esses hormônios agem indiretamente nos ovários e participam no estímulo do desenvolvimento dos óvulos e embriões. A desregulação desse sistema pode levar ao aumento de peso, falta de libido, irregularidade menstrual e infertilidade. Nesse sentido, as mulheres têm grande chance de serem acometidas por transtornos no funcionamento da tireoide, como o hipotireoidismo. Assim, a ingestão adequada de selênio é importante para o bom funcionamento do metabolismo e fertilidade feminina.

Vitamina D 

Com o envelhecimento da população, observa-se aumento de doenças relacionadas à saúde da mulher. Entre essas doenças se destaca a osteoporose. A principal consequência clínica da osteoporose é a fratura. A vitamina D tem papel fundamental na regulação do metabolismo ósseo, aumentando a absorção intestinal de cálcio e fósforo, mobilizando cálcio a partir do osso na presença de paratormônio, além de aumentar a absorção renal de cálcio, tendo função essencial na mineralização óssea. Estudo demonstrou que a suplementação de vitamina D (1000 UI) em mulheres (50-65 anos) com osteopenia e deficiência de vitamina D durante 10 meses diminuiu o processo de remodelação óssea.

Além disso, ela participa da maturação do colágeno e da matriz celular, e ainda, atua de forma parácrina na pele com capacidade de modular a proliferação de queratinócitos e de fibroblastos, sendo importante para a manutenção da sua fisiologia.

Estudos recentes também apontam que a vitamina D está associada à liberação de insulina pelo pâncreas e tem papel no sistema imunológico, aumentando a resposta do sistema imune adquirido, envolvendo a ativação de linfócitos T por células apresentadoras de antígenos. Esses efeitos pleiotrópicos da vitamina D são devido a existência de vários receptores espalhados pelos diversos tecidos no organismo.

Cálcio

Com o aumento da expectativa de vida, as mulheres têm grande tendência do enfraquecimento da estrutura óssea, elevando os riscos de doenças como a osteoporose. Elas são especialmente vulneráveis, devida a progressiva redução da função ovariana e, assim, da produção de seus hormônios esteroides. Este processo inicia-se a partir dos 35 anos, quando a mulher apresenta redução lenta de massa óssea, acentuando-se após os 50 anos, momento em que comumente ocorre a menopausa. Estudos mostram que uma das principais deficiências no climatério é a do mineral cálcio, comprometendo a mineralização e a manutenção óssea, promovendo, dessa forma, o agravamento da osteoporose.

Ácido fólico

Pesquisas científicas sugerem que o ácido fólico (AF) desempenhe importante papel no processo reprodutivo, sendo sua deficiência associada à infertilidade feminina. Essa relação pode ser explicada por meio do importante papel do AF na síntese e metilação de DNA, na prevenção do aumento da homocisteína e na defesa contra os radicais livres.

A síntese e a metilação de DNA são fundamentais para a gametogênese. Altas concentrações de homocisteína têm sido associadas com o aumento da produção de citocinas inflamatórias (proteína quimiotática de monócitos – MCP-1 e interleucina 8 – IL-8) que causam redução das concentrações de óxido nítrico. Esses fatores estão associados à endometriose, uma das causas mais comuns de esterilidade feminina, enquanto baixas concentrações de óxido nítrico comprometeriam a ovulação e a implantação do óvulo. Mulheres suplementadas com AF apresentam concentrações reduzidas de homocisteína no fluido folicular e ovócitos de melhor qualidade e com maior grau de maturação quando comparadas às não suplementadas.

Além disso, o metabolismo de folato é essencial ao desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso central (SNC), além de proteger contra defeitos do tubo neural, principalmente da espinha bífida. A suplementação de ácido fólico pode reduzir em até 75% o risco de malformação do tubo neural do feto. A suplementação com ácido fólico durante a gestação é uma ação consolidada na literatura para prevenir a ocorrência de defeitos do tubo neural no feto, recomenda-se sua suplementação desde o planejamento da gravidez. A suplementação pode ser feita na forma ativa, o L-metilfolato, principalmente para aquelas que possuem polimorfismo no gene C6677T da enzima metilenotetrahidrofolato redutase (MTHFR), essa enzima participa da metabolização de ácido fólico para a molécula L-metilfolato.

Em resumo, esses são alguns nutrientes que devem estar no plano terapêutico na saúde da mulher, a adequação desses nutrientes deve ser realizada de acordo com a necessidade individual e por um profissional de saúde habilitado.

 

 

 

Artigos:

https://doi.org/10.1080/0167482X.2017.1348496

https://doi.org/10.1111/j.1600-0625.2011.01294.x

https://doi.org/10.3390/molecules26237084

https://doi.org/10.4103/tcmj.tcmj_255_19

https://doi.org/10.1007/s00198-015-3386-5

https://doi.org/10.1167/tvst.10.8.7

https://doi.org/10.1016/j.autrev.2011.05.002

https://doi.org/10.1126/scitranslmed.3006286

https://doi.org/10.1016/0923-1811(94)90316-6

https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2017.10.004

https://doi.org/10.1093/humupd/dml054

https://doi.org/10.1093/humrep/dex233

https://doi.org/10.1590/S1415-52732010000500018

 

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