Relação da ingestão de álcool com o risco de câncer de mama | Blog Nutrify

Relação da ingestão de álcool com o risco de câncer de mama

Atualmente o câncer de mama (CM) está crescendo em todo o mundo, sua incidência e mortalidade vem aumentando em países de baixa renda mensal. De acordo com o Cancer Statistics Center a taxa de sobrevivência de cinco anos teve uma melhora significativa, de 63% em 1960 para 90% em 2018. Um projeto de atualização selecionou dois fatores de risco para o câncer de mama, são eles: ingestão de álcool e obesidade, destacando um fator de proteção: atividade física1.

O que a ciência mostra?

Existem evidências que mostram que independentemente do tipo de bebida alcoólica ingerida (vinho, cerveja ou destilados) e a menopausa levam ao aumento do risco de CM. Um estudo realizado mostrou que uma ingestão de 10g de etanol por dia foi associado ao aumento dos tumores ER +, ER-, ER + PR + e ER + PR-2.

O etanol tem capacidade de promover a transição epitélio-mesenquimal, levando ao crescimento do tumor e a formação de metástase3. A ingestão de álcool causa deficiência de alguns nutrientes essenciais, entre eles: folato (vitamina B9) onde são importantes para síntese e reparo de DNA, mantendo a estabilidade genômica. O álcool é antagonista do folato, levando a redução da sua disponibilidade4. São fontes desses nutrientes: feijões, cereais integrais, ovos, frutos do mar.

O álcool é metabolizado por enzimas, como: desidrogenases (ADH), citocromo P-450 2E1 (CYP E1) e catalase bacteriana, produzindo acetaldeído. O acetaldeído é reativo ao DNA, onde tem várias propriedades carcinogêneses e genotóxicas5.

O etanol pode contribuir para a carcinogênese por meio da indução do estresse oxidativo, este é um fator determinante do início da doença, pois o estresse oxidativo ativa algumas vias que produzem espécies de reativas de oxigênio (ROS)6.

Relação da ingestão de álcool com o risco de câncer de mama | Blog Nutrify

A inflamação ajuda para progressão do câncer, onde é intensificado pela ingestão de bebidas alcoólicas. O uso do álcool crônico pode recrutar glóbulos brancos específicos, como monócitos e macrófagos, para o microambiente tumoral. Eles produzem citocinas pró-inflamatórias, sendo elas: fator de necrose tumoral α (TNF-α), interleucinas IL-1, IL-6 e IL-8, levando a ativação de enzimas que geram oxidantes, formando ROS6.

A ingestão de álcool leva a mudanças nas vias do estrogênio, aumentando os níveis de hormônios através do estresse oxidativo e inibição de enzimas de degradação de esteroides sulfotransferase e 21-hidroxilase7.

Banner Institucional Nutrify | Blog

Considerações finais

Diante dos estudos realizados até o momento, pode-se observar que ter um controle na ingestão de álcool é fundamental como forma de prevenção, sendo assim, é de suma importância profissionais de saúde alertarem seus pacientes/clientes sobre todas essas alterações que ocorrem após a ingestão de álcool, conscientizarem para uma rotina saudável, através de algumas orientações a seguir.

Uma alimentação saudável é essencial na prevenção. Atualmente existem recomendações de prevenção primária, são elas:

Alimentação saudável (rica em frutas, vegetais, grãos integrais);

Diminuir o consumo de carnes vermelhas e processadas;

Praticar atividade física regular;

Diminuir significativamente a ingestão de bebidas alcoólicas.

Referências bibliográficas

  1.           World Cancer Research Fund/American Institute for Cancer. Systematic Literature Review– Support Resource. In: Food, Nutrition, Physical Activity and the Prevention of Cancer: A Global Perspective. Washington DC: AICR; 2007.
  2.           Suziki R, Orsini N, Mignone L, Saji S, Wolk A. Alcohol intake and risck of breast câncer defined by estrogen and progesterone receptor status- a meta- analysis- of epidemiological studies. Int J Cancer 2008; 122:1832- 41.
  3.           Xu, M.; Wang, S.; Ren, Z.; Frank, J.A.; Yang, X.H.; Zhang, Z.; Ke, Z.; Shi, X.; Luo, J. Chronic ethanol exposure enhances the aggressiveness of breast cancer: The role of p38γ. Oncotarget 2016, 7, 3489–3505.
  4.           Seitz, H.K.; Pelucchi, C.; Bagnardi, V.; La Vecchia, C. Epidemiology and pathophysiology of alcohol and breast cancer: Update 2012. Alcohol 2012, 47, 204–212.
  5.           Rossi, M.; Jahanzaib Anwar, M.; Usman, A.; Keshavarzian, A.; Bishehsari, F. Colorectal Cancer and Alcohol ConsumptionPopulations to Molecules. Cancers 2018, 10, 38.
  6.           Linhart, K.; Bartsch, H.; Seitz, H.K. The role of reactive oxygen species (ROS) and cytochrome P-450 2E1 in the generation of carcinogenic etheno-DNA adducts. Redox Biol. 2014, 3, 56–62.
  7.           Dumitrescu, R.G.; Shields, P.G. The etiology of alcohol-induced breast cancer. Alcohol 2005, 35, 213–225.
  8.           Cancer Statistics Center. Available online: https://cancerstatisticscenter.cancer.org/#!/cancer-site/Breast.

Autor: Andressa Risselen Viegas Dos Santos

@andressaviegasnutri

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress
Rolar para cima