jarro com própolis dentro e ao lado uma pá com própolis

Você conhece o Própolis Verde?

A própolis é um componente produzido pelas abelhas a partir de resinas coletadas em diferentes partes das plantas como as flores, folhas, cascas e caule de plantas, aos quais as abelhas adicionam suas enzimas salivares, cera e pólen, dando origem ao produto. Tem como característica um aspecto pegajoso e verde mais escura. Utilizada pelas abelhas para montar suas colmeias na vedação, forro, impermeabilização de água ou proteção contra crescimento microbiano e fúngico. Essa substância tem sido muito estudada por apresentar propriedades biológicas aplicáveis na medicina. A sua composição pode variar de acordo com a espécie das plantas, altitude, iluminação, campos de alimentação das abelhas que se desenvolvem ao redor das colmeias onde as abelhas coletam as substâncias necessárias.

Em sua forma bruta, a própolis é composta de resinas (50–60%), cera (30–40%), óleos essenciais (5–10%), pólen (5%) e outras substâncias como as vitaminas e os minerais.

A própolis é utilizada como um agente curador de lesões, sozinha ou misturada a outras substâncias, atua na eliminação de radicais livres, possui atividade antimicrobiana, antiviral, anti-inflamatório, antibacteriano, anestésico, antioxidante, antitumoral, anticâncer, antifúngico, anti-protozoário, anti-hepatotóxico, anti-mutagênico, anti-séptico. Todas essas ações da própolis podem ser explicadas pela variedade dos compostos bioativos encontrados na própolis, incluindo os flavonóides, ácidos fenólicos, terpenos, ácidos aromáticos e outros.

A própolis verde é produzida a partir da planta chamada Baccharis Dracunculifolia, conhecida como alecrim-do-campo, uma planta nativa do cerrado brasileiro, seu componente na saúde está associado a ação antioxidante, fortalecedor do sistema imunológico e poder de eliminar os radicais livres, substâncias que provocam doenças quando não está em equilíbrio no corpo, atuam também inibindo o crescimento de bactérias, fungos e vírus. 

Berretta et al (2020), relata em seu artigo que a própolis tem ação na imunorregulação de citocinas pró-inflamatórias, que está associada ao aumento do risco de desenvolver pneumonia e insuficiência pulmonar e mortalidade em pacientes com COVID-19. Essa imunorregulação com a utilização da própolis atuaria reduzindo o risco provocado pelas tempestades de citocinas, um importante fator de mortalidade na doença COVID-19 avançada. Os componentes da própolis têm efeito inibitório nessas vias de sinalização evitando o agravamento da doença atuando como uma opção terapêutica segura devido aos baixos efeitos colaterais e por ser de fácil administração.

Outro estudo realizado por pesquisadores brasileiros constatou efeito positivo da própolis verde em pacientes com Covid -19 hospitalizados. A introdução da própolis teve efeito benéfico na redução do tempo de internação nos pacientes que se submeteram à intervenção. No câncer, a própolis também tem apresentado aspectos positivos, através de sua eficácia contra vários tipos de câncer como o de bexiga, cérebro, mama, cólon, cabeça, pescoço, rim, fígado, pâncreas, próstata e pele. A própolis pode ajudar a prevenir a progressão do câncer. Darvishi et al (2020) em sua pesquisa dividiu aleatoriamente dois grupos. Uma semana antes da quimioterapia o primeiro grupo recebeu própolis 250 mg / duas vezes ao dia por 3 meses e o segundo grupo recebeu um placebo diariamente. Parâmetros de oxidante sérico, incluindo as atividades de produtos de peroxidação lipídica detectados como malondialdeído (MDA), proteína carbonil (PC), 8-hidroxi-2′-deoxiguanosina (8-OHdG), equilíbrio oxidante-antioxidante sérico Pro (PAB) e certos fatores imunológicos, como fator de necrose tumoral (TNF-a), fator de crescimento transformador (TGF-β), interleucina IL-10, IL-1β e IL-2, MMP2 e MMP9 foram medidos no início e no final da intervenção. Sendo um total de 50 pacientes  incluídos no estudo, sendo que 26  pacientes foram aleatoriamente designados para o grupo própolis e o grupo placebo respectivamente. Os resultados mostraram que os pacientes que receberam placebo tiveram um aumento acentuado nas citocinas pró-inflamatórias e fator de necrose tumoral (TNF), interleucina e proteína carbonila como um biomarcador do estresse oxidativo. Os pacientes do grupo própolis não apresentaram aumento significativo nos marcadores oxidantes e pró-inflamatórios. Através deste estudo puderam observar que o uso do suplemento diário de própolis (250 mg / duas vezes ao dia) que se iniciou uma semana antes da quimioterapia mostrou uma melhora significativa do equilíbrio oxidante e antioxidante em comparação com o valor basal e um aumento não significativo na concentração sérica de proteína carbonil como um biomarcador de estresse oxidativo e pró citocinas inflamatórias do TNF-α e IL-2 em comparação ao grupo placebo, o que pode refletir as propriedades antioxidantes e antiinflamatórias da própolis.

A própolis pode ser encontrada em cápsulas, tintura, balas ou extrato, podendo ser adquirido em farmácias e lojas de produtos naturais. O extrato da própolis pode ser encontrado na forma aquosa ou alcoólica. Sendo que o aquoso é mais indicado para crianças ou para pessoas que apresentam alguma contraindicação a produtos com álcool. A própolis não deve ser indicada para crianças menores de um ano. Diversos estudos têm mostrado benefícios com a utilização da própolis para a saúde.

Referências Bibliográficas

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Darvishi. N et al. Antioxidant and anti-inflammatory effects of oral propolis in patients with breast cancer treated with chemotherapy: a Randomized controlled trial. Journal of Herbal Medicine. v. 23, 2020.

Santos. D. S. Rodrigues. M. M. F. Atividades farmacológicas dos flavonoides: um estudo de revisão. Macapá, v. 7, n. 3, p. 29-35, 2 Almuhayawi. M. S. Propolis as a novel antibacterial agent.  Journal of Biological Sciences. v. 27, p.3079–3086, 2020.

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017.

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Laaroussi. H et al. Effect of antioxidant-rich propolis and bee pollen extracts against D-glucose induced type 2 diabetes in rats. Food Research International. v. 138, 2020.

Texto elaborado por: Roberta Saraiva Giroto Patrício

Nutricionista Mestre em Ciências dos Alimentos pela Universidade de São Paulo

CRN: 21984

Consultora Cientifica para blog Nutrify

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