Própolis Verde: Prioridades e Benefícios | Blog Nutrify

Própolis Verde: Propriedades benéficas e estudos

A própolis verde é bastante conhecida pela sua cor e é produzida pelas abelhas Apis mellifera (abelhas africanas) que utilizam a Baccharis dracunculifolia DC (Asteraceae), uma espécie comum encontrada no cerrado brasileiro, e que nossos avós chamavam de “vassourinha” ou conhecida também como “alecrim do campo”, que servem de alimento e proteção para as colmeias.

Os constituintes típicos da própolis verde brasileira são o ácido cafeoilquínico e derivados prenilados do ácido cinâmico, como artepillina C e bacarina. Vários estudos relataram que a própolis verde possui inúmeras propriedades como: antiulcerogênicas, anti-inflamatórias, antimutagênicas, antifúngicas, imunomoduladoras, angiogênese e propriedades antioxidantes, que serão melhores descritas neste artigo.

Banner superfoods | Blog Nutrify

Atividade imunomoduladora

Os efeitos imunomoduladores de substâncias naturais têm sido considerados como terapias adjuvantes alternativas no tratamento de diversas doenças. No caso da própolis, esse efeito tem sido associado a uma combinação de diferentes constituintes.

Uma das formas de imunomodulação pela própolis ocorre através da ativação de macrófagos. Estas células desempenham um papel fundamental na defesa do organismo, através da fagocitose, geração de radicais livres, mediação de processos inflamatórios e secreção de uma variedade de substâncias bioquimicamente diferentes, como enzimas, citocinas e componentes do sistema complementar.

A ação da própolis sobre os macrófagos resulta no aumento da capacidade fagocítica, estimulação da secreção de citocinas, tais como o fator de necrose tumoral a (TNF-a), e outras substâncias como o óxido nítrico (NO) e espécies reativas do oxigênio.

Atividade antioxidante

A atividade antioxidante da própolis é demonstrada pela maioria dos resultados que comprovaram a redução dos marcadores de estresse oxidativo. Os polifenóis, uma das principais classes de compostos da própolis, possuem uma estrutura química capaz de eliminar efetivamente os radicais livres. Por outro lado, os flavonóides da própolis são poderosos antioxidantes, capazes de eliminar os radicais livres e, desta forma, proteger as membranas celulares contra a peroxidação lipídica.

Atividade antibacteriana e antifúngica

A atividade antibacteriana da própolis é primeiramente sua ação direta sobre os microrganismos e, em segundo lugar, seu efeito de estimulação sobre o sistema imunológico, resultando no aumento das defesas naturais dos organismos. O mecanismo pelo qual a própolis atua sobre as bactérias envolve a diminuição da permeabilidade da membrana celular dos microrganismos, a diminuição do potencial de membrana, a produção de ATP e a diminuição da mobilidade bacteriana.

A própolis apresenta importante atividade antibacteriana e antifúngica, independente de sua origem geográfica; esta propriedade é essencial para a preservação e manutenção da colmeia e deve-se principalmente aos complexos efeitos sinérgicos entre os flavonóides, ácidos fenólicos e seus derivados, presentes principalmente na própolis.

Própolis Verde: Prioridades e Benefícios | Blog Nutrify

Atividade antiviral

A própolis verde possui considerável atividade antiviral por atuar em diferentes níveis e interferir na replicação de alguns vírus, como herpes simplex tipos 1 e 2, adenovírus tipo 2, vírus influenza ou vírus da imunodeficiência humana (HIV).

Por induzir uma resposta imune mais precoce e proporcionar maior período de proteção, a própolis tem sido testada como adjuvante vacinal, principalmente devido ao seu teor de flavonoides.

Atividade anti-inflamatória e efeito de cicatrização de feridas

A inflamação ocorre em resposta à exposição constante a estímulos ambientais e endógenos, bem como a danos acidentais. A cicatrização de feridas é um processo dinâmico e complexo de reparo da pele, que ocorre em resposta a uma lesão.

Em um modelo in vivo de inflamação crônica, também foi demonstrado que o extrato de própolis verde suprime a migração celular sem comprometer a deposição de colágeno. Assim, a própolis verde pode ser usada para controlar a resposta inflamatória.

Por ser rica em Artepillin C, a própolis verde tem um papel na regulação dos inflamassomas (uma grande plataforma molecular formada no citosol celular em resposta a sinais de estresse, toxinas e infecções microbianas).

Própolis Verde: Prioridades e Benefícios | Blog Nutrify

Atividade antitumoral e antiproliferativa

A própolis é utilizada como terapia complementar para o tratamento do câncer. Demonstrou eficácia contra vários tipos, incluindo câncer de bexiga, sangue, cérebro, mama, cólon, cabeça e pescoço, rim, fígado, pâncreas, próstata e pele.

Para a própolis verde brasileira, existem evidências consideráveis ​​de propriedades anticancerígenas.

A literatura inclui informações sobre a atividade antitumoral e antiproliferativa da própolis, especialmente a ação citotóxica da própolis in vitro. Foi demonstrado que a própolis pode ter efeito direto em diferentes células tumorais in vitro, e a administração da própolis a animais ou humanos depende de sua solubilidade e biodisponibilidade sistêmica. Assim, a atividade antitumoral da própolis pode ocorrer principalmente devido à sua ação imunomoduladora, exercendo efeitos quimiopreventivos ou terapêuticos.

Outras atividades associadas à própolis verde

Além das atividades biológicas acima mencionadas, a própolis brasileira verde tem outros efeitos importantes no tratamento de doenças humanas e animais ou na melhora dos sintomas.

O efeito protetor gástrico e a atividade antiúlcera do extrato hidroalcoólico da própolis verde brasileira foi demonstrou reduções significativas no índice de lesão ulcerativa, devido sua atividade anti secretora, reduzindo o volume de suco gástrico, acidez total e pH, sendo assim, incorporada como produto de tratamento gástrico. 

Um estudo comprovou que o uso de extratos aquosos de própolis pode reduzir as crises noturnas de asma, que foram associadas à diminuição de citocinas pró-inflamatórias (TNF – α , IL-6, IL-8) e aumento de IL-10 . Da mesma forma, outro estudo demonstrou que o tratamento com própolis inibe a inflamação pulmonar e diminui os níveis séricos de IgE e IgG1.

Esses efeitos podem ser devidos ao efeito sinérgico e/ou aditivo de vários compostos de própolis verde diminuindo assim a inflamação observada. Os extratos também são capazes de modular a produção de citocinas pró-inflamatórias e anti-inflamatórias, prevenindo a amplificação do processo inflamatório no sítio pulmonar. Assim, a própolis verde e seus compostos podem se tornar uma nova alternativa terapêutica para uso em doenças alérgicas e inflamações no trato respiratório.

Própolis Verde: Prioridades e Benefícios | Blog Nutrify

Conclusões

Os principais estudos apresentados neste artigo concordam com os inúmeros benefícios ofertados pela própolis verde. A complexa composição química da própolis pode ser a resposta para a existência de inúmeras atividades relacionadas a este produto apícola. 

Os compostos fenólicos estão entre os componentes mais proeminentes da própolis, pois são considerados responsáveis ​​pela maior parte de suas propriedades. Isso se deve ao fato de os compostos fenólicos exercerem múltiplos efeitos, como antioxidante, antitumoral, anti-inflamatório, anticancerígeno, entre outros. Além disso, a interação entre eles, em um extrato contendo diferentes concentrações, pode resultar em diferentes efeitos e continuará, portanto, uma importante fonte de novos estudos na área da saúde.

Referências bibliográficas

  •         M. C. Marcucci, J. Rodriguez, F. Ferreres, V. Bankova, R. Groto, and S. Popov, “Chemical composition of Brazilian propolis from Sao Paulo State,” Zeitschrift fur Naturforschung C, vol. 3, no. 1-2, pp. 117–119, 1998.
  •         Y. K. Park, J. F. Paredes-Guzman, C. L. Aguiar, S. M. Alencar, and F. Y. Fujiwara, “Chemical constituents in Baccharis dracunculifolia as the main botanical origin of southeastern Brazilian propolis,” Journal of Agricultural and Food Chemistry, vol. 52, no. 5, pp. 1100–1103, 2004.
  •         M. P. de Barros, J. P. B. Sousa, J. K. Bastos, and S. F. de Andrade, “Effect of Brazilian green propolis on experimental gastric ulcers in rats,” Journal of Ethnopharmacology, vol. 110, no. 3, pp. 567–571, 2007.
  •         C. M. F. Reis, J. C. T. Carvalho, L. R. G. Caputo et al., “Atividade antiinflamatória, antiúlcera gástrica e toxicidade subcrônica do extrato etanólico de própolis,” Revista Brasileira de Farmacognosia, vol. 10, pp. 43–49, 2000.
  •         D. C. Tavares, G. R. Barcelos, L. F. Silva, C. C. Chacon Tonin, and J. K. Bastos, “Propolis-induced genotoxicity and antigenotoxicity in Chinese hamster ovary cells,” Toxicology in Vitro, vol. 20, no. 7, pp. 1154–1158, 2006.
  •         R. Jorge, N. A. J. C. Furtado, J. P. B. Sousa et al., “Brazilian propolis: seasonal variation of the prenylated ρ-coumaric acids and antimicrobial activity,” Pharmaceutical Biology, vol. 46, no. 12, pp. 889–893, 2008.
  •         J. M. Sforcin, A. Fernandes, C. A. M. Lopes, V. Bankova, and S. R. C. Funari, “Seasonal effect on Brazilian propolis antibacterial activity,” Journal of Ethnopharmacology, vol. 73, no. 1-2, pp. 243–249, 2000.View at: 
  •         J. M. Sforcin Jr., A. Fernandes, C. A. M. Lopes, S. R. C. Funari, and V. Bankova, “Seasonal effect of Brazilian propolis on Candida albicans and Candida tropicalis,” Journal of Venomous Animals Toxins, vol. 7, pp. 139–144, 2001.
  •         C. L. Orsatti, F. Missima, A. C. Pagliarone et al., “Propolis immunomodulatory action in vivo on toll-like receptors 2 and 4 expression and on pro-inflammatory cytokines production in mice,” Phytotherapy Research, vol. 24, no. 8, pp. 1141–1146, 2010.
  •         S. A. L. Moura, M. A. N. D. Ferreira, S. P. Andrade, M. L. C. Reis, M. L. Noviello, and D. C. Cara, “Brazilian green propolis inhibits inflammatory angiogenesis in a murine sponge model,” Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, vol. 2011, Article ID 182703, pp. 1–7, 2009.
  •         B. A. Rocha, M. R. Rodrigues, P. C. P. Bueno et al., “Preparation and termal characterization of inclusion complex of Brazilian green propolis and hydroxypropryl-β-cyclodextrin,” Journal of Thermal Analysis and Calorimetry, vol. 108, pp. 87–94, 2012.
  •         V. S. Bankova, S. L. de Castro, and M. C. Marcucci, “Propolis: recent advances in chemistry and plant origin,” Apidologie, vol. 31, no. 1, pp. 3–15, 2000.
  •         G. Hegazi, F. K. A. E. Hady, and F. A. M. A. Allah, “Chemical composition and antimicrobial activity of European propolis,” Zeitschriftfur Naturforschun, vol. 55, pp. 70–75, 2000.
  •         M. Shimazawa, S. Chikamatsu, N. Morimoto, S. Mishima, H. Nagai, and H. Hara, “Neuroprotection by Brazilian green propolis against in vitro and in vivo ischemic neuronal damage,” Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, vol. 2, no. 2, pp. 201–207, 2005.
  •         H. Banskota, Y. Tezuka, and S. Kadota, “Recent progress in pharmacological research of propolis,” Phytotherapy Research, vol. 15, no. 7, pp. 561–571, 2001.
  •         N. Orsolic and I. Basic, “Immunomodulation by water-soluble derivative of propolis: a factor of antitumor reactivity,” Journal of Ethnopharmacology, vol. 84, pp. 265–273, 2003.
  •         G. Fischer, S. O. Hübner, G. D. Vargas, and T. Vidor, “Imunomodulação pela própolis,” Arquivos do Instituto Biológico, vol. 75, no. 2, pp. 247–253, 2008. F. Missima and J. M. Sforcin, “Green Brazilian propolis action on macrophages and lymphoid organs of chronically stressed mice,” Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, vol. 5, no. 1, pp. 71–75, 2008.
  •         S. A. L. Moura, G. Negri, A. Salatino, L. D. C. Lima, L. P. A. Dourado, J. B. Mendes et al., “Aqueous extract Brazilian propolis: primary components, evaluation of inflammation and wound healing by using subcutaneous implanted sponges,” Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, vol. 18, pp. 1–9, 2009.
  •         de Figueiredo SM, Nogueira-Machado JA, Almeida Bde M, Abreu SR, de Abreu JA, Filho SA, Binda NS, Caligiorne RB. Immunomodulatory properties of green propolis. Recent Pat Endocr Metab Immune Drug Discov. 2014;8(2):85-94. doi: 10.2174/1872214808666140619115319. PMID: 24948024.
  •         Magnavacca A, Sangiovanni E, Racagni G, Dell’Agli M. The antiviral and immunomodulatory activities of propolis: An update and future perspectives for respiratory diseases. Med Res Rev. 2022 Mar;42(2):897-945. doi: 10.1002/med.21866. Epub 2021 Nov 2. PMID: 34725836.
  •         Khalil ML. Biological activity of bee propolis in health and disease. Asian Pac J Cancer Prev. 2006 Jan-Mar;7(1):22-31. PMID: 16629510.
  •         Joleen Lopes Machado, Anne Karine Martins Assunção, Mayara Cristina Pinto da Silva, Aramys Silva dos Reis, Graciomar Conceição Costa, Diêgo de Sousa Arruda, Bruno Alves Rocha, Mirela Mara de Oliveira Lima Leite Vaz, Antonio Marcus de Andrade Paes, Rosane Nassar Meireles Guerra, Andresa Aparecida Berretta, Flávia Raquel Fernandes do Nascimento, “Brazilian Green Propolis: Anti-Inflammatory Property by an Immunomodulatory Activity”, Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, vol. 2012, ArticleID 157652, 10 pages, 2012. https://doi.org/10.1155/2012/157652

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress
Rolar para cima