A vitamina D é considerada um importante pré-hormônio, e é produzida em nosso organismo através da pele quando esta é exposta à radiação dos raios solares ultravioleta (UVB), podemos também obter vitamina D através da ingestão de alimentos fonte dessa vitamina. Atualmente estima-se que pela rotina do dia a dia, hábitos alimentares e estilo de vida, podemos não alcançar a quantidade mínima necessária de vitamina D, portanto se faz tão importante que a sua concentração no sangue esteja em níveis adequados para o equilíbrio e a manutenção da saúde.
Para que serve a vitamina D?
A vitamina D participa de diversos processos metabólicos, e a sua principal função é na regulação da concentração e absorção do cálcio e do fósforo pelo nosso organismo, atuando desta forma na prevenção e combate a várias doenças. Ela desempenha importantes funções no organismo tais como:
Prevenção de diabetes
Níveis baixos de vitamina D podem comprometer a função das células beta no pâncreas, que é o órgão responsável pela produção e liberação de insulina, e por regular os níveis de glicose no sangue.
Fortalecimento do sistema imunológico
Atuando na regulação do sistema imunológico, ajudando a aumentar as defesas do organismo no combate a doenças e infecções.
Fortalecimento dos dentes e ossos
Aumenta a absorção de cálcio e fósforo, minerais essenciais para a construção e manutenção da saúde óssea.
Melhora da saúde cardiovascular
Ajudando no controle da função cardíaca e da pressão arterial através da regulação do crescimento das células musculares lisas contráteis presentes no coração.
Melhora o fortalecimento muscular
A vitamina D favorece o aumento da força muscular preservando as fibras musculares, ajudando a prevenir as quedas e fraturas especialmente em idosos.
Diminuição da inflamações no organismo
Auxilia na prevenção do desenvolvimento de doenças autoimunes, como artrite reumatoide, doenças inflamatórias intestinais, tireoidite de hashimoto e psoríase.
Liberação de insulina pelo pâncreas
A deficiência de vitamina D pode levar à diminuição da secreção de insulina pelo pâncreas, pois a vitamina D estimula a entrada de cálcio para o interior das células, aumentando, assim a resposta insulínica ao estímulo da glicose, diminuindo desta forma a resistência à ação da insulina.
Qual é a diferença entre as vitaminas D2 e D3?
Podemos encontrar a vitamina D em duas diferentes formas, a vitamina D2 (ergocalciferol) que é produzida pelas plantas e pode ser encontrada em vegetais e fungos, como cogumelos e leveduras, e a vitamina D3 (colecalciferol) que é produzida no corpo humano através da exposição solar, e pode ser encontrada também em alimentos de origem animal como gema de ovo, leite e seus derivados
Principais fontes de vitamina D
Estima-se que de 80% a 90% da vitamina D do nosso corpo seja adquirida através da pele mediada pela exposição aos raios solares, portanto a importância de tomar sol diariamente.
Muito se falava que para obter a vitamina D através do sol, nós deveríamos tomar sol sem o protetor solar por alguns minutos para a melhor absorção da Vitamina D, porém um estudo recente da Sociedade Brasileira de Dermatologia apontou que a utilização do protetor solar + exposição leve ao sol não afeta a capacidade de absorção de Vitamina D através da pele.
A indicação dos melhores horários para tomar sol é antes das 10 h ou após as 16 h, sempre com auxílio do protetor solar, o intervalo para pessoas de pele clara é de 15 a 20 minutos, e para pessoas com pele negra, o indicado é de 30 a 40 minutos, isso porque a pele negra tem maior incidência de melanina, dificultando a absorção dos raios solares.
Além da exposição solar, podemos obter a vitamina D através da ingestão dos alimentos como o óleo de bacalhau, salmão, atum, cavala, sardinha, cogumelos, gema de ovo, fígado, manteiga, leite e seus derivados.
Qual é a quantidade diária recomendada de vitamina D?
A recomendação de ingestão diária varia de acordo com a idade e estágio de vida, para a população em geral de 1 até 70 anos a recomendação é de 15 mcg, para adultos acima dos 70 anos a recomendação é de 20 mcg.
Para crianças de 0 a 12 meses a recomendação é de 10 mcg e para gestantes e lactação (amamentação) a recomendação é de 15 mcg.
Como medir a quantidade de vitamina D?
Podemos medir através de um exame de sangue chamado 25 OH D, este exame avalia os níveis séricos da vitamina D existentes em nosso organismo que podem ser provenientes da exposição solar e/ou alimentação e suplementação. É importante a realização deste exame para saber se há deficiência ou excesso da vitamina D.
Segundo a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, são considerados níveis normais valores superiores a 20 ng/mL para os indivíduos saudáveis abaixo dos 60 anos, e para indivíduos acima de 60 anos e grupos de risco como idosos, gestantes e pessoas com comorbidades entre 30 e 60 ng/mL.
Valores entre 10 e 20 ng/mL são considerados inadequados com maior probabilidade de perda de massa óssea, aumentando os riscos de osteoporose e fraturas e valores menores que 10 ng/mL há risco de desenvolvimento de doenças como o raquitismo e Osteomalácia.
Valores acima de 100 ng/mL podem ocorrer devido a superdosagens de suplementos e/ou medicamentos, são considerados elevados apresenta risco de toxicidade e hipercalcemia (quantidade de cálcio no sangue maior do que o normal).
O que acontece em caso de deficiência de vitamina D?
A deficiência de vitamina D pode provocar fadiga, fraqueza e dor muscular em crianças e em adultos, em situações de deficiência prolongada de vitamina D, podem acarretar algumas doenças ósseas, por mineralização deficiente ou inadequada, como o raquitismo, uma condição que acomete principalmente as crianças que é o amolecimento e enfraquecimento dos ossos recém-formados causando deformidades no músculo esquelético e má formação dos dentes, e a osteomalácia em adultos que são o amolecimento dos ossos, com dor óssea generalizada e deformidades.
Diversas condições clínicas e de hábito e estilo de vidas interferem nos níveis de vitamina D, como por exemplo a obesidade, dietas restritivas, cirurgia bariátrica, doenças renais e hepáticas, sedentarismo, idosos, diabetes entre outras.
Sintomas de excesso de vitamina D
Os sintomas associados ao excesso de vitamina D são anorexia, perda de peso, sonolência, cefaleia, náuseas, distúrbios gastrointestinais, arritmia cardíaca, calcificação dos vasos sanguíneos e tecidos.
Como fazer suplementação de vitamina D?
Os suplementos de vitamina D podem ser usados quando os níveis da vitamina D no sangue estão abaixo dos níveis normais, através de cápsulas ou comprimidos de vitamina D3 (colecalciferol).
Conclusão
As fontes alimentares em geral não conseguem suprir as necessidades diárias de vitamina D, associado ao hábito da não exposição a raios solares diariamente configuram um dos distúrbios nutricionais mais prevalentes em todo o mundo, estima-se que metade da população global apresenta algum nível de insuficiência ou deficiência de vitamina D, portanto, é importante a alimentação saudável e balanceada com alimentos fonte de vitamina D, associados a atividade física em áreas livres, para a manutenção e promoção da saúde e prevenção de doenças.
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