O papel do Zinco na queda de cabelo | Blog Nutrify

O papel do Zinco na queda de cabelo

A queda de cabelo é uma desordem estética que acomete boa parte das mulheres e também dos homens em idade adulta. Podendo ter diferentes etiologias e nomenclaturas referentes à estas. Atualmente a queda de cabelo é descrita dentro de 8 subtipos, sendo eles: alopecia androgenética; eflúvio telógeno; alopécia areata; alopécia cicatricial; alopecia cicatricial central; queda de cabelo no pós parto; menopausa e por estress 1;2

Embora agrupada em diferentes subtipos, têm sido alvo de investigação pontos comuns nutricionais entre elas, um destes pontos é a relação do zinco e sua possível interferência nos processos de crescimento capilar. O assunto tem sido alvo de interesse progressivo há muitas décadas com estudos datados desde 198110.

O zinco é um oligoelemento essencial, ou seja ele é um elemento considerado “traço” e nosso corpo não o produz, de modo que deve ser ingerido através da alimentação e da suplementação10. Desempenha importante papel no metabolismo celular pois atua no controle enzimático, participa da síntese proteica e também do transporte de gorduras. Na pele, o zinco possui uma ação de manutenção da integridade das células epiteliais chamadas queratinócitos, que estão presentes também nas unhas e nos cabelos. Está também envolvido na síntese de colágeno, cujos níveis adequados são fundamentais para a manutenção da integridade e elasticidade dos fios de cabelo e da pele7;8;9;10.

As principais fontes alimentares de zinco são peixes e carnes. A deficiência é mais comum em indivíduos que consomem mais grãos em detrimento a outros alimentos, devido ao fato que nos grãos existe a presença dos fitatos, fator antinutricional considerado um quelante do zinco (ou seja, os fitatos se ligam ao zinco impedindo sua absorção)10.

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Baixos níveis do mineral podem interferir diretamente nas atividades enzimáticas das quais ele participa, prejudicando o metabolismo dos tecidos, incluindo pele, cabelo e unha, uma vez que esta deficiência acarretará em uma resposta direta de enfraquecimento destas estruturas. O zinco também age como um potente inibidor da regressão do folículo piloso e acelera a recuperação do mesmo6;7;8.

Além do mais, inibe a ação da enzima 5-alfa redutase7;8,  de modo que se pode considerar sua participação positiva no manejo da alopécia androgenética que será discutida adiante.

Um dos padrões de quedas mais estudados atualmente é a Alopecia androgenética, uma queda de cabelo masculina de padrão progressivo. De acordo com os dados que se tem, até o presente momento 30% dos homens apresentarão essa condição até os 30 anos4. Embora exista um padrão genético associado à origem desta condição, se pode considerar a deficiência de alguns micronutrientes, incluindo de maneira bastante relevante, o zinco8.

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Um estudo realizado na Rússia com 48 homens de idade entre 18 e 50 anos no estágio inicial da alopecia utilizando caso controle e intervenção tópica além suplementação com oligoelementos, encontrou uma associação positiva entre a suplementação de zinco  e resposta positiva à terapia conservadora, o mesmo autor ainda observa que em trabalhos utilizados como embasamento de sua pesquisa, foram encontrados dados onde a condição capilar denominada eflúvio telógeno, apontava nos portadores níveis séricos mais baixos de zinco4.

Devido à intrínseca relação do zinco com a síntese da enzima superóxido dismutase (enzima antioxidante), alguns autores sugerem que o desequilíbrio entre os níveis de cobre e zinco geram uma irregularidade nessa enzima e consequente alteração na atividade antioxidante, fator que pode estar envolvido na gênese da alopécia e também do eflúvio telógeno9. A maioria dos estudos até o presente momento, revela níveis de zinco sérico deficientes em pacientes com alopecia em estágios avançados9.

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Em 2012 na Universidade do Japão, um ensaio clínico realizado com indivíduos já apresentando queda capilar com comprovada deficiência de níveis séricos de zinco, obteve em sua amostra 100% de resultados na intervenção com suplementação de zinco reduzindo a queda. Este resultado é bastante notório, uma vez que a obtenção de total efetividade em uma intervenção é um evento um tanto quanto raro5.

Alguns outros estudos reforçam essa hipótese, o autor Cheueng em sua amostra de 115 participantes já com quedas acentuadas e crônicas, encontrou valores deficientes de zinco em 9.6% dos participantes3.

Embora seja uma discussão de amplo interesse no meio da dermatologia e já em voga a algumas décadas, os dados ainda não são homogêneos a ponto de que se possa estabelecer dosagens suplementares efetivas em cada subtipo de queda de cabelo, de modo que ainda são necessários mais estudos a fim de que se haja robustez de dados para padronização de dosagem e protocolos.

Existem evidências bastante interessantes como foi brevemente discutido anteriormente, de modo que a partir delas é possível a construção um raciocínio clínico individualizado para a suplementação do mineral, é importante avaliar a causa da queda, níveis séricos do mineral e condições intestinais para absorção da suplementação. É importante ressaltar a necessidade da avaliação periódica dos indivíduos suplementados e suas necessidades individuais.

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Referências Bibliográficas:

  1. Abdel Fattah, Nermeen S A et al. “Evaluation of serum zinc level in patients with newly diagnosed and resistant alopecia areata.” International journal of dermatology vol. 55,1 (2016): 24-9. doi:10.1111/ijd.1276
  2. Betsy A, Binitha M, Sarita S. Zinc deficiency associated with hypothyroidism: an overlooked cause of severe alopecia. Int J Trichology. 2013 Jan;5(1):40-2. doi: 10.4103/0974-7753.114714. PMID: 23960398; PMCID: PMC3746228
  3. Cheung EJ, Sink JR, English Iii JC. Vitamin and mineral deficiencies in patients with Telogen Effluvium: a retrospective cross-sectional study. J Drugs Dermatol. 2016;15(10):1235–123
  1. Irina N. Kondrakhina et al. Plasma Zinc Levels in Males with Androgenetic Alopecia as Possible Predictors of the Subsequent Conservative Therapy’s Effectiveness.Diagnostics 2020, 10, 336; doi:10.3390/diagnostics10050336
  2. Karashima T, et al. Oral Zinc therapy for zinc deficiency-related telogen effluvium. Dermatol Ther. 2012; 25(2):210-213.   
  3. Min Seong Kil,et al.Analysis of Serum Zinc and Copper Concentrations in Hair Loss.Ann Dermatol Vol. 25, No. 4, 2013http://dx.doi.org/10.5021/ad.2013.25.4.405
  4. Rahman, F., & Akhter, Q. S. (2019). Serum zinc and copper levels in alopecia. Journal of Bangladesh Society of Physiologist, 14(1), 21–25. https://doi.org/10.3329/jbsp.v14i1.41997
  5. Rushton, D. Hugh. “Nutritional factors and hair loss.” Clinical and experimental dermatology 27.5 (2002): 396-404.
  6. Thompson, Jordan M et al. “The Role of Micronutrients in Alopecia Areata: A Review.” American journal of clinical dermatology vol. 18,5 (2017): 663-679. doi:10.1007/s40257-017-0285-x
  7. Trüeb, Ralph M et al. “Scalp Condition Impacts Hair Growth and Retention via Oxidative Stress.” International journal of trichology vol. 10,6 (2018): 262-270. doi:10.4103/ijt.ijt_57_18

Suellen Bueno

@suellenbueno_nutri

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