Difícil não falar deles quando o assunto é alimentação saudável e sustentável, mas embora possam andar juntos, orgânicos e agroecológicos não são a mesma coisa. Saiba mais.
A busca por uma alimentação mais consciente vem ganhando adeptos de forma crescente, especialmente entre as gerações mais jovens. Não apenas no que diz respeito aos aspectos nutricionais (comida de verdade, menos ultraprocessados), mas também aos aspectos ambientais e sociais (fontes sustentáveis, produção ética). Nesse cenário, alimentos orgânicos e alimentos de origem agroecológica são referência.
Embora carreguem muitas semelhanças, eles não são a mesma coisa. A confusão é comum, por isso achamos bacana mostrar o que eles têm em comum e o que caracteriza cada um de forma especial, seus benefícios e eventuais desvantagens. Vamos lá?
Orgânicos x Agroecológicos: para começar a entender
Vale começarmos pelas principais características de cada um:
Produtos Orgânicos
- Resultam do cultivo baseado em processos naturais, sem utilização de agrotóxicos e insumos sintéticos.
- O sistema orgânico nem sempre contempla a diversidade de culturas, princípio-chave da agroecologia. Isso significa que uma propriedade rural pode produzir um único alimento orgânico (monocultura).
- Alimentos orgânicos podem ser mais saudáveis do que aqueles produzidos na agricultura convencional, justamente por serem livres de substâncias químicas potencialmente tóxicas.
Produto Agroecológico
- A agroecologia é uma ciência e também um movimento social. Tem dimensão tecnológica, política e econômica.
- Além de não usar agrotóxicos, o sistema agroecológico realiza manejo sustentável da terra, valoriza sementes tradicionais e cultiva alimentos em harmonia com a natureza e a cultura de cada região.
- Não há monocultura na agroecologia. A diversidade de sementes, ambientes e práticas é característica fundamental desse sistema.
Menos agrotóxicos, mais saúde: lema comum à produção orgânica e agroecológica.
O grande ponto comum entre os dois sistemas é o uso de defensivos e insumos naturais. Segundo dados do Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva cada brasileiro ingere 7 litros de agrotóxicos por ano. Essas substâncias podem causar diversos males à saúde humana, além de serem poluentes para a água e o solo.
Já sabemos o que a produção orgânica e a agroecológica têm em comum, agora vamos conhecer um pouco mais a fundo as características, vantagens e desvantagens de ambas.
Por dentro dos orgânicos.
O consumo de alimentos orgânicos tem crescido entre os brasileiros, e a principal motivação é a busca por uma alimentação saudável, com sabor natural e menor impacto ambiental. A produção deve seguir algumas normas específicas, por exemplo, a mão de obra deve ser manual.
Nos pontos de venda, produtos orgânicos in natura devem estar claramente identificados, para evitar que se misturem aos não-orgânicos. Devem ter o selo Orgânico Brasil na embalagem e, se forem vendidos a granel, a informação deve estar em cartazes legíveis. O selo é concedido pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica – SISORG, órgão responsável por credenciar e fiscalizar tais produtos.
Produtos processados também podem ter o selo, desde que contenham, no mínimo, 95% de ingredientes orgânicos, devidamente identificados no rótulo. Os 5% de ingredientes restantes não podem estar entre aqueles proibidos pelas regras da produção orgânica, como transgênicos, por exemplo.
Principais vantagens dos orgânicos:
- Qualidade nutritiva – Alimentos frescos orgânicos possuem menor teor de água em sua composição, quando comparados com os alimentos convencionais (20%). Isso significa que os nutrientes estão mais concentrados. As vitaminas também são encontradas em maiores níveis: tomates orgânicos contêm 23% mais vitamina A do que os convencionais.
- Menor contaminação do solo e da água – Por não usar agrotóxicos, a produção orgânica evita a contaminação do solo e da água por essas substâncias, gerando menor impacto ambiental.
O que pode melhorar?
- Alimentos orgânicos ainda tendem a ter um custo mais elevado, o que pode torná-los inacessíveis a uma grande parcela da população. Isso se deve, entre outros fatores, a menor escala de produção e seu ritmo mais lento, já que o ciclo de crescimento não é estimulado por agentes externos (tempo da natureza).
- Obter a certificação de orgânico envolve alguns processos burocráticos e custos que podem ser limitantes para pequenos agricultores. Isso pode fazer com que tenham dificuldade de escoar sua produção como orgânica, mesmo que ela, na prática, seja.
Conhecendo melhor os agroecológicos
A agroecologia está ligada a uma filosofia de respeito não apenas ao meio ambiente, mas também entre os seres humanos. Assim, a produção agroecológica tem como objetivos reduzir o impacto ambiental negativo, regenerar ecossistemas degradados e promover maior igualdade social.
Principais vantagens de alimentos de origem agroecológica
- São livres de agrotóxicos.
- Têm origem em agricultura familiar e não ostensiva.
- Sua produção conserva a amplia a biodiversidade dos Usa espécies ou variedades de plantas adaptadas às condições do solo e do clima de cada região.
- A agroecologia diversifica as atividades econômicas das propriedades e favorece a autogestão das comunidades produtoras.
- Ao promover a valorização dos alimentos nativos de cada região, favorece a competitividade econômica do país produtor, que não se limita à exportação de commodities. A diversidade biológica causa impacto social, econômico e ambiental positivos.
- Fortalece a soberania e a segurança alimentar (disponibilidade, acesso e qualidade nutricional dos alimentos), já que, enquanto alguma variedade de alimento estiver em risco, outras podem se manter resistentes e sobreviver.
O que pode melhorar?
- Muitas pessoas acabam não conseguindo acessar alimentos de origem agroecológica justamente por desconhecimento ou pela dificuldade que os produtores têm de comercializar seus produtos em grandes centros urbanos, por exemplo.
- Para fazer a transição da produção convencional para a agroecológica, muitos agricultores carecem de apoio ou incentivos, e planos governamentais nesse sentido ainda são insuficientes.
Todos juntos por uma agricultura mais saudável
A expansão do consumo de orgânicos e agroecológicos depende de uma série de fatores, como informação e acesso. No entanto, quem já tem consciência a respeito de seus benefícios, pode e deve incentivá-la. Não apenas pelo consumo individual (quando possível), mas também pelo apoio aos movimentos da sociedade civil que pressionam governos a criarem planos de desenvolvimento de uma agricultura ambiental e socialmente sustentável.
Ah, compartilhando informação sobre o tema com seu círculo familiar ou de amigos você também pode fazer diferença!
Onde encontrar alimentos orgânicos e agroecológicos perto de você?
Se você gostaria de levar alimentos orgânicos e agroecológicos para sua mesa, mas não sabe onde encontrá-los, essas duas ferramentas on-line podem ajudar:
Referências:
https://sitioaborigene.com.br/organicoeagroecologico/
https://agroecologia.org.br/2013/02/05/nutricionista-analisa-a-producao-organica-no-brasil/
https://www.ecycle.com.br/alimentos-organicos/
https://www.sitiopema.com.br/diferenca-alimento-organico-agroecologico/
https://www.consumidormoderno.com.br/2019/11/04/geracoes-relacionam-comida/