Efeitos da ingestão de Ômega 3 na Fertilidade Masculina
A organização mundial da Saúde (OMS) reconhece a infertilidade como um problema de saúde global e de acordo com a última estatística, 50-80 milhões de pessoas no mundo sofrem com o distúrbio. É caracterizada como uma doença do sistema reprodutor definida pela incapacidade de engravidar após 12 meses ou mais de tentativas regulares sem proteção. Os fatores masculinos são responsáveis por aproximadamente 20-30% da infertilidade em todos os casos. O diagnóstico de infertilidade em homens é baseado principalmente na análise do sêmen.
A partir de resultados de meta-análise de estudos observacionais, foi considerado que a ingestão de uma dieta saudável está associada à melhora da qualidade do sêmen e a taxa de fecundidade. Homens com baixa aderência à dieta do mediterrâneo, por exemplo, possuíram 2,6 chances a mais de apresentar números anormais para: concentração de sêmen, contagem total e motilidade de espermatozoides quando comparados aos que aderiram a dieta.
Nesse sentido, muitos estudos suportam a hipótese que nutrientes podem afetar a qualidade do sêmen. Evidências apontam que homens com alto consumo de gordura saturada apresentaram diminuição na contagem e concentração de espermatozoides, 41% e 38% respectivamente, quando comparados a homens com baixa ingestão de gordura saturada. Em adição, a concentração de espermatozoides com morfologia normal entre homens foi menor quando a dieta continha alta porcentagem de energia proveniente de gordura monoinsaturada.
Em contrapartida, o consumo de ácidos graxos ômega 3, ácidos graxos poli-insaturados (EPA – eicosapentaenoico e DHA – docosahexaenoico), foi associado ao maior volume de sêmen. Além disso, a maior ingestão de ácidos graxos ômega-3 apresentou correlação positiva com a melhor morfologia dos espermatozoides. Em outra estudo, a suplementação dietética de ômega-3 por 32 semanas aumentou a contagem total, concentração e a porcentagem dos espermatozoides com morfologia regular. Corroborando com esses dados, nozes adicionadas a uma dieta de estilo ocidental foi eficaz em melhorar a motilidade e morfologia do esperma. Uma meta-análise recente indicou que a suplementação de ômega 3 em homens inférteis melhorou a motilidade dos espermatozoides e a concentração de DHA no plasma seminal.
O mecanismo pelo qual o ômega-3 afeta os espermatozoides ainda não foi elucidado. Os lipídios espermáticos têm funções diferentes e importantes na maturação e fisiologia do esperma. A composição de ácidos graxos da membrana plasmática dos espermatozoides é altamente específica, a membrana contém concentração elevada de ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs), incluindo EPA e DHA. Estudos sugerem que espécies reativas de oxigênio poderiam levar à oxidação desses lipídios. É conhecido que altos níveis de PUFAs são necessários para manter a fluidez da membrana dos espermatozoides e, assim, a sua capacidade de fertilização.
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