Ômega 3 e Endometriose | Blog Nutrify

Ômega 3 e Endometriose

A endometriose é um distúrbio ginecológico muito relatado em mulheres em idade reprodutiva, constando cerca de 10% dessa população. Em 25 a 40% das mulheres com infertilidade possuem endometriose e 40 a 87% das mulheres com dor pélvica crônica têm endometriose4, condição caracterizada pela presença de glândulas endometriais e estroma fora do útero com a existência de sintomas como dor abdominal e pélvica crônica, dismenorreia, dispareunia, sangramento uterino anormal e infertilidade1.

A fisiopatologia da endometriose e os mecanismos responsáveis por suas sequelas, ou seja, infertilidade e dor pélvica, não são tão bem compreendidos. Entretanto, a endometriose possui como hipótese mais provável o fato das células endometriais serem transportadas da cavidade uterina durante a menstruação e subsequentemente se implantam em locais ectópicos. Fluxo retrógrado do tecido menstrual pelas tubas uterinas é comum e pode transportar células endometriais viáveis para as cavidades pélvica e abdominal; o sistema linfático ou circulatório pode transportar as células endometriais viáveis para locais distantes5.

Tendo em vista o impacto na qualidade de vida das mulheres que possuem essa doença e até mesmo redução dos sintomas, o ômega 3 passou a ser um nutriente muito estudado, tanto em suas fontes alimentares, e até em sua forma de suplemento alimentar. Dentre as fontes alimentares estão os peixes como sardinha, salmão, arenque, cavala e atum e em óleos de linhaça, canola e algumas sementes2.

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Efeito da suplementação do ômega 3 com endometriose

Geralmente, a população ocidental em geral possui dificuldade em consumir a quantidade adequada de ômega-3 das fontes dietéticas, em muitos casos, a suplementação nutricional é recomendada. Com o intuito de proporcionar a melhora de qualidade de vida e de todo o cenário patológico da doença, diversas pesquisas recentes têm demonstrado uma relação entre os aspectos nutricionais e a endometriose. Dessa forma, o ômega-3 tornou-se um dos nutrientes mais estudados nesse contexto.

 A fim de avaliar melhora clínica e estatisticamente significativa na dor e na qualidade de vida de meninas adolescentes com endometriose, além da redução da frequência de uso de analgésicos, Nodler e seus colaboradores (2020)3 realizaram a suplementação com óleo de peixe que resultou em cerca de metade da redução da dor através da escala analógica visual.  

Missmer et al. (2010)6 avaliou a ingestão total de gordura associada à endometriose, demonstrando risco aumentado de desenvolvimento da doença entre mulheres que ingerem gordura animal. Além disso, mulheres com maior consumo de ácidos graxos ômega-3 tiveram menor probabilidade de receberem diagnóstico com endometriose, enquanto mulheres com maior consumo de gorduras trans tiveram mais chances de serem diagnosticada com a doença.

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Além disso, um dos principais sintomas associados ao quadro clínico da endometriose é a infertilidade, cenário que também pode obter benefícios com a suplementação de ômega 3. A vida reprodutiva das fêmeas é refletida através dos níveis de FSH (hormônio folículo-estimulante), dessa forma, este hormônio com níveis mais altos sugere um encurtamento do tempo de fertilidade7.

De acordo com Salfi e seus colaboradores (2016)7, houve a redução dos níveis séricos de FSH através da administração dietética com PUFA ômega-3 após 1 mês de suplementação, proporcionando retardo do envelhecimento ovariano. Entretanto, em mulheres obesas (IMC maior que 30) não houve resultados consistentes.

Tendo em vista que a endometriose é um quadro inflamatório, as estratégias nutricionais devem ser pautadas em corroborar para a redução da inflamação das pacientes com esse quadro, como no caso do uso de ômega 3.

Considerações finais

A alimentação rica em alimentos como sardinha, azeite, amêndoas, nozes, linhaça, peixes, entre outros alimentos, garante um aporte de ômega 3. Dessa forma, além do consumo adequado dos alimentos citados anteriormente, pode-se concluir que a utilização do ômega 3 em forma de suplemento como estratégia de redução da inflamação causada pela doença é eficiente.

 

Referências bibliográficas

  1.   Porpora MG, Brunelli R, Costa G, et al. A promise in the treatment of endometriosis: an observational cohort study on ovarian endometrioma reduction by N-acetylcysteine. Evid Based Complement Alternat Med. 2013;240702.
  2.   Mazur CE, Verdi AMOH, Ramos ER, Ogliari R, Escobar SJ de M. Compostos Bioativos e Saúde da Mulher: Revisão de Literatura. Compostos bioativos e suas aplicações, 2021.
  3.   Nodler JL, DiVasta AD, Vitonis AF, et al. Suplementação com vitamina D ou ácidos graxos ω-3 em meninas adolescentes e mulheres jovens com endometriose (SAGE): um estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo. Am J Clin Nutr . 2020;112(1):229-236.
  4.   Santanam N, Kavtaradze N, Murphy A, Dominguez C, Parthasarathy S. A suplementação antioxidante reduz a dor pélvica relacionada à endometriose em humanos. Transl Res . 2013;161(3):189-195.
  5.   Manual MSD, James H. Liu. Endometriose, 2022.
  6.   MISSMER, S. A. et al. A prospective study of dietary fat consumption and endometriosis risk. Human Reproduction, v. 25, n. 6, p. 1528–1535, 2010.
  7.   Al-Safi ZA, Liu H, Carlson NE, et al. Omega-3 Fatty Acid Supplementation Lowers Serum FSH in Normal Weight But Not Obese Women. J Clin Endocrinol Metab. 2016;101(1):324-333.

Gabriela Motta

@nutrigabrielamotta

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