Nutrientes e ativos para a saúde feminina | Blog Nutrify

Nutrientes e ativos para a saúde feminina

Desde a infância ao envelhecimento, a nutrição exerce um papel primordial na saúde da mulher, atuando em alterações metabólicas, na reprodução, menopausa, estética, prevenção de inúmeras doenças e também em algumas complicações de procedimentos como cirurgia bariátrica, a qual faz com que mulheres fiquem mais sujeitas a carências nutricionais (1).

A mulher possui atributos muito individuais, o que lhe viabiliza executar algumas funções que são de sua característica, mas também a aptidão para manifestar comorbidades particulares de sua condição e ciclo de vida, como síndrome do ovário policístico, endometriose, candidíase, tensão pré-menstrual, infertilidade, menopausa, osteoporose entre outras, impactando diretamente na sua qualidade de vida (2).

Atualmente, nos deparamos com um contrassenso nutricional. Apesar de nos depararmos com uma imensa oferta de alimentos, é notável que em sua maioria são alimentos de baixa qualidade nutricional, o que ocasiona, em médio e longo prazo, carências nutricionais (3).

Sendo assim, a fim de trazer uma solução para estes quadros clínicos, a nutrição vem sendo utilizada como um instrumento terapêutico de extrema importância e a incorporação de alimentos e suplementos fontes de compostos bioativos na rotina alimentar da mulher torna-se uma ótima estratégia para auxiliar no tratamento das doenças geralmente manifestadas por ela (2).

Nutrientes e ativos importantes

Vitamina A

A vitamina A é um mineral primordial para a manutenção da pele. Tendo em vista sua ação antioxidante, é capaz de eliminar os radicais livres, reduzir a exposição aos raios ultravioleta e reduzir a degradação do colágeno, diminuindo o aspecto áspero da pele.

Alguns estudos destacaram que a suplementação com vitamina A auxiliou na melhora do quadro da acne, e outros trouxeram evidências de que pacientes com quadro de acne severa podem apresentar níveis séricos reduzidos desta vitamina.

Além de se destacar pela sua atuação na pele, atua também na saúde dos fios de cabelo, sendo que tanto a sua deficiência quanto seu excesso influenciam diretamente o crescimento capilar (1).

Os caratenoides, pigmentos de cor amarelada que têm como seu principal constituinte o beta-caroteno, são fontes de vitamina A e são encontrados em alimentos como cenoura ou abóbora (4).

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Vitamina B12

A vitamina B12, também conhecida como cobalamina, é um micronutriente essencial para a saúde humana, tendo em vista que participa de inúmeras atividades enzimáticas e, sendo assim, torna-se um elemento primordial para a síntese de DNA.

A cobalamina é sintetizada exclusivamente por microrganismos e, por esta razão, é encontrada somente em alimentos fermentados ou contaminados por bactérias ou em animais que a acumularam em seus tecidos através da microbiota intestinal por meio da alimentação. Por esta razão, os alimentos de origem animal são considerados boas fontes de vitamina B12. Já os de origem vegetal, por sua vez, possuem quantidades insuficientes. Sendo assim, caso o consumo de alimentos de origem animal seja escasso, é necessário que seja feita a suplementação ou consumo de alimentos enriquecidos com este micronutriente (5).

A deficiência de vitamina B12 pode resultar em transtornos neurológicos, neuronais, hematológicos e cardiovasculares, o que faz com que o diagnóstico precoce de sua deficiência seja de extrema importância para se evitar danos patológicos irreversíveis(6).

A deficiência de vitamina B9, ácido fólico e de B12 causam a anemia megaloblástica, um tipo de anemia macrocítica. Quando em falta, estas vitaminas prejudicam a síntese de DNA e os mecanismos genéticos de maturação e divisão celular tornam-se prejudicados (7).

Estudos demonstram que a anemia megaloblástica é a segunda causa mais comum de anemia na gestação. Outro estudo realizado no Canadá apresentou uma chance quase três vezes maior de defeitos no tubo neural nos casos de insuficiência de vitamina B12 materna (8,7).

Vitamina C

A vitamina C ou ácido ascórbico é um poderoso antioxidante que atua na síntese das fibras do colágeno através da hidroxilação da lisina e prolina, estimulando sua produção intracelular e extracelular (3, 1).

O ácido ascórbico também se destaca na participação do desenvolvimento do folículo ovariano, ovulação e fase lútea e, consequentemente, na fertilidade da mulher (2).

As melhores fontes de vitamina C são encontradas em alimentos como maracujá, laranja, morango, acerola, abacaxi, mexerica, brócolis entre outros (3).

Vitamina D

A importância da vitamina D para o funcionamento do organismo já é sabida, pois além de ter um papel primordial na homeostase, também previne contra inúmeras infecções e doenças e, ainda que os níveis séricos ideais desta vitamina possam ser atingidos através da suplementação, a exposição solar continua sendo a sua principal fonte de conversão.

Alguns estudos evidenciam a participação da vitamina D na fisiopatologia do diabetes mellitus tipo 2 (DM2) em mulheres no período pós-menopausa, tendo em vista que o envelhecimento cutâneo, sobretudo em mulheres acima de 51 anos, prejudica a síntese desta vitamina. Percebeu-se, então, uma relação inversamente proporcional entre os níveis de vitamina D no organismo e a predominância de hiperglicemia, DM2 e intolerância à glicose (9).

Outra pesquisa também associa a deficiência de vitamina D à queda capilar, tendo em vista a sua ligação com o ciclo do folículo piloso (1).

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Vitamina E

A vitamina E é um importante micronutriente na captura de radicais livres, evitando a peroxidação lipídica em lipoproteínas e membranas celulares, o que a torna importante para o sistema imunológico, no controle da inflamação e no desempenho cognitivo, além de conter também propriedades fotoprotetoras quando em conjunto com a vitamina C, tendo em vista sua proteção contra danos dos raios ultravioleta (UVB) (10, 1).

Os alimentos que contêm concentrações mais elevadas de vitamina E são os cereais integrais e óleos vegetais (1).

Cálcio

O cálcio é o mineral mais prevalente no corpo humano, essencial para o desempenho de inúmeras funções vitais do organismo, sendo encontrado nos ossos (99%), no plasma sanguíneo e em outros tecidos (1%). Sua absorção no intestino é coordenada pela vitamina D, sendo influenciado por condições que prejudicam a sua biodisponibilidade e digestibilidade.

Para que possamos alcançar uma boa saúde e, consequentemente, uma saúde óssea de qualidade, a melhor estratégia é uma alimentação diversificada e saudável levando em consideração os níveis ideais de cálcio e vitamina D, essenciais na promoção e manutenção da saúde dos ossos e diminuição dos riscos de se desenvolver osteoporose, doença que é mais prevalente em mulheres no período pós-menopausa(11, 12).

Uma em cada três mulheres sofre com osteoporose no período pós-menopausa. Nos Estados Unidos, em torno de 10 milhões de mulheres são acometidas com a doença e outras 34 milhões apresentam baixa massa óssea ou osteopenia. No Brasil, por sua vez, foi constatada a média de ingestão de cálcio de 636 mg/dia em mulheres acima de 51 anos entre o período de 2003 e 2006, valor abaixo do indicado para esta faixa etária (12).

Os alimentos que possuem maior biodisponibilidade do cálcio são leites e seus derivados, alguns peixes como salmão e sardinha e folhosos verde-escuros. No entanto, para aumentar o consumo de cálcio na dieta no período pós-menopausa, alguns estudos sugerem o consumo de suplementos e alimentos fortificados (11, 12).

Ácido fólico

O ácido fólico tem um papel essencial no processo de multiplicação celular, o que o torna necessário no período gestacional, pois ele colabora com o aumento dos eritrócitos, o alargamento do útero e o desenvolvimento da placenta e do feto, sendo considerado fundamental para o crescimento normal na gestação, lactação e formação de anticorpos.

Algumas pesquisas demonstraram uma diminuição na ocorrência de defeitos no tubo neural após a fortificação de alimentos com ácido fólico no Brasil e em diversos outros países, sendo a sua deficiência um fator de risco de extrema importância.

Os benefícios de se suplementar ácido fólico no período pré-concepcional incluem a diminuição do nascimento de bebês pequenos para a idade gestacional, não considerando outros fatores de risco, sendo que a suplementação com ácido fólico no início da gravidez atenua em até 75% o risco de o bebê nascer com malformação do tubo neural.

Alimentos que possuem boas fontes de ácido fólico são gema de ovo, laranja, fígado, brócolis, espinafre, grãos como ervilha, feijão e lentilha entre outros (8).

Selênio

O selênio é um mineral altamente antioxidante, atuando na proteção contra danos oxidativos e ao DNA, o que leva à estabilização da membrana celular.

Devido à sua propriedade antioxidante, pesquisas demonstram que este micronutriente influencia na saúde dos cabelos e das unhas, o que faz com que ele seja utilizado no tratamento de caspa, seborreia e prevenção da alopecia, sendo amplamente encontrado em alimentos de origem animal (1).

Zinco

O zinco é o segundo elemento mais prevalente no corpo humano e uma de suas principais funções é determinante na disposição espacial e forma de proteínas e enzimas ligadas ao DNA, influenciando em uma melhora no aspecto da pele, agindo na cicatrização, na atividade dos neurônios e na memória, sendo também um nutriente relevante para o desenvolvimento e crescimento dos cabelos e excelente antiinflamatório e antioxidante.

O zinco é um mineral encontrado em alimentos como grãos integrais, carne vermelha, tubérculos, castanhas e frutos do mar (1).

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Ferro

A anemia em mulheres já é considerada um problema de saúde pública, atingindo cerca de 17% de mulheres no mundo, sendo 15% em idade fértil e 19% gestantes. Dados de base populacional para o território brasileiro advindos da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde apresentam como moderada a importância populacional da anemia em mulheres em idade fértil, com uma prevalência de 29,4%, sendo que 40% estão na região Nordeste do Brasil.

Tendo em vista que o período da gestação é o período mais preocupante em relação à necessidade de ferro e que cerca de um terço das mulheres brasileiras em idade fértil já estão com anemia antes da gravidez, este se torna um dado alarmante (8).

Alimentos com maiores concentrações de ferro são carnes vermelhas, fígado, ervilhas, ostras entre outros (8).

Biotina

Também chamada de vitamina B7, a biotina tem como função primordial a síntese de proteínas, mais especificamente a produção de queratina, o que justifica a sua colaboração no crescimento saudável de cabelos e unhas (3).

Sua deficiência é pouco comum, sendo que a sua ingestão diária recomendada pode ser facilmente atingida através de uma dieta equilibrada. Os sintomas mais comuns de sua deficiência são dermatite nas regiões de olhos, nariz e boca, conjuntivite, e alopecia, que quando não tratadas, podem evoluir para questões neurológicas como depressão, letargia, alucinações, dormência e formigamento das extremidades (3).

A biotina é facilmente encontrada em alimentos como carne vermelha, gema de ovo, frutas e oleaginosa e a sua suplementação é essencial em casos de cirurgia bariátrica, por exemplo (3).

Ômega 3

Os artifícios através dos quais o ômega 3 oferece um impacto relevante na saúde da mulher através da reprodução feminina ainda não são totalmente conhecidos, no entanto, uma sugestão seria de que dietas enriquecidas com ômega elevariam os níveis séricos de estradiol, ocasionando uma elevação da síntese do GnRH, o hormônio liberador de gonadotrofina, o qual, por consequência, promoveria um pico de LH, o hormônio luteinizante.

O ômega 3 ou ácidos graxos poliinsaturados são facilmente encontrados em peixes como sardinha, salmão, arenque, cavala e atum e em óleos de linhaça, canola e algumas sementes, além de suplementos (2).

Isoflavonas

As isoflavonas são fitoestrógenos encontrados em alimentos à base de soja, as quais podem auxiliar no equilíbrio das oscilações hormonais que acometem as mulheres no período pré-menstrual. O seu mecanismo de ação seria através da diminuição dos níveis de estrogênio, hormônio este responsável por aumentar os sintomas provenientes da tensão pré-menstrual (TPM) (2).

Flavonóides

Os flavonoides são uma classe de compostos naturais conhecidos como polifenóis, os quais possuem, em sua maioria, propriedades antioxidantes e antimicrobianas.

Inúmeras pesquisas in vitro mostraram propriedade antifúngica potencial dos flavonoides contra a Candida albicans, fungo presente naturalmente no organismo responsável pelo aparecimento de infecção como a candidíase (2).

Conclusão

A alimentação equilibrada e diversificada, incluindo o consumo de todos os grupos alimentares, colabora para um adequado consumo de vitaminas e minerais, para ambos os sexos e faixas etárias.

No entanto, a mulher pode apresentar necessidades específicas ao longo da vida que requerem maior atenção, o que traz repercussões em questões de saúde, estética e emocionais, afetando a sua autoestima e qualidade de vida.

Sendo assim, a suplementação de vitaminas e minerais e outros ativos pode ser incluída em sua dieta como parte do planejamento alimentar e não de forma isolada, primordialmente quando estão instalados sintomas importantes como queda de cabelo, unhas fracas e alterações de pele, entre outros (3, 1).

Referências

(1) E-book: Micronutrientes e Saúde da Mulher [Internet]. Nutritotal PRO. [cited 2022 Jun 11]. Available from: https://nutritotal.com.br/pro/material/e-book-micronutrientes-e-saude-da-mulher/

(2) Mazur CE, Verdi AMOH, Ramos ER, Ogliari R, Escobar SJ de M. Compostos Bioativos e Saúde da Mulher: Revisão de Literatura. Compostos bioativos e suas aplicações [Internet]. 2021 [cited 2022 Jun 11]; Available from: https://www.meridapublishers.com/cba/cap7.pdf

(3) Cruz P, Suzuki VY, Carvalho Jamil L, Torres Madeiro Leite JA, Leite de Freitas LC, Rocha Oliveira C, et al. Nutrição e saúde dos cabelos: uma revisão. Advances in Nutritional Sciences. 2020 Sep 16;1(1):33–40.

(4) Márcia G, Bonfim C, Salvador -Bahia. ACNE E DIETA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de Fevereiro de 1808 [Internet]. 2012 [cited 2022 Jun 11]. Available from: https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/8064/1/M%C3%A1rcia%20Gabrielle%20Bonfim%20C%C3%B4rtes%20%282012.1%29.pdf

(5) Maia YLM, Silva MG da, Passos XS. Vitamina B12 (cobalamina): Aspectos clínicos de sua deficiência. Referências em Saúde da Faculdade Estácio de Sá de Goiás – RRS-FESGO [Internet]. 2019 Oct 10 [cited 2022 Jun 11];2(02):147–52. Available from: https://estacio.periodicoscientificos.com.br/index.php/rrsfesgo/article/view/239/233

(6) Paniz C, Grotto D, Schmitt GC, Valentini J, Schott KL, Pomblum VJ, et al. Fisiopatologia da deficiência de vitamina B12 e seu diagnóstico laboratorial. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial [Internet]. 2005 Oct [cited 2020 Nov 3];41(5). Available from: https://www.scielo.br/pdf/jbpml/v41n5/a07v41n5.pdf

(7) Ferreira TB, Zampiroli IZ, Bernardo BP, Albuquerque JLM de, Mendes RDF. CARÊNCIA DE VITAMINAS B9 E B12 NA GRAVIDEZ: ANEMIA MEGALOBLÁSTICA. Anais do Seminário Científico do UNIFACIG [Internet]. 2021 Jan 22 [cited 2022 Jun 11];(6). Available from: http://pensaracademico.facig.edu.br/index.php/semiariocientifico/article/view/2040#:~:text=A%20anemia%20megalobl%C3%A1stica%2C%20a%20segunda

(8) De andrade silva cavalcanti r. Concentrações séricas de vitamina b12, folato intra-eritrocitário e hemoglobina em mulheres em idade fértil e sua associação com variáveis sócio-econômicas, demográficas, antropométricas e do estilo de vida. [universidade federal de pernambuco centro de ciências da saúde departamento de nutrição programa de pós-graduação em nutrição]; 2018.

(9) Rodrigues BB, Corrêa GN, Nunes Neto GSX, Borges NMP, Silva MP, Fernandes RFD. Vitamina D na regulação do organismo humano e implicações de sua deficiência corporal. Brazilian Journal of Health Review. 2019;2(5):4682–92.

(10)  Silva AGCL da. Estado nutricional em vitamina A e vitamina E de mulheres no seguimento da lactação. repositorioufrnbr [Internet]. 2018 Jun 20 [cited 2022 Jun 11]; Available from: https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/25852

(11)  Martini BA, Scherer Adami F, Rufatto Conde S, Fassina P. Cálcio e vitamina D em adultos atendidos em ambulatório de nutrição. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. 2018 Feb 28;31(1):1–7.

(12)  As L, De A, Lima S, Ferreira Maciel J, José De Carvalho Costa M, Da Conceição M, et al. Ingestão dietética de cálcio em mulheres adultas e sua relação com a densidade mineral óssea Dietary calcium intake in adult women and its relation with bone mineral density A Artigo Original. Rev Bras Nutr Clin [Internet]. 2016 [cited 2022 Jun 11];31(2):118–41. Available from: http://www.braspen.com.br/home/wp-content/uploads/2016/11/06-Ingest%C3%A3o-diet%C3%A9tica-de-calcio.pdf

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