Uma mulher de pele clara sorrindo e mostrando uma pele saudável do rosto

Nutricosméticos: Nutrientes com efeitos para propósitos de beleza

Os nutricosméticos, como bem caracterizados, são conhecidos pelo uso de dieta e suplementos orais para produzir benefícios na aparência física. Sabe-se que o consumo insuficiente de vitaminas, minerais, ácidos graxos essenciais resulta em manifestações cutâneas, evidenciando assim a relação básica entre nutrientes e pele saudável. Estudos investigando a suplementação oral de vitaminas, minerais traços, compostos bioativos e ácidos graxos essenciais têm indicado função modulatória do status da pele no que tange à fotoproteção, rugosidade, densidade cutânea e pigmentação da pele. Dessa forma, vamos abordar abaixo os nutrientes correlacionados aos seus principais efeitos na manutenção e proteção da saúde da pele.

Efeito fotoprotetor endógeno

Os carotenoides são os compostos mais bem documentados como fotoprotetores endógenos, além de outros como algumas vitaminas antioxidantes também podem exibir essa ação.  O licopeno e o betacaroteno são os carotenoides em maior concentração encontrados na pele e no plasma humano. Eles aumentam a resistência inata da pele contra o eritema induzido por luz ultravioleta (UV) (avaliado por dose eritematosa mínima (DEM), sendo a mínima dose de UV para ocorrer o eritema), evitando danos à elastina e ao colágeno. Além disso, são fortes supressores de radicais peróxidos e oxigênio singlet, espécies muitos reativas de oxigênio.  A suplementação de licopeno (2,5 mg/dia) e beta-caroteno (4,7 mg/dia) durante 12 semanas foi capaz de diminuir a erupção polimórfica a luz e expressão de molécula de adesão intercelular-1 (ICAM-1), marcador associado ao desenvolvimento de lesões cutâneas em níveis moleculares, ambos de maneira significativa quando comparado aos indivíduos não suplementados. Corroborando com esses dados, a ingestão de 15 mg de licopeno e 0,8 mg de beta-caroteno por 12 semanas também protegeu indivíduos contra eritema induzido por UV e contra a indução por UV do aumento de citocinas inflamatórias (IL-6 e TNF-alfa).

Em relação as vitaminas antioxidantes, a suplementação de vitamina E juntamente com a vitamina C é mais efetiva do que a vitamina C isolada no que diz respeito a fotoproteção. Evidências apontam que a luz UV esgota o conteúdo de vitamina C na epiderme, o que também aponta que essa é alvo dos oxidantes induzidos pela exposição. A suplementação em conjunto pode ser eficaz pela capacidade da vitamina E recuperar a vitamina C.

Redução de rugas, melhora da textura da pele e efeito anti-inflamatório

A ação sinérgica de nutrientes também pode exercer papel importante na melhora de parâmetros de saúde pele. Nesse sentido, estudo randomizado, duplo-cego e controlado com placebo avaliou a ingestão de complexo com licopeno (dose 1 – 8 mg; dose 2 – 3 mg), vitamina C (dose 1 – 250 mg, dose 2 – 180 mg), vitamina E (dose 1 – 250 mg, dose 2 – 30 mg), ômega-3 (dose 1 – 660 mg, dose 2 – 660 mg, EPA-23% e DHA-16%) e isoflavona (dose 1 – 70 mg; dose 2 – 40 mg), durante 14 dias em aspectos da pele (rugas ao redor dos olhos, firmeza, elasticidade e textura) em mulheres na pós-menopausa. O estudo foi realizado com 166 voluntárias divididas em 3 grupos, um controle e os outros dois com diferentes concentrações dos compostos (dose 1 e dose 2, citadas acima). Foi observado pelo autor redução de rugas e melhora na textura da pele com a ingestão do complexo para ambas as concentrações testadas em relação ao controle.

De maneira semelhante, outro estudo avaliou os efeitos da suplementação do licopeno (15 mg) em 60 mulheres durante 16 semanas em parâmetros da pele. Foi relatado aumento da concentração de carotenoides na pele de maneira significativa (avaliado pelo equipamento Pharmanex S3 Biophotonic Scanner – NuSkin, Provo, UT, USA), diminuição da profundidade de rugas faciais severas em 5,61% e rugas finas em 6,2% quando comparado ao controle. As rugas foram avaliadas a partir da contagem de pixels de fotografias representando a sua profundidade e comprimento.

Os ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 têm demonstrado potencial efeito anti-inflamatório principalmente através de seus metabólitos, resolvia e maresinas, duas moléculas sintetizadas a partir do ômega 3 (principalmente, ácido eicosapentaenoico EPA e ácido docosahexaenoico -DHA) pelo organismo humano, além disso, podem influenciar a barreira da pele agindo como fatores de transcrição e aumentando a diferenciação de queratinócitos. Todos esses aspectos podem aliviar lesões inflamatórias na pele, melhorar a hidratação e irritação. Por exemplo, a ingestão do ômega-3 juntamente com antioxidantes (vitamina C e E) e zinco durante 16 semanas foi capaz de melhorar o índice de pontuação da dermatite atópica em ensaio aberto. Em adição, indivíduos obesos com psoríase que ingeriram ácidos graxos poliinsaturados ômega-3 (média de ingestão: 2,6 g/dia) após 3 e 6 meses apresentaram melhora no índice da gravidade da psoríase, índice de qualidade de vida em dermatologia e classificação subjetiva de coceira de acordo com escala visual analógica.

Efeitos na pigmentação da pele

A hiperpigmentação da pele pode ser uma condição crônica da pele causando o melasma, por exemplo. Substâncias antioxidantes orais podem ajudar no controle da hiperpigmentação. Estudo duplo-cego, randomizado e controlado com placebo avaliou 60 mulheres com melasma epidermal bilateral que consumiram de forma oral procianidina (48 mg), beta-caroteno (12 mg), C (120 mg) e E (30 UI) por 8 semanas. Os resultados demonstraram diminuição significativa do grau da pigmentação, área de melasma e índice de gravidade em ambos os lados da face avaliados (malar direito e esquerdo). Em adição, estudo aberto piloto avaliou a ingestão de extrato de semente de uva rico em proantocianidinas (216 mg) por 6 meses em mulheres com melasma. Foi observada diminuição da hiperpigmentação, avaliado por espectrofotômetro de refletância, em 83% das participantes.

 

Referências:       

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