Metabolismo proteico: A proteína pode ser convertida em gordura?

As proteínas, como bem conhecidas, estão localizadas na pele, no músculo e no fígado, as reservas endógenas de proteína são utilizadas para a produção limitada de glicose por meio da gliconeogênese a partir de aminoácidos, principalmente durante o jejum prolongado, para a manutenção da glicemia. Em adição, a glicose também é produzida a partir de corpos cetônicos (ácido acetoacético, β -hidroxibutirato e acetona) a partir de aminoácidos cetogênicos via acetil coenzima A (CoA). Entre os corpos cetônicos, o ácido acetoacético e β-hidroxibutirato são usados como fontes de energia para o cérebro e músculo.

Com a progressão do jejum, ocorre redirecionamento para o sistema de produção de energia por meio da lipólise, com redução da gliconeogênese e da excreção urinária de nitrogênio. Além disso, os aminoácidos também podem fornecer energia através da oxidação pelo ciclo de Krebs através do metabolismo aeróbico. No entanto, é importante salientar que a proteína não é a forma mais importante para o armazenamento de energia e, sim, os carboidratos e lipídios. As circunstâncias em que a proteína é utilizada como fonte de energia é em situações de estresse metabólico e posterior a exercícios prolongados, como final de provas de triatlo, maratona ou evento de ultra resistência. Em condições metabólicas normais as proteínas fornecem cerca de 1-2% da produção de energia total do organismo.

Nos períodos de crescimento ocorre incorporação de proteínas, bem como aumentos nas taxas de síntese, degradação e reutilização destes aminoácidos, visando à formação de novos tecidos. Entretanto, a reutilização não é completa, ocorrendo perda de aminoácidos pelo catabolismo oxidativo e pelos fluidos orgânicos (fezes, suor, urina, pele, unhas, cabelos — 20 a 30 g/dia), sendo necessária a ingestão diária ou síntese de aminoácidos essenciais e não essenciais. Diariamente, em média, cerca de 3 a 4% de proteína corporal sofre total remodelação pela síntese e degradação contínua. A velocidade do turnover proteico é mais acentuada na mucosa intestinal e na medula óssea e mais lenta no músculo e no tecido conectivo, variando também com a idade, diminuindo com o envelhecimento, devido a menor taxa de crescimento. Em relação ao consumo energético, o turnover proteico exige cerca de 10% a 25% do gasto energético basal, valor superior ao necessário para o metabolismo lipídico e glicídico.

Em contraste, quando a ingestão de nutrientes fornece mais do que o necessário para a manutenção das necessidades do organismo, proteínas e aminoácidos são preferencialmente usados para sintetizar proteínas corporais. Assim, para utilizar os aminoácidos de forma eficiente, é importante satisfazer as necessidades energéticas utilizando carboidratos e lipídios. Em adição, os aminoácidos podem ser convertidos a acetilCoA, precursor da síntese de ácidos graxos e triglicerídeos, contudo ainda é especulado a magnitude desse processo.  É importante também salientar, que o consumo excessivo de proteínas pode aumentar a sua excreção pelas fezes.

Nesse sentido, a proteína dietética é conhecida por influenciar positivamente a massa livre de gordura durante a perda de peso e ganho de massa muscular. Uma meta-análise apontou que a proteína dietética resultou numa influência positiva no gasto energético em repouso (GER) durante dietas com baixo teor de calorias e gorduras totalizando cerca de 150 kcal/dia. Dietas ricas em proteínas também levaram à manutenção da perda de peso e aumento do GER. Além disso, deve haver uma confluência entre o gasto energético total e a ingestão de nutrientes em relação às necessidades individuais e objetivos de cada indivíduo, estas questões devem ser estabelecidas por um profissional capacitado.

 

Referências:

http://dx.doi.org/10.1053/j.gastro.2017.01.052

http://dx.doi.org/10.1101/cshperspect.a040584

http://dx.doi.org/10.1039/C5FO01530H 

https://doi.org/10.3945/ajcn.112.044321

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