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Matcha: Será a nova Superfood?

O matcha japonês é um tipo de chá verde em pó, com uma cor verde viva, e seu cultivo se dá de forma tradicional. O chá é produzido a partir de folhas protegidas da luz solar. Esse sombreamento das plantas, durante o período de crescimento, aumenta os processos de síntese e acúmulo de compostos biologicamente ativos, incluindo teanina, cafeína, clorofila e vários tipos de catequinas. Consumido habitualmente nos países asiáticos, estudos experimentais in vitro e in vivo têm demonstrado seus efeitos neuroprotetores, antioxidantes e anti-inflamatórios.

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Composição química do Matcha, chá verde japonês

Estudos demonstram os benefícios do chá verde para a saúde devido aos antioxidantes naturais, como os polifenóis: compostos em ampla quantidade responsáveis por até 30% do peso seco do chá verde. (1,2) Acredita-se que os polifenóis sejam antioxidantes poderosos, com efeitos comparáveis aos das vitaminas C e E, caroteno e tocoferol. Porém, as quantidades de substâncias ativas promotoras da saúde, contidas nas bebidas à base de chá, dependem da quantidade de folhas de chá por porção, temperatura, tipo de chá, tempo de infusão e época da colheita.

Fonte de Rutina

A rutina é um composto com ação antioxidante e pertence ao grupo dos polifenóis. Possui propriedades anti-inflamatórias e auxilia o sistema imunológico. O matcha é uma das bebidas mais ricas desse flavonoide. A rutina também retarda a oxidação da vitamina C. O efeito sinérgico da rutina e da vitamina C faz com que o matcha também tenha ação positiva no sistema circulatório. A vitamina C também tem influência na síntese de colágeno, que é a principal proteína formadora de estrutura do corpo humano. O uso de rutina e vitamina C pode sustentar com sucesso o sistema circulatório e proteger contra o estresse oxidativo.

Conteúdo de catequinas

As principais catequinas do chá são: epigalocatequina galato (EGCG), epigalocatequina (EGC), epicatequina galato (ECG), epicatequina (EC) e catequina (C). A catequina mais abundante e ativa do chá verde é a EGCG. O alto conteúdo polifenólico tem uma capacidade maior de eliminar os radicais livres do que a vitamina C sozinha. Os compostos fenólicos ocorrem naturalmente nas folhas de Camellia sinensis. Estudos indicam que o chá pode ser a principal fonte de catequinas nas dietas humanas. (3)

EGCG, EGC, ECG, EC e catequina estão presentes em maior quantidade nos recursos vegetais. As catequinas originadas do chá são caracterizadas por uma atividade antioxidante particularmente forte, devido à sua capacidade de neutralizar os radicais livres e aumentar a atividade de desintoxicação de enzimas, que incluem (entre outras) glutationa peroxidase, catalase redutase e glutationa redutase. Essas podem refletir no efeito potencialmente preventivo na aterosclerose, bem como no aumento da elasticidade das artérias, prevenindo indiretamente a doença isquêmica do coração (4). A não destruição de proteínas, lipídios e DNA, previnem o envelhecimento prematuro das células do organismo e do cérebro. Essa proteção é realizada pelas catequinas que protegem as células contra a atividade de espécies reativas de oxigênio.

Por meio do consumo diário e de longo prazo, as bebidas à base de chá têm demonstrado efeitos neuroprotetores, principalmente quando observado o efeito do desenvolvimento de doenças com base nos radicais livres, incluindo doenças neurodegenerativas, as quais também são protraídas. Em particular, fortes efeitos neuroprotetores foram observados para o principal componente das catequinas, a Epigalocatequina galato (EGCG). Além disso, previne inflamações que ocorrem no organismo por meio da inibição de partículas pró-inflamatórias formadas pelo sistema imunológico.

Estudos demonstram que a temperatura da água utilizada no preparo das infusões está intimamente ligada na melhor liberação de compostos biologicamente ativos, através dos métodos utilizados o potencial antioxidante foi maior a 90 ° C e o menor a 25 ° C.

Conteúdo de cafeína

Responsável por seu sabor característico e desejável a cafeína é um componente essencial, ao mesmo tempo que aumenta o potencial antioxidante da bebida. Seu nível de disponibilidade pode estar associado à época da colheita e à idade das folhas – quanto mais velhas as folhas, menor o teor de cafeína.

Os efeitos da cafeína estão fixados em seu potencial antioxidante, pois neutralizam as espécies reativas de oxigênio e aumentam a atividade da enzima antioxidante e os níveis totais de glutationa.

O matcha possui um teor de cafeína relativamente alto em comparação com outros chás verdes, tornando o seu aroma e sabor únicos (5). A quantidade de cafeína nos chás verdes está na faixa de 11,3–24,67 mg / g (6), o matcha está entre 18,9 e 44,4 mg / g (7). Para efeito de comparação, a maioria dos grãos de café tem 10,0–12,0 mg de cafeína / g de grãos. (8)

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Conteúdo da Quercetina

Além de ser um fitoquímico com atividade antioxidante e neuroprotetora, foi observado que a quercetina normaliza o metabolismo dos carboidratos ao inibir a absorção de glicose do trato gastrointestinal, regulando a secreção de insulina e melhorando a sensibilidade à insulina nos tecidos. Além disso, a combinação de quercetina com EGCG pode potencializar os efeitos anticarcinogênicos de ambos.

Conteúdo de vitamina C

Micronutriente essencial na nutrição humana, a vitamina C é um poderoso antioxidante exógeno. Pelas suas propriedades reforça a defesa imunitária do organismo e deve ser fornecido todos os dias conforme a ingestão diária recomendada.

Koláčková et al., encontraram no matcha mais do que o dobro da quantidade de vitamina C comparado a outros chás verdes. Seu conteúdo foi determinado em 1,63–3,98 mg / g, dependendo do tipo de produto e de sua origem (9).

Conteúdo de clorofila

Graças ao cultivo à sombra, o matcha aumentou o conteúdo de clorofila, que é responsável por sua cor vibrante única (10). A clorofila e seus derivados exibem forte atividade antioxidante e anti-inflamatória (11).

Conteúdo de theanine

A teanina é um aminoácido encontrado na planta do chá Camellia sinensis. Devido ao cultivo à sombra das plantas destinadas à produção de matcha, a teanina não se decompõe. O teor relativamente alto de teanina no chá matcha é responsável por seu sabor não amargo, único e, em combinação com a cafeína, fornece a sensação de sabor e umami característica desse tipo de chá (12). A combinação de l-teanina e cafeína pode aumentar a concentração, vigilância e eficiência em maior extensão do que o uso de qualquer um dos compostos isoladamente (13), além de aliviar o estresse (14).

Conforme a figura abaixo (Figura 1), pode-se observar um resumo das propriedades promotoras da saúde através dos principais compostos bioativos do chá verde matcha.

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Figura 1. Propriedades promotoras da saúde através dos principais compostos bioativos do chá verde matcha. Health Benefits and Chemical Composition of Matcha Green Tea: A Review Joanna Kochman, Karolina Jakubczyk,* Justyna Antoniewicz, Honorata Mruk, and Katarzyna Janda (15).

Propriedade anticarcinogênicas

As propriedades anticarcinogênicas do chá verde e seu ingrediente principal, EGCG, foram exaustivamente pesquisadas por estudiosos de todo o mundo (16,17,18,19,20,21). Os mecanismos por trás do efeito anticancerígeno do EGCG podem estar relacionados à inibição da angiogênese tumoral, efeitos antioxidantes e supressão dos processos inflamatórios, que contribuem para a transformação, hiper proliferação e início da carcinogênese (22,23).

Propriedade anti-inflamatória

A suplementação de EGCG, principal componente bioativo do chá verde, pode aliviar complicações do processo inflamatório que surgem após o uso de circulação extracorpórea para cirurgia cardíaca de grande porte, incluindo lesão pulmonar e disfunção (24, 25).

Além disso, estudos demonstram que a EGCG ajuda a reduzir a formação de cálculos biliares, controle de hipertensão arterial. O chá verde matcha também possui compostos bioativos capazes de atenuar o desenvolvimento da hepatite, suprimindo a expressão gênica e proteicas de citocinas inflamatórias.

Matcha e COVID-19

Em um dos poucos estudos, Ohgitani et al. (26) demonstraram que o chá verde matcha pode ter atividade antiviral (inativando o SARS-CoV-2), resultado promissor, mas requer pesquisas mais detalhadas.

Considerações finais

O chá verde em pó japonês matcha, possui grandes quantidades de substâncias com efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios. Seus benefícios são promissores para a prevenção de doenças neurológicas e carcinogênicas, e para recuperação pós-cirúrgica, dentre outras. Pesquisas sobre efeitos do consumo do chá matcha e seus componentes individuais ainda são necessárias. Para confirmar a validade e a efetividade para o aumento do consumo de bebida à base de chá matcha, também são necessárias análises e pesquisas mais profundas a respeito dos seus efeitos no corpo humano.

Referências bibliográficas

  1. Multifunctional activities of green tea catechins in neuroprotection. Modulation of cell survival genes, iron-dependent oxidative stress and PKC signaling pathway.
  2. Mandel SA, Avramovich-Tirosh Y, Reznichenko L, Zheng H, Weinreb O, Amit T, Youdim MB Neurosignals. 2005; 14(1-2):46-60.
  3. 2. Komes D., Horžić D., Belščak A., Ganić K.K., Vulić I. Green Tea Preparation and Its Influence on the Content of Bioactive Compounds. Food Res. Int. 2010;43:167–176. doi: 10.1016/j.foodres.2009.09.022
  4. Healthy properties of green and white teas: an update. Pastoriza S, Mesías M, Cabrera C, Rufián-Henares JÁ Food Funct. 2017 Aug 1; 8(8):2650-2662.
    Antioxidant Properties and Nutritional Composition of Matcha Green Tea.
  5. Jakubczyk K, Kochman J, Kwiatkowska A, Kałduńska J, Dec K, Kawczuga D, Janda K Foods. 2020 Apr 12; 9(4):.
  6.  Adnan M., Ahmad A., Ahmed D.A., Khalid N., Hayat I., Ahmed I. Chemical Composition and Sensory Evaluation of Tea (Camellia Sinensis) Commercialized in Pakistan. Pak. J. Bot. 2013;45:901–907.
  7.  Čížková H., Voldřich M., Mlejnecká J., Kvasnička F. Authenticity Evaluation of Tea-Based Products. Czech. J. Food Sci. 2008;26:259–267. doi: 10.17221/10/2008-CJFS.
  8. Matcha Tea: Analysis of Nutritional Composition, Phenolics and Antioxidant Activity. Koláčková T, Kolofiková K, Sytařová I, Snopek L, Sumczynski D, Orsavová J Plant Foods Hum Nutr. 2020 Mar; 75(1):48-53
  9. Matcha Tea: Analysis of Nutritional Composition, Phenolics and Antioxidant Activity. Koláčková T, Kolofiková K, Sytařová I, Snopek L, Sumczynski D, Orsavová J Plant Foods Hum Nutr. 2020 Mar; 75(1):48-53.
  10. Koláčková T, Kolofiková K, Sytařová I, Snopek L, Sumczynski D, Orsavová J.Plant Foods Hum Nutr. 2020 Mar; 75(1):48-53. Identification of chlorophylls and carotenoids in major teas by high-performance liquid chromatography with photodiode array detection.
  11.  Synthesis, characterization, and functional properties of chlorophylls, pheophytins, and Zn-pheophytins.Kang YR, Park J, Jung SK, Chang YH. Food Chem. 2018 Apr 15; 245():943-950. Molecular and sensory studies on the umami taste of Japanese green tea.
  12. Kaneko S, Kumazawa K, Masuda H, Henze A, Hofmann T, J Agric Food Chem. 2006 Apr 5; 54(7):2688-94. Effect of Green Tea Phytochemicals on Mood and Cognition. Dietz C, Dekker M, Curr Pharm Des. 2017; 23(19):2876-2905.
  13. Health Benefits and Chemical Composition of Matcha Green Tea: A Review
  14. Joanna Kochman, Karolina Jakubczyk,* Justyna Antoniewicz, Honorata Mruk, and Katarzyna Janda
  15. Health Benefits and Chemical Composition of Matcha Green Tea: A Review Joanna Kochman, Karolina Jakubczyk,* Justyna Antoniewicz, Honorata Mruk, and Katarzyna Janda.
  16.  Quercetin and EGCG exhibit chemopreventive effects in cholangiocarcinoma cells via suppression of JAK/STAT signaling pathway. Senggunprai L, Kukongviriyapan V, Prawan A, Kukongviriyapan U Phytother Res. 2014 Jun; 28(6):841-8.
  17. Anti-cancer properties epigallocatechin-gallate contained in green tea. Donejko M, Niczyporuk M, Galicka E, Przylipiak A, Postepy Hig Med Dosw (Online). 2013 Jan 16; 67():26-34.
  18. Fujiki H, Watanabe T, Sueoka E, Rawangkan A, Suganuma. Cancer Prevention with Green Tea and Its Principal Constituent, EGCG: from Early Investigations to Current Focus on Human Cancer Stem Cells. MMol Cells. 2018 Feb 28; 41(2):73-82.
  19. Makiuchi T, Sobue T, Kitamura T, Ishihara J, Sawada N, Iwasaki M, Sasazuki S, Yamaji T, Shimazu T, Tsugane S. Association between green tea/coffee consumption and biliary tract cancer: A population-based cohort study in Japan. Cancer Sci. 2016 Jan; 107(1):76-83.
  20. Green tea extracts for the prevention of metachronous colorectal adenomas: a pilot study. Shimizu M, Fukutomi Y, Ninomiya M, Nagura K, Kato T, Araki H, Suganuma M, Fujiki H, Moriwaki H, Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2008 Nov; 17(11):3020-5.
  21. Cancer prevention by tea: animal studies, molecular mechanisms and human relevance. Yang CS, Wang X, Lu G, Picinich SC, Nat Rev Cancer. 2009 Jun; 9(6):429-39.
  22. Association between green tea/coffee consumption and biliary tract cancer: A population-based cohort study in Japan. Makiuchi T, Sobue T, Kitamura T, Ishihara J, Sawada N, Iwasaki M, Sasazuki S, Yamaji T, Shimazu T, Tsugane S. Cancer Sci. 2016 Jan; 107(1):76-83.
  23. Cancer prevention by tea: animal studies, molecular mechanisms and human relevance.Yang CS, Wang X, Lu G, Picinich SC, Nat Rev Cancer. 2009 Jun; 9(6):429-39.
  24. Anti-oxidative or anti-inflammatory additives reduce ischemia/reperfusions injury in an animal model of cardiopulmonary bypass. Salameh A, Dhein S, Mewes M, Sigusch S, Kiefer P, Vollroth M, Seeger J, Dähnert I, Saudi J Biol Sci. 2020 Jan; 27(1):18-29.
  25. Kasper B, Salameh A, Krausch M, Kiefer P, Kostelka M, Mohr FW, Dhein S, J Surg Res. 2016 Apr; 201(2):313-25.
  26. Ohgitani E., Shin-Ya M., Ichitani M., Kobayashi M., Takihara T., Kawamoto M., Kinugasa H., Mazda O. Significant Inactivation of SARS-CoV-2 by a Green Tea Catechin, a Catechin-Derivative and Galloylated Theaflavins in Vitro. bioRxiv. 2020

Larissa Tullio

@Larissatullio_

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