A busca pela felicidade é algo inerente ao ser humano. Do primeiro abrir dos olhos até o último, pelo menos alguma vez no dia o pensamento de ser feliz surge como um objetivo a ser alcançado. E objetivos são sempre precedidos de escolhas, só assim se tornam passíveis de realização.
Para ser feliz: quanto disso é sorte e quanto é resultado de boas escolhas decorrentes de um dia a dia inteligente?
A alimentação está o tempo todo presente na nossa vida, pois se trata de uma necessidade fisiológica. Consequentemente, o que ingerimos vai refletir diretamente na nossa saúde.
Deficiência de nutrientes decorrente de má alimentação pode agravar alguns problemas de saúde, como a depressão por exemplo.
A depressão é uma doença de desordem mental e de etiologia multifatorial que atinge milhões de indivíduos em todo o mundo. O que acontece é um desbalanço dos neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina no sistema nervoso central, que é o responsável pela regulação da fome, sono e humor. Em decorrência disso são observados sintomas como: falta de energia, ansiedade, tristeza persistente, irritabilidade e falta de interesse pelas atividades habituais1.
Sabe-se que os quadros depressivos estão cada vez mais frequentes e são extremamente prejudiciais à saúde do indivíduo que sofre desta condição, afetando desde a qualidade de vida social e familiar, até a produtividade no local de trabalho. Além de levar o indivíduo à um aumento na chance de desenvolver doenças cardiovasculares, demência e morte precoce, a depressão ocupa o terceiro lugar entre os transtornos responsáveis pela carga global de doenças, com previsão de alcançar o primeiro lugar até 20301,2.
Diversos estudos mostram que as intervenções preventivas são responsáveis por reduzir consideravelmente a incidência de novos episódios de depressão, e que o estilo de vida e os hábitos alimentares do indivíduo apresentam eficácia comprovada neste processo1,2. Mostram ainda que a suplementação de magnésio é útil como terapia adjuvante para depressão4.
O estudo nacional anual de base populacional de NHANES fornece estimativas de saúde e estado nutricional da população civil não institucionalizada dos EUA usando um complexo multi estágio estratificado, projeto de amostragem probabilística para selecionar uma amostra nacionalmente representativa4.
Neste estudo, utilizaram-se dados publicamente disponíveis de 4 ciclos de NHANES (2007–2008, 2009–2010, 2011–2012 e 2013–2014). Lá foram 40.617 indivíduos amostrados nos ciclos, sendo 24.732 adultos (idade ≥ 18) participantes. Entre eles, 21.258 completaram o questionário de depressão. Esse questionário aplicado foi o PHQ-9, um instrumento de triagem que avalia a frequência de uma variedade de sintomas depressivos nas últimas 2 semanas4.
Já as informações dietéticas foram coletadas por meio de 2 recordatórios alimentares de 24 horas. Foram utilizados para calcular a média de ingestão energética e o consumo de magnésio dietético. A parte do suplemento alimentar 24h foi uma entrevista sobre o uso de suplementos alimentares e antiácido sem receita. A quantidade média diária de suplemento dietético foi calculada pela soma de todos os nutrientes suplementares e dividindo-o por 304.
Resultados desse estudo mostraram que a quantidade de magnésio no organismo influencia o risco de depressão, onde quanto menor os níveis de magnésio, maior são os riscos de apresentar sintomas depressivos4.
Li et al encontraram uma relação linear entre ingestão de magnésio e depressão. Essa descoberta sugere que o aumento do consumo de alimentos ricos em magnésio, como nozes, vegetais verdes e grãos podem ser defendidos para a prevenção da depressão.
Magnésio e sua influência na saúde mental
Mineral comumente carente na dieta de pacientes depressivos em função de alguns fatores como: escolha frequente por alimentos processados (o refinamento do grão elimina o magnésio presente quando este se encontra em sua forma íntegra), dietas com alta ingestão de gordura e cálcio, estresse crônico, terapias medicamentosas, dentre outros.
O magnésio participa do funcionamento de mais de 325 enzimas do organismo e possui ação anti depressiva pois é essencial para que ocorra a ligação do receptor de serotonina, além de ser de extrema importância na formação e utilização de ATP1,3.
Dosagem e suplementação (título)
Muitos especialistas em nutrição acreditam que a ingestão ideal de magnésio deve ser baseada no peso corporal, por exemplo, 4-6 mg por kg/dia6.
A suplementação oral de magnésio é considerada segura em adultos quando usada em dosagens abaixo da ingestão superior de 350 mg por dia. No entanto, estudos mostram que dosagens mais altas podem ser usadas para doenças específicas5.
Para crianças, a suplementação de magnésio é segura quando usada em dosagens abaixo do nível de ingestão superior tolerável de 65 mg/dia para crianças de 1 a 3 anos de idade, 110 mg/dia para crianças de 4 a 8 anos e 350 mg/dia para crianças com mais de 8 anos6.
Lembrando que o uso da suplementação oral deve ser feito com cautela em pacientes com insuficiência renal ou que tomam certos medicamentos que causam interação5.
Considerações finais
Dessa forma, a suplementação para gerar a manutenção de níveis saudáveis de magnésio está associada a um efeito protetor contra a depressão e o TDAH. É de suma importância a avaliação de um médico e/ou nutricionista para prescrever a melhor dose e posologia para cada paciente, pois temos suplementos com diversas formas do mineral, como oxalato, dimalato, treonato, blisglicinato entre outras. Dar preferências para formas com alta absorção, como é o caso do bisglicinato, por exemplo, pode favorecer a reposição mais rapidamente dos níveis do mineral no organismo.
Referências bibliográficas
- SEZINI, A. M.; GIL, C. S. G. do C. Nutrientes e Depressão. Revista da Faculdade União de Goyazes, Trindade-go, v. 8, n. 1, p.39-57, 2014. Anual.
- BRASIL, Nações Unidas no Brasil. Depressão afeta mais de 300 milhões de pessoas e é doença que mais incapacita pacientes, diz OMS. 2017.
- RAJIZADEH, Afsaneh et al. Effect of magnesium supplementation on depression status in depressed patients with magnesium deficiency: A randomized, double-blind, placebo- controlled trial.Nutrition, [s.l.], v. 35, p.56-60, mar. 2017. Elsevier BV.
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- GUERRERA, MARY P., VOLPE, STELLA LUCIAMAO, JUN JAMES. Therapeutic Uses of Magnesium. American Family Physician, n. 80, 2009.
- GRÖBER, UWE, SCHMIDT, JOACHIMKISTERS, KLAUS. Magnesium in Prevention and Therapy. Nutrients, v. 7, n. 9, p. 8199-8226, 2015.