Maca Peruana e suas funções | Blog Nutrify

Maca Peruana e suas funções

Planta herbácea bienal pertencente à família das crucíferas (Brassicaceae) a qual também inclui couve-flor, repolho e agrião, a maca (Lepidium meyenii Walpers foi domesticada provavelmente entre os anos 4000-1200 AC nos planaltos dos Andes centrais peruanos. Essa cresce em altitudes que variam entre 2800 e 5000 m acima do nível do mar, e possui uma ótima adaptação a condições de altitudes bem extremas e severas, como (forte radiação UV, baixo nível de oxigênio, frio e etc). [1]

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A parte comestível da maca são os hipocótilos e a raiz principal. As características visuais dos fenótipos de maca mais representativos (amarelo, vermelho e maca preto) são ilustrados na Fig. 1 . Seria de esperar que esta diversidade genética pudesse levar a variações na composição nutricional da maca. O valor nutricional está apenas em seus principais constituintes alimentares, que incluem amido, fibra alimentar e proteína. [1]

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As folhas também são fonte de fibras alimentares, minerais, vitaminas e aminoácidos essenciais. Acredita-se que os constituintes dietéticos menores da maca estejam amplamente envolvidos em vários benefícios biológicos. Uma variedade de compostos com significado farmacológico e nutricional em raízes de maca e folhas incluem polissacarídeos não amiláceos e polifenóis. [2]

Esses componentes sozinhos ou em combinação na maca mostraram uma variedade de bioatividades em sistemas modelo, incluindo promoção da saúde reprodutiva, neuroproteção, capacidade antioxidante, antifadiga, anticâncer, imunomodulação etc. Uma boa aplicabilidade com grande potencial é a sua capacidade de aditivo alimentar para funções tecnológicas específicas, por exemplo, texturização, antioxidante e antimonial. [1,2]

Sendo um dos componentes principais os teores de fibras alimentares solúveis e insolúveis variaram de 2,6 a 7,7% e 14,8 a 22,4%, respectivamente. Já os carboidratos são os que são mais abundantes nas raízes da maca ficando em torno de aproximadamento 46–74% (peso seco) [3,4,5]. O seu teor de amido é semelhante ao da raiz de batata doce, ficando em torno de 37% a 77%. [6,7]

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Maca peruana e diabetes

Estudos de Cisneros et al. e Rodrigo et al. [8,9] avaliaram vinte e quatro ratos aleatoriamente designados para grupos para estudar a influência da maca peruana amarela no diabetes. Os animais receberam 4 e 6 g dia de farinha de maca peruana amarela e foram comparados a um grupo controle induzido com diabetes e tratados com drogas. A ingestão de 6 g dia produziu uma redução na níveis de glicose entre 35 e 57,8%, e a dose de 4 g dia apresentou um decréscimo de 20-34,4%.

Em relação à peroxidação lipídica, as doses de 4 e 6 g dia de maca inibiu o dano oxidativo em comparação com o grupo controle tratado com droga. Rodrigo et al [8,9]  também observaram um aumento significativo nos valores de insulina em animais diabéticos em comparação com o grupo controle grupo tratado com drogas.

Dezenas de estudos apresentam resultados animadores acerca dos benefícios da Maca Peruana, a seguir um resumo com suas possíveis aplicabilidades.

Neuroprotetor – Melhoria da função cognitiva em pacientes com acidente vascular cerebral e animais e humanos relacionados à idade, redução do estresse oxidativo, ação anti-inflamatória, regulação de fatores de transcrição e inibição de proteínas [10 -13]

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Dermatológica – Prevenção e melhora dos danos à pele causados ​​pela radiação UV e aceleração da cicatrização de feridas em grandes altitudes [14,15]

Diabetes – Redução nos níveis de glicose e níveis mais baixos de oxidação lipídica inibindo o dano oxidativo no fígado, um aumento significativo nos valores de insulina e um aumento no conteúdo de glutationa déficits [16,17]

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Fertilidade – Melhora no desejo sexual, volume de ejaculação, concentração de espermatozóides e contagem total de espermatozóides  [18 -21]

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Energizante – Proporcionar uma melhora física nos atletas e em todos. Maiores níveis de resistência e enzima superóxido dismutase, e menores níveis de catalase, lactato desidrogenase e peroxidação lipídica [22,23]

Anti-fadiga – Melhora da atividade enzimática da glutationa peroxidase e creatina quinase e, auxiliando no retardo do aparecimento dos sintomas de fadiga. Aumentando a capacidade antioxidante e acelerando a conversão de energia em ATP. Diminuindo o nível de nitrogênio uréia. Aumento do nível de glicogênio (efeito dose-dependente). [24-26]

Inseticida – Possível efeito inseticida no controle do mosquito da dengue [27]

Antioxidante – Efeito antioxidante intermediário, em que a atividade antioxidante depende da concentração do extrato e do microambiente em que o composto está localizado. Atividade antioxidante capaz de inibir a formação de produtos de oxidação [28,29]

A Maca peruana vem sendo destaque na literatura para o tratamento de diversas doenças e disfunções. Porém ainda existe uma falta de estudo em humanos, para que de fato seja avaliada a sua função farmacológica. Assim como uma análise mais profunda em relação a sua forma de extração a qual também pode diversificar a sua função farmacológica devido aos diferentes grupos bioativos obtidos. Com isso, muitas técnicas ainda precisam ser exploradas, mas os estudos iniciais se mostram bastante promissores.

 

Referências

[1] Wang S, Zhu F. Chemical composition and health effects of maca (Lepidium meyenii). Food Chem. 2019 Aug 1;288:422-443. doi: 10.1016/j.foodchem.2019.02.071. Epub 2019 Feb 22. PMID: 30902313.

[2] Jin, W., Chen, X., Huo, Q., Cui, Y., Yu, Z., & Yu, L. (2018). Aerial parts of maca (Lepidium meyenii Walp.) as functional vegetables with gastrointestinal prokinetic efficacy in vivo. Food & Function, 9, 3456–3465.

[3] Wang, W., Zou, Y., Li, Q., Mao, R., Shao, X., Jin, D., et al. (2016). Immunomodulatory effects of a polysaccharide purified from Lepidium meyenii Walp. on macrophages

[4] Tang, W., Jin, L., Xie, L., Huang, J., Wang, N., Chu, B., et al. (2017). Structural characterization and antifatigue effect in vivo of maca (Lepidium meyenii Walp) polysaccharide. Journal of Food Science, 82, 757–764.

[5] Rondán-Sanabria, G. G., Valcarcel-Yamani, B., & Finardi-Filho, F. (2012). Effects on starch and amylolytic enzymes during Lepidium meyenii Walpers root storage. Food

[6] Wang, S., Nie, S., & Zhu, F. (2016). Chemical constituents and health effects of sweet potato. Food Research International, 89, 90–116.

[7] Zhang, L., Li, G., Wang, S., Yao, W., & Zhu, F. (2017). Physicochemical properties of maca starch. Food Chemistry, 218, 56–63.

[8] R. Cisneros, R. Oré, I. Arnao and S. Suárez, Relación de glutatión reducido/oxidado (GSH/GSSG) en ratas diabéticas tratadas con maca (Lepidium meyenii walp), An. Fac. Med., 2011, 72, 107–111.

[9] M. E. Rodrigo, R. Valdivieso, S. Suárez, R. Oriondo and R. Oré, Disminucion del daño oxidativo y efecto hipoglicemiante de la maca (Lepidium meyenii Walp) en ratas con diabetes inducida por streptozotocina, An. Fac. Med., 2011, 72, 7–11.

[10] Pino-Figueroa, D. Nguyen and T. J. Maher, Neuroprotective effects of Lepidium meyenii (Maca), Ann. N. Y. Acad. Sci., 2010, 1199, 77–85

[11] D. Nguyen, A. Pino-Figueroa and T. J. Maher, In vitro evaluation of the neuroprotective effects of Lepidium meyenii (maca) in crayfish neuronal and rat neuroblastoma cell lines, FASEB J., 2009, 23, 77–85.

 [12] H. Wu, C. J. Kelley, A. Pino-Figueroa, H. D. Vu and T. J. Maher, Macamides and their synthetic analogs: evaluation of in vitro FAAH inhibition, Bioorg. Med. Chem., 2013, 21, 5188–5197.

[13] G. F. Gonzales, S. Miranda, J. Nieto, G. Fernández, S. Yucra, J. Rubio, P. Yi and M. Gasco, Red maca (Lepidium meyenii) reduced prostate size in rats, Reprod. Biol. Endocrinol., 2005, 3, 1–16.

[14] C. Gonzales-Castaneda and G. F. Gonzales, Hypocotyls of Lepidium meyenii (maca), a plant of the Peruvian highlands, prevent ultraviolet A-, B-, and C-induced skin damage in rats, Photodermatol., Photoimmunol. Photomed., 2007, 24, 24–31.

[15] D. Nuñez, P. Olavegoya, G. F. Gonzales and C. GonzalesCastaneda, Red Maca (Lepidium meyenii), a Plant from the Peruvian Highlands, Promotes Skin Wound Healing at Sea Level and at High Altitude in Adult Male Mice, High Alt. Med. Biol., 2017, 18, 372–383

[16] J. Rubio, M. Caldas, S. Dávila, M. Gasco and G. F. Gonzales, Effect of three different cultivars of Lepidium meyenii (Maca) on learning and depression in ovariectomized mice, BMC Complementary Altern. Med., 2006, 6, 1–7.

[17] J. Rubio, H. Dang, M. Gong, X. Liu, S. L. Chen and G. F. Gonzales, Aqueous and hydroalcoholic extracts of Black Maca (Lepidium meyenii) improve scopolamineinduced memory impairment in mice, Food Chem. Toxicol., 2007, 45, 1882–1890

[18] G. F. Gonzales, A. Córdova, K. Vega, A. Chung, A. Villena, C. Góñez and S. Castillo, Effect of Lepidium meyenii (MACA) on sexual desire and its absent relationship with serum testosterone levels in adult healthy men, J. Androl., 2002, 34, 367–372.

[19] I. Melnikovova, T. Fait, M. Kolarova, E. C. Fernandez and L. Milella, Effect of Lepidium meyenii Walp. on Semen Parameters and Serum Hormone Levels in Healthy Adult Men: A Double-Blind, Randomized, Placebo-Controlled Pilot Study, J. Evidence-Based Complementary Altern. Med., 2015, 2015, 6.

[20] C. Clément, J. Kneubühler, A. Urwyler, U. Witschi and M. Kreuzer, Effect of maca supplementation on bovine sperm quantity and quality followed over two spermatogenic cycles, Theriogenology, 2010, 74, 173–183

[21] C. D. Prete, S. Tafuri, F. Ciani, M. P. Pasolini, F. Ciotola, S. Albarella, D. Carotenuto, V. Peretti and N. Cocchia, Influences of dietary supplementation with Lepidium meyenii (Maca) on stallion sperm production and on preservation of sperm quality during storage at 5 °C, Andrology, 2018, 6, 351–361.

[22] G. Ronceros, W. Ramos, F. Garmendia, J. Arroyo and J. Gutiérrez, Eficacia de la maca fresca (Lepidium meyenii walp) en el incremento del rendimiento físico de deportistas en altura, An. Fac. Med., 2005, 66, 269–273.

 [23] S. Suárez, R. Oré, I. Arnao, L. Rojas and J. Trabucco, Aqueous Lepidium meyenii Walp (maca) extract and its role as an adaptogen, in an endurance animal model, An. Fac. Med., 2009, 70, 181–185.

[24] W. Tang, L. Jin, L. Xie, J. Huang, N. Wang, B. Chu, X. Dai, Y. Liu, R. Wang and Y. Zhang, Structural Characterization and Antifatigue Effect In Vivo of Maca (Lepidium meyenii Walp) Polysaccharide, J. Food Sci., 2017, 82, 757–764.

 [25] L. Zhang, G. Li, S. Wang, W. Yao and F. Zhu, Physicochemical properties of maca starch, Food Chem., 2017, 218, 56–63.

[26] J. Li, Q. Sun, Q. Meng, L. Wang, W. Xiong and L. Zhang, Anti-fatigue activity of polysaccharide fractions from Lepidium meyenii Walp. (maca), Int. J. Biol. Macromol., 2017, 95, 1305–1311.

[27] L. L. R. Paredes, Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Bioquímica da Universidade Federal do Paraná, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Ciências-Bioquímica, Universidade Federal do Paraná, 2009

[28] R. Cuentas, L. De la Cruz, G. Hernández, I. Mateo and C. Castañeda, Evaluación del efecto antioxidante de hojas de Lepidium peruvianum Chacón, “maca”, Horiz. Med., 2008, 8, 45–55.

[29] D. R. Soares, Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação), Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 2015.

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