Os alimentos possuem uma variedade de propriedades e compostos bioativos que nos auxiliam na saúde. Atualmente os que merecem destaque e que tem uma boa relação com a imunidade é a própolis, glutamina e whey protein (1). O sistema imunológico deficiente é um fator de risco para o desenvolvimento de muitas doenças e inclusive para o agravamento da COVID-19 que apresenta sintomas que incluem a síndrome respiratória, febre, tosse, falta de ar e dispneia. Em casos mais graves a doença pode desencadear a pneumonia, síndrome respiratória aguda grave, insuficiência renal e até a morte (2). As pessoas que apresentam diabetes, hipertensão, asma, doença renal e doença pulmonar são consideradas de alto risco. O estado de saúde e o reforço do sistema imunológico para as pessoas que apresentam ou não as comorbidades é fundamental (2,3, 5).
A introdução de produtos naturais é uma alternativa, devido aos seus efeitos medicinais observados desde a antiguidade. O seu uso não visa substituir os medicamentos, mas tem um papel importante, sendo uma opção de escolha terapêutica (5).
A própolis é um desses componentes terapêuticos que tem mostrado eficácia na melhora da imunidade. Ela é produzida pelas abelhas a partir de resinas coletadas em diferentes partes das plantas como as flores, folhas, cascas e caule de plantas aos quais as abelhas adicionam suas enzimas salivares, cera e pólen dando origem ao produto (3). Utilizada pelas abelhas para montar suas colmeias na vedação, forro, impermeabilização de água ou proteção contra crescimento microbiano e fúngico. Essa substância tem sido muito estudada por apresentar propriedades biológicas aplicáveis na medicina e por contribuir com a melhora do sistema imunológico. Os compostos presentes na própolis conhecidos como fotoquímicos tem ação promissora na COVID 19, doenças respiratórias, diabetes, hipertensão e prevenção do câncer (3,4). Esses compostos são conhecidos como quercetina, miricetina e ácido cafeico com potencial ação na imunorregulação de citocinas pró inflamatórias que incluem a redução de IL-6, IL-1, beta e TNF-α, reduzindo a cascata inflamatória atuando de forma potencial contra o alvo viral. A ação da própolis também parece estar associada a redução do tempo de internação da COVID-19. O uso da própolis como opção terapêutica tem sido segura e somente apresenta contra indicações para as pessoas com alergia ao produto e para menores de um ano. A sua administração é fácil, podendo ser ingerida via oral através de cápsulas, que é uma opção muito interessante para as pessoas que não conseguem se adaptar ao sabor da própolis (4). Outro importante suplemento no sistema imune é a glutamina, um aminoácido encontrado de forma abundante no corpo dos mamíferos e que corresponde a cerca de 60% do pool total de aminoácidos livres garantindo aminoácidos para outros tecidos e órgãos. A glutamina apresenta papel fundamental no transporte de nitrogênio, carbono e energia entre os tecidos. Também é um precursor da glutationa um poderoso antioxidante produzido endogenamente (10,11). É um aminoácido não essencial, o que quer dizer que nosso corpo o produz, mas em condições especiais como patologias, atividades físicas intensas ou imobilização de membros, como no caso de internações prolongadas, a glutamina se torna um aminoácido condicionalmente essencial. Este aminoácido atua como uma fonte de combustível para certas células imunológicas como os linfócitos e macrófagos e pode ter um efeito especial na estimulação imunológica (11).
A suplementação de glutamina em situações especificas como o da COVID-19 está associada a inúmeros benefícios como, por exemplo, na promoção da integridade da barreira intestinal, fornece energia para células de defesa como os linfócitos e os macrófagos, tem papel fundamental na proliferação de células intestinais, suporte ao sistema imunológico, aumento da produção de glicogênio e efeitos anticatólicos. A glutamina atua como fonte de energia e alimento para as células do intestino, quando o corpo se encontra em situações de estresse como no caso de COVID 19, onde pode ocorrer a perda de massa muscular devido à inflamação, redução da atividade física provocada pelo isolamento social e em alguns casos de má alimentação além das condições psicológicas desencadeadas pelo isolamento social (5). É muito importante que haja quantidades suficientes de glutamina para atuar no sistema imune para que não ocorra prejuízos a saúde como translocação de bactérias patogênicas do intestino para corrente sanguínea. A mucosa intestinal é composta por estratégias, como as barreiras para proteger o organismo de possíveis infecções, dentre elas, pode-se destacar as mecânicas, químicas, biológicas e imunológicas. Essas barreiras evitam a entrada de antígenos externos, e desempenham um papel importante na prevenção da translocação de bactérias intestinais evitando as possíveis sepses (10)
A glutamina desempenha um papel fundamental também no turnover de proteínas musculares, e nas modulações das vias de sinalização celular, principalmente aquelas relacionadas à expressão de genes envolvidos na regulação de respostas inflamatórias e imunológicas. A glutamina também possui a capacidade de auxiliar na formação de outros aminoácidos, atuando na síntese de proteínas que exercem uma série de funções no organismo como, por exemplo, de enzimas que auxiliam na síntese e eliminação de substâncias tóxicas no organismo (11).
Whey protein é uma proteína extraída do soro do leite, rica em aminoácidos essenciais e possui alto valor nutricional, sendo bem digerida e facilmente absorvida, contribuindo com um rápido aumento dos aminoácidos no sangue e consistem principalmente em α-lactoglobulina, β-lactalbumina, albumina e imunoglobulinas. Contém também os peptídeos bioativos em suas sequências que atuam como promotor da saúde. Esses peptídeos bioativos apresentam vários benefícios à saúde, incluindo controle de peso, antidiabético, redução do estresse oxidativo célula (6).
O Whey protein também contém os aminoácidos de cadeias ramificadas como a leucina, isoleucina e valina que atuam na síntese de proteínas e como constituintes de proteínas musculares, e por esse motivo tem sido utilizado para idosos, melhora da imunidade com o objetivo de manter o crescimento e a força muscular (7, 9).
Um estudo realizado por Corrochano et al ( 2018) com objetivo de determinar o destino e a bioatividade das proteínas do soro de leite bovino após a digestão gastrointestinal, demonstrou em seus resultados que β-lactoglobulina e α-lactalbumina protegem as células intestinais humanas da formação de radicais livres. A lactoferrina também aumentou significativamente as quantidades das enzimas antioxidantes intracelulares superóxido dismutase 1, 2 e tioredoxina. Os perfis peptídicos do isolado de proteína de soro de leite, β-lactoglobulina, α-lactalbumina, albumina sérica bovina e lactoferrina revelaram vários peptídeos com potencial bioativo.
Lin et al (2020) avaliou uma dieta com suplementação rica em proteínas e pode observar uma melhora na ingestão adicional de proteína através de aconselhamento dietético na manutenção da massa muscular e força em idosos sarcopênicos. A sarcopenia é definida como uma síndrome caracterizada por declínios na massa e força do músculo esquelético ou uma alteração na função física, que está relacionada com a perda da qualidade de vida em idosos por aumentar os riscos de quedas, traumas, fragilidades e outros. Atualmente no momento que estamos vivendo de COVID-19 a sarcopenia tem sido observada em internações prolongadas tanto em idosos que apresentam uma preocupação, mas também em jovens que ficam internados por longos períodos devido ao agravamento da COVID-19. Um estudo realizado com 56 idosos sarcopênicos, onde uma parte do grupo foi orientado a consumir uma dieta rica em proteínas, comum através de aconselhamento, enquanto outro grupo recebeu um suplemento de proteína de soro de leite enriquecido com vitamina D e leucina por 12 semanas. Esse estudo mostrou que o grupo que recebeu suplemento obteve melhora na velocidade de marcha após 12 semanas da intervenção do suplemento, especialmente em indivíduos com menos de 75 anos.
Nabuco et al (2019), investigou os efeitos da suplementação de proteína de soro de leite, associada a treinamentos de resistência na composição corporal, força muscular, capacidade funcional e biomarcadores do metabolismo plasmático em mulheres idosas. Pode concluir neste estudo que o Whey protein combinada com treinamentos de resistência contribui na diminuição da massa de gordura total, melhorando a sarcopenia o que contribui para minimizá-la em mulheres com mais idade.
O uso do suplemento Whey Protein em idosos pode ser considerado uma alternativa interessante, principalmente porque nesta faixa etária muitos não conseguem atingir através da alimentação as recomendações proteicas diárias e esse grupo poderia beneficiar-se com o uso do suplemento.
Para atletas, diabéticos e pessoas que querem manter o controle do peso a suplementação é uma alternativa desde que aliada a práticas de atividades físicas em conjunto com alimentação equilibrada (8,9).
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Referências Bibliográficas
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Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/15/propolis-tem-resultado-promissor-em-pacientes-internados-com-covid-19.htm. Janeiro, 2020.
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Corrochano. A. R et al. Intestinal health benefits of bovine whey proteins after simulated gastrointestinal digestion. Journal of Functional Foods. v. 49, p. 526-535, 2018.
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Nabuco. H. C. G et al. Effect of whey protein supplementation combined with resistance training on body composition, muscular strength, functional capacity,and plasma-metabolism biomarkers in older women with sarcopenic obesity: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Clinical Nutrition ESPEN. n. 32, p. 88-95, 2019.
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Mosca. S.S; Sanches. R. A; Comune.A.C A Importância Dos Antioxidantes Na Neutralização Dos Radicais Livres: Revista Saúde em Foco – Edição nº 9 – Ano: 2017.