Enzima digestiva: para que serve? Essa é uma pergunta que muitas pessoas fazem ao se depararem com esse termo pela primeira vez. As enzimas digestivas são proteínas produzidas pelo nosso organismo para atuar na digestão de alimentos e correta absorção dos nutrientes.
Entretanto, há indícios de que fatores genéticos, estilo de vida e estresse, entre outros, podem alterar a produção dessas enzimas, interferir na saúde e causar sintomas desconfortáveis.
Nessas situações, a suplementação pode ser uma solução. Mas como fazer isso corretamente? Quando é realmente necessário? E, afinal, como funcionam as enzimas digestivas no corpo humano? Continue a leitura e entenda.
O que são enzimas digestivas?
As enzimas digestivas são substâncias produzidas pelo corpo que ajudam a quebrar os nutrientes dos alimentos, como as proteínas, lipídios e carboidratos. As enzimas atuam dividindo os nutrientes em moléculas menores, facilitando a absorção pelo organismo. Sem elas, o corpo teria dificuldade em processar e utilizar os nutrientes de maneira eficaz.
Entretanto, algumas pessoas podem ter uma quantidade reduzida de enzimas, o que tende a acarretar sintomas gastrointestinais e eventual desnutrição. Nesses casos, após avaliação de um especialista, a suplementação costuma ser indicada.
Enzima digestiva: para que serve?
Como vimos no tópico anterior, a principal função das enzimas digestivas é auxiliar o corpo na absorção de nutrientes e manutenção da saúde.
Em uma entrevista para a CNN, Caroline Tuck, nutricionista e professora sênior da Universidade de Tecnologia de Swinburne, em Melbourne (AUS), explica que as enzimas “decompõem nossos alimentos para que possamos absorver os nutrientes necessários para nossas funções corporais”.
Ou seja, as enzimas digestivas permitem que toda a riqueza nutricional dos alimentos possa ser, de fato, bem aproveitada pelo nosso organismo.
Como funciona a enzima digestiva no corpo humano?
As enzimas digestivas são produzidas em diferentes partes do sistema digestivo, como pâncreas, intestino delgado, estômago e até mesmo a boca. Uma vez quebrados pela ação das enzimas, os nutrientes são absorvidos pelas vilosidades intestinais, pequenas projeções na parede do intestino delgado.
As vilosidades contêm vasos sanguíneos e linfáticos que permitem o transporte desses nutrientes para a corrente sanguínea e células do corpo. No caso da suplementação, quando as enzimas são tomadas antes das refeições, elas podem começar a atuar assim que os alimentos chegam ao estômago e intestino delgado.
Quais são os principais tipos de enzimas digestivas?
Algumas das principais enzimas digestivas são a lipase, a amilase, a lactase e a protease. Conheça a função de cada uma delas a seguir:
- Amilase: encontrada na saliva e no suco pancreático, ela quebra o amido e o glicogênio em maltose e glicose;
- Lactase: auxilia a quebra da lactose, um açúcar presente no leite, e a transforma em glicose e galactose;
- Lipase: transforma os lipídios em ácidos graxos e glicerol;
- Protease: atua sobre as proteínas quebrando-as em aminoácidos para que desempenham diversas funções no organismo.
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Quais são os sintomas da falta de enzimas digestivas?
A falta de enzimas digestivas pode causar uma série de sintomas decorrentes da digestão inadequada e da má absorção de nutrientes.
Estudos científicos indicam os seguintes sintomas principais:
- Inchaço e gases abdominais;
- Diarreia;
- Desconforto e dor abdominal;
- Perda de peso;
- Fadiga e fraqueza;
- Deficiências nutricionais;
- Fezes oleosas (esteatorreia).
Quando se deve tomar enzimas digestivas?
A suplementação com enzimas digestivas pode ser recomendada nos casos em que o corpo não produz quantidade suficiente dessas substâncias para realizar a digestão de forma adequada.
Algumas condições em que isso acontece são:
- Pancreatite crônica;
- Intolerâncias alimentares;
- Cistos pancreáticos ou tumores benignos;
- Câncer de pâncreas;
- Cirurgia pancreática;
- Fibrose cística;
- Bloqueio ou estreitamento do ducto pancreático ou biliar;
- Diabetes.
Quais são os benefícios da enzima?
As enzimas digestivas, quando utilizadas de forma adequada e sob orientação médica, trazem diversos benefícios para a saúde. Por auxiliar na digestão e absorção dos nutrientes, elas contribuem para aliviar sintomas comuns como desconforto abdominal, inchaço, gases, azia e diarreia.
Por outro lado, é importante ressaltar que as enzimas digestivas são um complemento ao tratamento e não substituem uma alimentação equilibrada e um estilo de vida saudável.
Quais são os efeitos colaterais das enzimas digestivas?
Quando utilizadas corretamente, as enzimas digestivas geralmente são bem toleradas e causam poucos efeitos colaterais. No entanto, algumas pessoas podem experimentar desconforto abdominal, como gases, inchaço ou cólicas. Em casos mais raros, podem ocorrer náuseas ou vômitos.
Vale lembrar que cada organismo reage de forma diferente, e a ocorrência de efeitos colaterais varia de pessoa para pessoa. Por isso, é fundamental consultar um médico ou nutricionista antes de iniciar qualquer tipo de suplementação.
É possível aumentar as enzimas digestivas naturalmente?
É possível aumentar a produção de enzimas digestivas naturalmente através da alimentação. Para isso, é preciso escolher e introduzir o consumo de alimentos ricos nesse tipo de enzima, o que estimula o organismo a produzir mais dessas substâncias.
Quais são os alimentos ricos em enzimas digestivas?
Diversos alimentos são ricos em enzimas e podem auxiliar no processo digestivo. Alguns exemplos são:
- Banana verde: contém amilase, que auxilia na digestão de carboidratos;
- Abacaxi: contém bromelina, que ajuda na digestão de proteínas;
- Kiwi: contém actinidina, que também ajuda na digestão de proteínas;
- Mamão: contém papaína, que também ajuda na digestão de proteínas;
- Gengibre: contém diversas enzimas que auxiliam na digestão e aliviam o desconforto estomacal;
- Mel: contém amilase e protease, que quebram amidos e proteínas, respectivamente;
- Alimentos fermentados: kefir, kimchi e chucrute são ricos em probióticos e também são boas opções.
Qual a relação entre as enzimas e os probióticos?
As enzimas digestivas e os probióticos trabalham em sinergia para otimizar a digestão e a saúde intestinal. As enzimas quebram os alimentos em partículas menores, facilitando a absorção de nutrientes, enquanto os probióticos, microrganismos benéficos ao organismo, equilibram a flora intestinal, criando um ambiente favorável para a digestão e absorção.
A combinação de ambos, juntamente com uma dieta rica em fibras, promove a produção de ácidos graxos de cadeia curta (substâncias que fortalecem a barreira intestinal), regula o sistema imune e protege o organismo contra substâncias tóxicas.
Essa sinergia entre enzimas, probióticos e fibras é fundamental para uma saúde digestiva ideal e pode ser personalizada com o auxílio de nutricionista ou médico.
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Quando usar enzimas digestivas manipuladas?
As enzimas manipuladas são personalizadas conforme a indicação de um especialista. Após avaliação, esse profissional identifica a combinação específica de enzimas necessárias para o indivíduo, seja para atuar na digestão de lipídios, proteínas ou carboidratos.
Essa personalização é o que garante que as substâncias utilizadas atendam às necessidades do paciente de forma eficaz.
Como tomar enzimas digestivas?
As enzimas são mais eficazes quando ingeridas antes das refeições, idealmente 15 a 30 minutos antes do almoço e do jantar. Essa prática permite que as enzimas iniciem seu trabalho de quebra dos alimentos assim que ingressam no sistema digestivo.
É importante lembrar que elas devem ser ingeridas antes das refeições que contenham proteínas, carboidratos e gorduras, pois é nesses nutrientes que atuam de forma mais eficiente.
É possível usar enzima digestiva para emagrecer?
A ideia de que enzimas digestivas podem promover o emagrecimento é bastante comum, mas não é suportada por evidências científicas sólidas. Inclusive, alguns chamam as enzimas digestivas de “seca-barriga”. Contudo, isso se deve à melhora na digestão, redução da inflamação e recuperação da saúde intestinal.
As enzimas auxiliam na quebra dos alimentos, o que pode levar a uma sensação de saciedade mais rápida e reduzir o inchaço abdominal. Ou seja, isso não significa necessariamente perda de peso.
O processo de emagrecimento é a somatória de fatores como alimentação equilibrada, atividade física orientada por um profissional habilitado e estilo de vida equilibrado. Em todo caso, a ação das enzimas é fundamental para que haja aproveitamento dos nutrientes necessários à manutenção da saúde.
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Qual é a melhor enzima digestiva?
Não existe uma única enzima digestiva que seja a melhor para todas as pessoas. A escolha do tipo mais adequado depende de fatores individuais, como a causa dos problemas digestivos, a idade, a dieta e outras condições de saúde.
Por esse motivo, é fundamental consultar um profissional nutricionista ou médico para uma avaliação completa e prescrição personalizada. O especialista é quem pode identificar quais enzimas estão deficientes no organismo e prescrever a combinação mais eficaz para cada caso.
Conclusão
Se você se perguntava “enzima digestiva: para que serve, afinal?”, esperamos que este artigo tenha te ajudado a compreender. Embora sejam produzidas em nosso organismo de forma natural, não é incomum que algumas pessoas tenham uma produção deficiente.
Nesses casos, o uso de suplementos é um aliado na qualidade de vida, já que podem contribuir com a melhora na absorção de nutrientes essenciais ao organismo. Assim, é possível evitar problemas e desconfortos, e manter a saúde em boas condições.
Se esse conteúdo te ajudou, te convidamos para conferir também como melhorar a saúde do intestino.
Referências Bibliográficas
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