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DHA e EPA na saúde mental e cognitiva

Denominamos óleo de peixe dois tipos de ácidos graxos ômega-3, sendo eles: ácido eicosapentaenoico (EPA) e ácido docosahexaenoico (DHA). Essas gorduras ômega-3 geralmente são encontradas em peixes, produtos animais, e fitoplâncton. Esse composto é um ácido graxo poli-insaturado e por não ser sintetizado por mamíferos, também é denominado um ácido graxo essencial1.

O EPA se destaca na prevenção de doenças cardiovasculares e na hipertensão. O DHA apresenta benefícios na prevenção de doenças cardíacas e na redução dos níveis de triglicerídeos. Também é muito relevante seu uso no desenvolvimento da função visual e até mesmo cerebral2

Entretanto, além do ômega-3, há na nossa alimentação o ômega-6. Nos últimos 150 anos, os ácidos graxos ômega-3 foram sendo diminuídos em dietas ocidentais, se comparados ao ômega-6, devido aos interesses do agronegócio e o processamento de alimentos. Para melhorar a relação de omega-6/omega-3, é preciso diminuir a ingestão de ácidos graxos ômega-6 provenientes de óleos vegetais e aumentar a ingestão de óleos ricos em ômega-3 provenientes do consumo de peixe, de duas a três vezes por semana ou até mesmo através de suplementos5.

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Ômega 3 no desempenho cerebral e cognitivo

Dentre as diversas atuações dos ácidos graxos EPA e DHA, pode-se citar a  participação na regulação de vários processos biológicos, na resposta inflamatória, nas vias de sinalização metabólica e na função cerebral e cognitiva, sendo também uma excelente opção anti-inflamatória e antioxidante. O óleo de peixe tem um potente efeito de redução sobre os níveis de triglicerídeos e, de forma mais branda, sobre a pressão arterial em hipertensos, e uma notável melhora no humor de pessoas com depressão grave3,4,8.

Sabendo que o ômega 3 é um ácido graxo poliinsaturado de extrema relevância para a constituição das membranas celulares e regulação de processos inflamatórios, diversos estudos foram feitos para avaliar seu efeito no cérebro11-14.

O DHA encontra-se majoritariamente nas áreas mais metabolicamente ativas do cérebro, enquanto o EPA possui maior atividade anti-inflamatória no organismo. Muitos mecanismos são sugeridos para explicar a ligação entre ômega 3 e desordens psiquiátricas, sendo elas: alterações nas funções das membranas; estabilização do humor; aumento na expressão de BDNF (Brain-Derived Neurotrophic Factor), proteína envolvida na neuroproteção, incluindo sobrevivência neuronal, arborização dendrítica, plasticidade sináptica e neurodesenvolvimento; redução da inflamação e, por fim, mudança na síntese de eicosanóides, docosatrienos e de genes do sistema nervoso central11-14.

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O ácido docosahexaenóico (DHA), um dos componentes do w-3, ao ser incorporado às membranas celulares dos neurônios, pode levar à melhor ligação dos neurotransmissores aos seus receptores. O ácido eicosapentaenóico (EPA), outro componente do w-3, parece aumentar o suprimento de oxigênio e glicose para o cérebro e proteger contra o estresse oxidativo11-14.

Visto seu efeito cerebral, é preconizado que a suplementação de DHA e EPA em períodos críticos de desenvolvimento, como a gestação e lactação, é essencial para a maturação cortical, sinaptogênese e mielinização, podendo também reduzir o risco de déficits cognitivos e psicopatológicos na idade adulta11-14.

Além disso, estudos mostram que 1,5 a 2g de EPA consumidos diariamente através da suplementação melhorou de forma significativa o humor de pacientes com depressão11-14.

Suplementação de Ômega 3, DHA e Esteatose Hepática | Blog Nutrify

Considerações finais

Sendo assim, destaca-se a importância não apenas de hábitos nutricionais saudáveis, mas também terapias nutricionais como coadjuvantes, sendo o caso da suplementação de ômega 3.

A prática de atividades que proporcionem prazer e bem estar geral ao indivíduo, além de exercícios físicos feitos regularmente e manejo do estresse do dia a dia! Priorizar este contexto de equilíbrio previne o desenvolvimento da depressão e proporciona melhor qualidade de vida.

 

Referências bibliográficas

  1. Coqueiro, D. P., Bueno, P. C. dos S., & Simões, M. de J. USO DA SUPLEMENTAÇÃO COM ÁCIDOS GRAXOS POLI-INSATURADOS OMEGA-3 ASSOCIADO AO EXERCÍCIO FÍSICO: UMA REVISÃO. Pensar a Prática, 14(2), 2011.
  2. VAINIO, H.; MUTANEM, M. Functional foods. Bluring the distinction between food and medicine. Scandinavian Journal of Work, Environment & Health,v.26, n.2, p. 178-180, 2000.
  3. Oelrich B, Dewell A, Gardner CD. Effect of fish oil supplementation on serum triglycerides, LDL cholesterol and LDL subfractions in hypertriglyceridemic adults. Nutr Metab Cardiovasc Dis. (2011).
  4. Simão AN, et al. Blood pressure decrease with ingestion of a soya product (kinako) or fish oil in women with the metabolic syndrome: role of adiponectin and nitric oxide. Br J Nutr. (2012).
  5. SIMOPOULOS, A. P. n-3 fatty acids in the prevention-management of cardiovascular disease. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, v.75, p. 234-239, 1997.
  6. SIMOPOULOS, A. P. Omega-3 fatty acids in inflammation and autoimmune diseases. Journal of the American College of Nutrition, v. 21, n.6, p. 495-505, 2002.
  7. Souza Jr. TP, Oliveira PR, Pereira B. Exercício físico e estresse oxidativo: Efeitos do exercício físico intenso sobre a quimioluminescência urinária e malondialdeído plasmático. Rev Bras Med Esporte 2005;11:91-6.
  8. Liao Y, et al. Efficacy of omega-3 PUFAs in depression: A meta-analysis. Transl Psychiatry. (2019).
  9. BARBALHO, S. M.; BECHARA, M.D.; QUESADA, K. R.; GOULART, R. A.
  10. Papel dos ácidos graxos ômega 3 na resolução dos processos inflamatórios. Medicina (Ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v.44, n.3, p. 244-250, set. 2011.
  11. CORTES, M. L. et al. Uso de terapêutica com ácidos graxos ômega-3 em pacientes com dor crônica e sintomas ansiosos e depressivos. Revista Dor, São Paulo, v. 14, n. 1, p.48-51, 2013. Bimestral.
  12. FIGUEIREDO, R. M. S. Influência do ômega 3 na depressão. 2009. 53f. Monografia (Ciências da Nutrição e Alimentação) – Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto, Porto, 2009.
  13. JORDE, R.; SNEVE, M.; FIGENSCHAU, Y.; SVARTBERG, J.; WATERLOO, K. Effects of vitamin D supplementation on symptoms of depression in overweight and obese subjects: randomized double blind trial. Journal of Internal Medicine, Tromso, v. 264, n.6, p.599-609, dez. 2008.
  14. KIECOLT-GLASER, Janice K. et al. Omega-3 supplementation lowers inflammation and anxiety in medical students: A randomized controlled trial. Brain, Behavior, And Immunity,v. 25, n. 8, p.1725-1734, nov. 2011. Elsevier BV.

 

Gabriela Motta

@nutrigabrielamotta

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