Uso de Creatina para Sarcopenia e Osteoporose | Blog Nutrify

Uso de Creatina para Sarcopenia e Osteoporose

A creatina é uma molécula que é produzida no corpo, principalmente no fígado, a partir dos aminoácidos glicina, arginina e metionina, sendo caracterizado por ser um dos suplementos mais bem pesquisados e eficazes1. O fosfato de creatina, também denominada de fosfocreatina,  funciona como um reservatório de fosfato, sendo encontrado em grande quantidade nos músculos esqueléticos e no coração. Dentre as fontes alimentares de creatina, destacam-se a carne, aves e peixes, contendo cerca de 4 a 5 gramas por kilo de creatina1.

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Apesar de sua grande popularidade e aplicabilidade no meio esportivo, proporcionando aumento indireto da massa muscular magra, força e capacidade de exercício quando usado com exercícios de curta duração e alta intensidade, seu uso no aspecto clínico também é de extrema relevância, como por exemplo na saúde feminina em diversas perspectivas2.

Creatina e seu impacto na osteoporose e sarcopenia

A sarcopenia é definida como perda progressiva de força, massa muscular e desempenho. Podemos classificar em primária, que ocorre decorrente ao envelhecimento, e secundária, devido aos fatores multifatoriais, como: sedentarismo, dieta abaixo do ideal, doenças crônicas, certos tratamentos farmacológicos, ou repouso por longos períodos, como os acamados, por exemplo3,4.

A perda da massa muscular pode ser considerada um processo normal do envelhecimento, mas a sarcopenia não. Ela pode trazer inúmeros malefícios à saúde, como: incapacidade funcional, fragilidade, aumento no risco de quedas, redução da qualidade de vida, dependência de cuidadores e, como consequência, elevar os custos de hospitalizações e do Sistema de Saúde5,6,7,8.

A prevalência varia de acordo com a idade, acometendo 13-24% dos indivíduos, entre 65-70 anos, e mais de 50% na população acima de 80 anos, principalmente idosos do sexo masculino8,9,10.

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Por já sofrerem a perda de massa magra como supracitado, os idosos parecem ser mais responsivos com a suplementação. Associá-la ao treino resistido com peso, diminui o declínio da força e massa muscular. Cabe mencionar que, hipertrofia no idoso significa funcionalidade dos músculos e realizações das atividades cotidianas, como caminhar sem auxílio de terceiros, subir escada sem esforço, bem como diminuir a fraqueza muscular a fim de evitar queda e fratura óssea11,12.

Além disso, em grande parte das mulheres que possuem em torno de 48 e 50 anos ocorre o climatério, o qual é definido pela Organização Mundial da Saúde como sendo uma fase biológica da vida e não um processo patológico, compreendendo desde a transição entre o período reprodutivo até o não reprodutivo da vida da mulher, sendo a menopausa um marco dessa fase14.

Esse processo é marcado pelo hipoestrogenismo, ocorrendo a diminuição da massa óssea e proporcionando fragilidade esquelética, diminuindo a resistência do osso, além da perda gradual e generalizada de massa muscular e força relacionada à senescência, denominada sarcopenia e até mesmo o aparecimento de osteoporose. Diante desse cenário, existem duas intervenções necessárias e que devem ser incentivadas: exercício físico e alimentação13.

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De forma independente da síntese de proteínas, por meio da suplementação de creatina é possível observar o aumento do tamanho da fibra muscular, fator correlacionado ao aumento do teor de água nas células musculares. Além disso, é visto uma regulação positiva em diversos genes causada pelo inchaço celular envolvendo o recrutamento de células satélites, como por exemplo esfingosina quinase-1, em conjunto ao teor de proteína de PKBa/Akt1, p38 MAPK e ERK6, a hipertrofia muscular15.

Em situações em que o exercício de força também esteja acontecendo, ocorre maior benefício no aumento da massa corporal, força máxima, aumento da capacidade de elevação de peso, aumento da massa livre de gordura e aumento das proteínas miofibrilares16,17 como supracitado. Sendo assim, cabe avaliar a possibilidade de prescrição de creatina nos cenários em questão. Afinal, entre os benefícios da creatina está a produção de energia para as células musculares.

Considerações finais

Dessa forma, a suplementação de creatina pode ser uma ótima aliada nos mecanismos naturais decorrentes da idade e contexto hormonal da menopausa, sarcopenia e, consequentemente, osteoporose.

 

Referências bibliográficas

  1.   https://examine.com/supplements/creatine/
  2.   Gualano, B., Roschel, H., Lancha-Jr., AH et ai. Na doença e na saúde: a ampla aplicação da suplementação de creatina. Aminoácidos 43, 519-529 (2012).
  3.   VISSER M., SCHAAP L. A. Consequences of sarcopenia. Clin Geriatr Med, 27, 387-99, 2011.
  4.   LANDI F., LIPEROTI, R., RUSSO  A., GIOVANNINI, S., TOSATO, M, BARILLARO, C., et al. Association of anorexia with sarcopenia in a community-dwelling elderly population: results from the ilSIRENTE study. Eur J Clin Nutr , 52:1261-8, 2013.
  5.   LANG T., STREEPER T., CAYTHON P., BALDWIN, K., TAAFFE D. R., HARRIS T. Sarcopenia: etiology, clinical consequences, intervention, and assessment. Osteoporos Int ,21, 543-59, 2010.
  6.   BAUMGARTNER R.N., KOEHLER K.M., GALLAGHER D., ROMERO  L., HEYMSFIELD S.B., ROSS R.R., et al. Epidemiology of sarcopenia among the elderly in New Mexico. Am J Epidemiol, 63, 147:755, 1988.
  7.   VERAS R.P. Estratégias para o enfrentamento das doenças crônicas: um modelo em que todos ganham. Rev Bras Geriatr Gerontol ,86, 14- 779, 2011.
  8.   JANSSEN I., SHEPARD D.S., Katzmarzyk PT, Roubenoff R. The healthcare costs of sarcopenia in the United States. J Am Geriatr Soc, 5, 52-80, 2004.
  9.   PADDON-JONES, D., SHORT,  K.R., Campbell WW, et al. Role of dietary protein in the sarcopenia of aging. Am J Clin Nutr, 87,1562S–6S, 2008.
  10. SAYER, A.A., SYDDALL H., MARTIN H., et al. The developmental origins of sarcopenia. J Nutr Health Aging, 12,427–32, 2008.
  11.   Dolan, E. et al. Muscular Atrophy and Sarcopenia in the Elderly: Is There a Role for Creatine Supplementation?. Biomolecules, vol. 9,11 (2019).
  12.   Harris, R C et al. Elevation of creatine in resting and exercised muscle of normal subjects by creatine supplementation. Clinical science (London, England : 1979), vol. 83,3 (1992).
  13. Vellas, B., et al. Implications of ICD-10 for sarcopenia clinical practice and clinical trials: report by the international conference on frailty and sarcopenia research task force. The Journal of Frailty & Aging, v. 7, n. 1, p. 2-9, 2018.
  14. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008. P. 192.
  15.   Safdar A, et al. Global and targeted gene expression and protein content in skeletal muscle of young men following short-term creatine monohydrate supplementation. Physiol Genomics. 2008;32(2):219-228.
  16. Santos, João Pedro Cardozo; et al. O uso da creatina no treinamento de força e na melhoria do desempenho físico. Research, Society and Development, v. 10, n. 11, e59101119410, 2021.
  17. Hespel P, Derave W. Ergogenic effects of creatine in sports and rehabilitation. Subcell Biochem. 2007;46:245-259.

 

Gabriela Motta

@nutrigabrielamotta

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