Constância alimentar ou rigidez alimentar? Entenda a diferença | Blog Nutrify

Constância alimentar ou rigidez alimentar? Entenda a diferença

A alimentação verdadeiramente saudável tem tudo a ver com equilíbrio e constância. Ou seja, uma rotina alimentar adequada às necessidades nutricionais de cada pessoa, que considere também aspectos biopsicossociais e possa ser mantida por um longo período.  

Nesse contexto, a disciplina é extremamente benéfica, mas é importante cuidar para que ela não se torne uma “prisão”, criando rigidez excessiva em um processo que deve ser orgânico.  

Por isso, vamos falar um pouco sobre as diferenças entre constância alimentar e rigidez alimentar.

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Das dietas padronizadas à consciência alimentar, uma evolução  

Cada vez mais, tem sido abordado na mídia – e nos consultórios – o risco da adoção indiscriminada de dietas altamente restritivas e do comportamento de demonizar determinados alimentos.   

Aquela coisa de “tal alimento pode, tal alimento não pode”; “esse alimento engorda, aquele emagrece”, sem considerar o contexto ou sequer a quantidade em que eles estão sendo consumidos.   

Essa abordagem reducionista dos alimentos e do próprio ato de se alimentar tem até um nome: nutricionismo. 

O termo – junção das palavras nutrição e reducionismo – foi cunhado pelo pesquisador Gyorgy Scrinis, professor de Políticas e Diretrizes Alimentares na Universidade de Melbourne. Seu livro Nutricionismo acabou se tornando referência para profissionais que buscam uma abordagem mais ampla do papel da nutrição na saúde e bem-estar humanos.  

Na alimentação, disciplina faz bem. Mas sem exageros! 

Seguir uma dieta restritiva por longos períodos pode ter consequências prejudiciais sob diversos aspectos: desde deficiência de vitaminas, até alterações emocionais e risco de desenvolvimento de transtornos alimentares.  

Cientes disso, muitas pessoas compreenderam que pular de uma dieta “maluca” a outra não é solução. Elas preferiram seguir o caminho de uma alimentação mais constante, capaz de trazer benefícios para seu corpo e que possa ser incorporada a seu dia a dia definitivamente. 

Justamente por se sentirem orgulhosas da disciplina adquirida, algumas dessas pessoas ficam arrasadas quando saem minimamente do plano alimentar. Elas temem que basta uma “escorregada” para pôr tudo a perder.  

É nessa hora que precisamos ter confiança no processo, compreendendo que o resultado da constância é o fortalecimento dos benefícios em longo prazo.   

Imagine que alguém esteja há meses se alimentando de forma variada, priorizando alimentos íntegros e evitando ultraprocessados, com ingestão adequada de micronutrientes etc. Será mesmo que o segundo pedaço de lasanha, naquele almoço especial na casa da mãe, precisa ser recusado a qualquer custo? 

Autoconhecimento é fundamental para uma alimentação consciente  

Desenvolver o autoconhecimento é a chave para que possamos abrir exceções em nossa rotina alimentar sem medo de que elas levem a algum tipo de comportamento indesejado, que comprometa os benefícios conquistados até então.  

Algumas situações podem desencadear o que chamamos de fome psicológica, ou seja, aquele momento em que o ato de comer está muito mais relacionado a suprir uma necessidade emocional do que física.  

Isso é negativo ou positivo? Depende. Saber ler as próprias emoções é importantíssimo para determinar.   

Há situações em que a pessoa recorre à alimentação para preencher vazios emocionais de forma equivocada (o famoso “descontar na comida” diante da tristeza, frustração, raiva…). Isso pode ser nocivo, uma vez que procura aplacar momentaneamente um sintoma sem investigar a raiz do problema. Mas nem toda fome psicológica deve ser negada, e satisfazê-la pode fazer parte de um estilo de vida saudável. 

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Alguns tipos de fome psicológica que podem ser reconhecidos no dia a dia:  

Fome social

A comida conecta as pessoas, sua carga cultural e social é tão importante quanto a nutricional. Em festas, por exemplo, geralmente há grande oferta de comidinhas gostosas e um clima descontraído, sem a pressão da rotina diária. A soma desses fatores tende a fazer com que, mesmo biologicamente saciados, a gente coma mais simplesmente porque está gostoso.  

Exagerar nessas ocasiões é normal, ninguém precisa se culpar! Se você mantém sua constância alimentar e faz isso em ocasiões especiais, tenha certeza de que aquela coxinha “a mais”, que te deu tanto prazer, não vai prejudicar sua saúde (ao contrário, vai tornar seu tempo de lazer ainda mais revitalizante). 

Fome emocional

Surge naqueles momentos em que buscamos algum tipo de conforto ou recompensa em um alimento que gostamos.  

Aqui, novamente, vale uma leitura sincera das próprias motivações. Não há problema algum em comer o bombom favorito para comemorar o sucesso de uma apresentação no trabalho a qual você se dedicou muito. Celebrar as próprias conquistas faz um bem incrível! 

Outra coisa, bem diferente, é acabar com a caixa de chocolate na tentativa de minimizar o desconforto de uma emoção ou sentimento com o qual não estamos conseguindo lidar, seja raiva, medo, estresse, frustração… 

Quando sabemos identificar nossas próprias emoções, podemos fazer escolhas alimentares muito melhores em qualquer situação.   

Alimentação saudável, parte de um contexto mais amplo de autocuidado 

Uma rotina alimentar saudável deve fazer parte de um estilo de vida em que o autocuidado é visto de forma abrangente.  

Exagerar na disciplina e adotar um comportamento alimentar totalmente engessado, preocupando-se 24 horas por dia com a “qualidade” do que se come, pode indicar que estamos mascarando questões como baixa autoestima e aceitação corporal e até mesmo transtornos emocionais.  

A atenção à saúde mental é elemento chave para quem busca qualidade de vida, saúde e longevidade.  

Constância alimentar x rigidez alimentar na prática  

Alguns exemplos que nos ajudam a identificar melhor a diferença prática entre constância e rigidez alimentar. 

Vale lembrar que estamos falando de modo geral. Pessoas com questões específicas de saúde (alergias alimentares ou diabetes, por exemplo) ou em determinados momentos de vida (como lactantes, gestantes, recém-operados etc.) podem precisar seguir padrões mais rígidos de alimentação, sem dúvida.  

Constância alimentar 

Rigidez alimentar  

Planejar as refeições da semana, para não ter que comer sempre “o que der” na hora.   Pautar todos os seus compromissos em função da alimentação. 
Conseguir desfrutar do prazer das guloseimas em eventos sociais sem cair em um comer compulsivo.  Não comer sequer um brigadeiro na festa de aniversário da melhor amiga (mesmo com muita vontade), porque “doce faz mal.”  
Não usar a comida como escape para desconfortos emocionais.   Negar totalmente o caráter afetivo e social da alimentação, não se permitindo jamais desfrutar de uma comfort food. 
Procurar compreender os aspectos nutricionais dos alimentos e seus impactos no corpo.  Reduzir os alimentos a seus nutrientes, desconsiderando sua integralidade e seu papel na qualidade de vida como um todo (física, social e emocional). 

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Referências: 

https://www.uol.com.br/vivabem/colunas/chef-funcional/2021/04/04/o-que-e-o-comer-consciente.htm 

https://www.ifpb.edu.br/princesaisabel/institucional/naps/materiais-do-setor-de-nutricao/e-book-comportamento-alimentar-saudavel.pdf 

https://ojoioeotrigo.com.br/2021/03/chega-ao-brasil-livro-que-influenciou-a-obra-de-michael-pollan/ 

 

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