Entenda mais sobre o Colágeno Tipo 3

Entenda mais sobre o Colágeno Tipo 3

Com o aumento da expectativa de vida, a qualidade do envelhecimento em todos os níveis que o englobam tem se tornado um foco de preocupação, tanto aos mais jovens quanto àqueles com idade mais avançada. Neste cenário a proposta de nutricosméticos tem ganhado destaque uma vez que, os ativos presentes nestes podem contribuir retardando os efeitos deletérios do envelhecimento como por exemplo a elasticidade e a umidade da pele preservando esses aspectos íntegros por mais tempo.

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Um dos nutricosméticos de destaque neste âmbito é o colágeno. O colágeno é uma das proteínas mais abundantes do corpo humano, e sua formação consiste em 33% de glicina e 22% de prolina e hidroxiprolina3.

O colágeno compreende 28 isoformas nomeadas em algarismos romanos, e as mais estudadas devido sua ação epitelial são as isoformas de I a III8. Cada tipo de colágeno aparece majoritariamente na composição de um tecido, sendo o tipo I mais comum na epiderme, tendões, ossos, ligamentos, veias e órgãos, o tipo II nos tecidos cartilaginosos, e o tipo III nos músculos, pele e vasos sanguíneos3.

Em 1971 o colágeno tipo III foi relatado pela primeira vez pelo grupo de Miller como uma proteína estrutural4,é codificado pelo gene COL3A1 localizado no cromossomo 2q317. Fundamentalmente ao que se refere à especificidade funcional do colágeno tipo 3, este consiste em manter a integridade arterial uterina e intestinal4 conferindo alongamento aos tecidos, majoritariamente apareece associado ao colágeno tipo I.

Como fontes alimentares, os colágenos se encontram majoritariamente no tecido conjuntivo de animais como por exemplo em preparações à base de caldo de ossos, na pele bovina; suína e de aves e peixes, salienta-se também que alimentos ricos em aminoácidos irão contribuir na formação do colágeno como por exemplo ovos, derivados do leite, leguminosas e nozes. Como agentes pró colágeno também entram os minerais cobre e zinco e as vitaminas biotina, C, A e E, e também a Coenzima Q10. Tais nutrientes são altamente biodisponíveis em frutas cítricas, vegetais verde escuros, nozes, abacate, cenoura e amêndoas. Existem também suplementos específicos contendo colágeno biodisponível, contemplando mais de uma isoforma cujo uso é bastante interessante quando bem direcionado.

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Funções:

Um dos papéis centrais do colágeno tipo III é que ele confere resistência elástica e contribui na manutenção da integridade dos órgãos. É também relatado que o mesmo apresenta ação promissora na agregação plaquetária inibindo-a, mas neste âmbito ainda são necessários mais estudos elucidando o mecanismo completo. Um outro papel importante se atribui à sua interação com receptores de membrana celular (integrinas), facilitando a migração, adesão, proliferação e diferenciação celular. (kuivanemi)

Uma condição genética denominada Síndrome de Ehlers-Danlos, denota aos portadores uma deficiência no metabolismo dos colágenos, conferindo aos mesmos hipermobilidade articular; envelhecimento prematuro exacerbado com maior predisposição à mortalidade precoce; ruptura vascular; degeneração dos tecidos musculoesqueléticos10.

O colágeno tipo III impacta de um modo geral na rede de formação dos colágenos fortalecendo-a como um todo, age também diretamente nas cartilagens, mediando também a formação dos demais colágenos10. Ressalta-se também que aparece como um protagonista no manejo de patologias relacionadas à inflamação como lesões, doenças vasculares e centralmente no processo cicatricial7.

É interessante sinalizar, que algumas condições genéticas e/ ou patológicas, conferem um aumento expressivo da deposição de colágeno tipo III na matriz tecidual, como por exemplo na cardiomiopatia dilatada;  cardiomiopatia restritiva idiopática; doença de crohn; insuficiência renal crônica. Nos casos citados o acúmulo de colágeno confere rigidez ao tecido, e ao que se sabe, o acúmulo se dá por desordens metabólicas e não por consumo excessivo. (kuivanemi)

Ações na epiderme

O que os estudos têm demonstrado é que a utilização dos peptídeos de colágeno (obtidos a partir do processo de hidrólise, parecem ser mais eficientes como agentes anti aging9.O colágeno hidrolisado apresenta uma gama de funções que tem sido cada vez mais estudadas, são elas: ação antioxidante; estímulo metabólico de tecidos distintos como tecido ósseo; cartilaginoso e epitelial 1;2;11.

Existem discussões acerca dos reais efeitos do colágeno na pele, onde alguns autores sugerem que as alterações positivas derivam exclusivamente do aumento da ingestão de aminoácidos e não da função dos peptídeos de colágeno em si. Visando demonstrar a efetividade isolada dos peptídeos de colágeno o grupo de Matsuda (2008), realizou um estudo em modelo animal em suínos, onde o grupo intervenção recebeu 0,2g/kg de colágeno hidrolisado, e o grupo controle lactoalbumina e água, durante 62 dias. Ao final da intervenção, os achados demonstraram que o grupo suplementado com os peptídeos de colágeno apresentaram maior densidade de fibroblastos, maior proliferação celular e aumento de síntese de colágeno na derme, enquanto o grupo controle não apresentou mudanças. O autor sugere então, que neste estudo as alterações na matriz dérmica foram colágeno-dependentes.

Ainda se tratando de modelos animais, o grupo de Liang (2010), realizou um ensaio com camundongos visando demonstrar os efeitos anti aging da suplementação com peptídeos de colágeno, seus achados foram bastante positivos, o grupo intervenção apresentou inibição da perda e fragmentação da matriz colágena, aumento da expressão gênica de pró colágenos I e III; aumento da expressão proteica também de pró colágenos I e III e redução do estresse oxidativo5.

A associação dos colágenos I e III parece ser benéfica no aumento de fibroblastos, o que reitera que a suplementação pode apresentar efeitos benéficos11.

Referências Bibliográficas:

  1.   Barati, Meisam, et al. “Collagen supplementation for skin health: A mechanistic systematic review.” Journal of Cosmetic Dermatology 19.11 (2020): 2820-2829.
  2.   de Miranda, Roseane B., Patrícia Weimer, and Rochele C. Rossi. “Effects of hydrolyzed collagen supplementation on skin aging: a systematic review and metaanalysis.” International Journal of Dermatology 60.12 (2021): 1449-1461.
  3.   León-López, Arely et al. “Hydrolyzed Collagen-Sources and Applications.” Molecules (Basel, Switzerland) vol. 24,22 4031. 7 Nov. 2019, doi:10.3390/molecules24224031
  4.   Kuivaniemi H, Tromp G. Type III collagen (COL3A1): Gene and protein structure, tissue distribution, and associated diseases. Gene. 2019 Jul 30;707:151-171. doi: 10.1016/j.gene.2019.05.003. Epub 2019 May 7. PMID: 31075413; PMCID: PMC6579750.
  5.   LIANG, J.; PEI, X.; ZHANG, Z. et ai. Os efeitos protetores da administração oral a longo prazo de hidrolisado de colágeno marinho de salmão chum na homeostase da matriz de colágeno na pele envelhecida cronológica de ratos machos Sprague-Dawley. J Food Sci; 75 (8): H230-8, 2010.
  6.   MATSUDA N, KOYAMA Y, HOSAKA Y, et al. Efeitos da ingestão de peptídeo de colágeno em fibrilas de colágeno e glicosaminoglicanos na derme. J Nutr Sci Vitaminol (Tóquio); 52 (3): 211-5,
  7.   Nielsen, M. J., & Karsdal, M. A. (2016). Type III Collagen. Biochemistry of Collagens, Laminins and Elastin, 21–30. doi:10.1016/b978-0-12-809847-9.00003-9
  8.   Ricard-Blum, Sylvie. “The collagen family.” Cold Spring Harbor perspectives in biology vol. 3,1 a004978. 1 Jan. 2011, doi:10.1101/cshperspect.a004978
  9.   Sato K. The presence of food-derived collagen peptides in human body-structure and biological activity. Food Funct 2017; 8: 4325–4330.
  10. Wang C, Brisson BK, Terajima M, Li Q, Hoxha K, Han B, Goldberg AM, Sherry Liu X, Marcolongo MS, Enomoto-Iwamoto M, Yamauchi M, Volk SW, Han L. Type III collagen is a key regulator of the collagen fibrillar structure and biomechanics of articular cartilage and meniscus. Matrix Biol. 2020 Jan;85-86:47-67. doi: 10.1016/j.matbio.2019.10.001. Epub 2019 Oct 23. PMID: 31655293; PMCID: PMC7137252.
  11. Zague, Vivian et al. Bases científicas dos efeitos da suplementação oral com colágeno hidrolisado na pele. Revista Brasileira de Nutrição Funcional – ano 15, nº65, 2016

Suellen Bueno

@suellenbueno_nutri

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