Colágeno e sua repercussão na saúde

A massa muscular esquelética humana representa até 35% do peso total do corpo e desempenha funções vitais como geração da força o que permite a locomoção. O metabolismo muscular compreende numerosos processos metabólicos incluindo armazenamento de energia, energia, funcionamento endócrino e até manutenção óssea. Sendo assim, a preservação ou mesmo aumento da musculatura esquelética são de fundamental importância para sustentar e melhorar muitas funções fisiológicas, incluindo um envelhecimento saudável, sendo um processo com maior manutenção possível das atividades diárias.

É conhecido que a massa muscular progressivamente aumenta e atinge seu pico aos 24 anos de idade, decaindo de forma lenta após esse período. Aos 45 aos, ocorre uma perda de massa muscular mais acentuada e aos 80 anos a massa muscular decai entre 30-50%.

 

 

 

Figura 1. Alterações da massa muscular com a idade

Dessa forma, é imprescindível a manutenção ou ganho de massa magra principalmente após os 45 anos. A fim de evitar as perdas de massa muscular e maior propensão às doenças metabólicas, como sarcopenia e osteoporose. Uma vez que a massa muscular libera substâncias que protegem os osteócitos da apoptose. O músculo, especialmente com a contração produz fatores de viabilidade dos osteócitos e, estes são perdidos com o envelhecimento.

O exercício resistido em combinação com a ingestão de proteínas é conhecido por estimular a síntese proteica muscular.  Nesse sentido, o colágeno representa uma família de 28 proteínas diferentes, que compõem cerca de 30% da massa total de todas as proteínas do corpo humano, desempenhando um papel fundamental na estrutura de vários tecidos, como pele e ossos, proporcionando rigidez, flexibilidade, tração, estrutura e integridade. Estudos recentes têm demonstrado que os peptídeos de colágeno em combinação com treino resistido aumenta a função muscular e a massa livre de gordura quando comparado somente ao treinamento.

Estudo controlado com placebo, realizado em 120 adultos (idade 30-60 anos), submetidos a treinamento de força (3 vezes/semana, durante 1 h, por 12 semanas), observou que a ingestão de peptídeos de colágeno (15g) posterior as sessões de treino, foi capaz de aumentar significativamente a massa livre de gordura e diminuir massa gorda, além de mostrar tendência de aumento de força em relação ao placebo.  A avaliação da composição corporal foi realizada através de técnica considerada padrão ouro, DEXA (absorciometria de raiosx de dupla energia), apresentando medição precisa e a força realizada por contração isométrica.

Corroborando com os achados do estudo anterior, uma pesquisa controlada com placebo, randomizada, e duplo-cego, com 25 praticantes de atividade física submetidos ao treinamento de força (3 vezes/semana, durante 1 h, por 12 semanas) e ingestão de peptídeos de colágeno (15g), também observou, através da comparação de valores de delta, aumento na massa livre de gordura e ganho de força no remo quando comparado ao placebo. A composição corporal foi avaliada por bioimpedância elétrica e a força avaliada pelo teste de 1-RM. Em adição, foi realizada uma biopsia do músculo vasto lateral para a avaliação proteômica (estuda a distribuição, abundância e interação de proteínas), as avaliações foram realizadas em 1377 proteínas e essas quantificadas pelo método Progenesis QI.

O grupo que consumiu peptídeos de colágeno apresentou maior número de proteínas expressas que o grupo placebo, análise mais precisa utilizando ontologia genética demonstrou que boa parte dessas proteínas estavam associadas ao metabolismo de proteínas contráteis nas fibras musculares, além de aumentar a expressão de colágeno 5 α-1, proteína associada a manutenção organizacional da matrix extracelular muscular (MEM) através da formação de colágeno tipo I. Adicionalmente, análise no sangue indicou a presença de hidroxiprolina após o consumo de peptídeos de colágeno, demonstrando que esses sujeitos foram capazes de absorver o peptídeo.

Já o consumo de peptídeos de colágeno por idosos com sarcopenia grau I e II demonstrou resultados semelhantes. A pesquisa foi realizada em 60 indivíduos idosos (idade > 65 anos), a avaliação foi randomizada, controlada com placebo e duplo-cego. Como resultado, houve eficácia da ingestão de peptídeos de colágeno (15g) associada ao treino de força (3 vezes/semana, durante 1 h, por 12 semanas), no ganho significativo de massa livre de gordura e força muscular comparado ao placebo. Além de ser observado diminuição da massa de gordura corporal. A composição corporal foi avaliada por DEXA e a força muscular medida pela avaliação isocinética da força do quadríceps.

O possível mecanismo para esses achados seria a via anabólica PI3K-Akt a qual tem função na expressão de colágeno do tipo I, melhorando MEM, associada ao aumento da força muscular, além disso, a proteína quinase ativada por mitógeno (MAPK) também pode fazer parte desse mecanismo, estimulando a síntese de proteínas miofibrilares e proteína alvo da rapamicina em mamífero (mTOR), como conhecido, aumenta a cascata de sinalização celular para síntese proteica, principalmente de proteínas contráteis envolvidas na hipertrofia muscular (actina e miosina), além da diferenciação de células satélites em musculares.

Dessa forma, evidências apontam que o colágeno pode ser um aliado a melhora da composição corporal, tanto em indivíduos adultos quanto em idosos, aumentando a massa livre de gordura, diminuindo a massa de gordura e, muitas vezes, elevando a força muscular, o que pode estar relacionado à melhora de parâmetros de saúde associados a manutenção da massa magra, principalmente em indivíduos idosos.

Referências:

https://doi.org/10.1016/j.archger.2015.06.009

https://doi.org/10.1152/jappl.2000.89.1.81

https://doi.org/10.1016/j.bone.2015.02.010

https://doi.org/10.1016/j.bone.2015.02.010

https://doi.org/10.3390/ijerph18094837

https://doi.org/10.3389/fphys.2022.838004

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