Colágeno e Ganho de Massa Muscular | Blog Nutrify

Colágeno e Ganho de Massa Muscular

O colágeno é uma das proteínas mais importantes produzidas pelo corpo humano constituindo cerca de um terço da proteína total em humanos, sendo sua estrutura primária formada a partir dos aminoácidos glicina (33%), prolina e hidroxiprolina (22%). Até o momento, foram identificados quase 28 tipos de colágenos, que se diferenciam de acordo com a quantidade e posição dos aminoácidos, assim como o tipo de ligação. Destes, alguns se destacam: colágeno tipo I (pele, ossos, dentes, tendões, ligamentos, ligaduras vasculares e órgãos); colágeno tipo II (cartilagens); colágeno tipo III (pele, músculos e vasos sanguíneos). Dentre as principais fontes de extração do colágeno, estão: o tecido bovino, a pele suína e as fontes marinhas (peixes e outros invertebrados)1.

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Este nutriente possui diversas aplicações devido às suas propriedades, como por exemplo: baixa viscosidade em soluções aquosas, odor neutro, incolor, transparência, emulsificação e estabilização, formação de espuma, formação de filme, molhabilidade, solubilidade, dispersibilidade, compressibilidade do pó, carreador de substâncias de baixa alergenicidade, bem como atividade antioxidante e antimicrobiana, tendo aplicações diversas nas áreas de cosmetologia e na indústria alimentícia1.

O colágeno possui como papel primário a manutenção da saúde do tecido conjuntivo e suas propriedades mecânicas da pele, visto que é um componente da matriz extracelular (MEC), sendo vital para a força, regulação e regeneração desse tecido2. Entretanto, devido à sua alta aplicabilidade e adesão dos indivíduos, é considerado uma opção interessante para o objetivo de ganho de massa muscular.

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Ganho de massa muscular

Como já se sabe, o aporte protéico diário recomendado é de 1,2 a 1,6 gramas por quilograma de peso corporal por dia, sendo distribuído uniformemente entre 3 a 4 refeições contendo ≥ 0,4 gramas de proteína por quilograma de peso corporal, favorecendo o crescimento e manutenção do músculo esquelético.

No entanto, diversos fatores podem corroborar para uma ingestão inadequada das fontes proteicas, variando desde preferências alimentares, ausência de conhecimento sobre alimentação e nutrição, fatores econômicos e psicossociais, até mesmo alterações fisiológicas, condição muito presente em idosos.

Apesar do colágeno não ser uma fonte proteica completa por não conter principalmente os aminoácidos essenciais, pode ser uma ótima opção principalmente para os idosos, visto que devido a sua palatabilidade possui ótima adesão dessa população, visto que este nutriente ao ser associado a uma dieta com quantidades adequadas de proteína poderia promover um equilíbrio nitrogenado, favorecendo no controle e até mesmo ganho de massa muscular5.

Além disso, os peptídeos de hidroxiprolil-glicina (Hyp-Gly) demonstraram fortes propriedades de sinalização e demonstraram induzir a diferenciação de mioblastos, bem como a hipertrofia do miotubo, ativando a via de sinalização mTOR6. Outro fator importante é que cerca de 10% dos músculos esqueléticos é constituído por colágeno, sendo um dos principais contribuintes para a função e a estrutura bioquímica dos músculos esqueléticos, dessa forma, parte do aumento da massa livre de gordura observado no estudo em questão pode estar relacionado ao aumento do conteúdo de colágeno do tecido conjuntivo intramuscular7,8.

Em um estudo conduzido por Denise e seus colaboradores (2015)4, idosos com sarcopenia foram avaliados para identificar a influência da suplementação proteica pós-exercício com peptídeos de colágeno em comparação a um placebo na massa muscular e função muscular após treinamento resistido. De acordo com os resultados obtidos, os peptídeos de colágeno aumentaram ainda mais os benefícios do treinamento resistido de 3 meses em idosos com sarcopenia quando comparado ao placebo. Dentre os resultados nos indivíduos do grupo suplementado com colágeno, esteve o maior aumento na massa livre de gordura e força muscular.

Em estudo conduzido por Hegemann, et al, 25 homens jovens foram submetidos a suplementação de 15g de peptídeo de colágeno ou um placebo dentro de 60 minutos após a sessão de treinamento de força, três vezes por semana, durante 12 semanas, e chegaram à conclusão de que a combinação do treinamento de força com a suplementação de colágeno traz efeitos mais significativos para o aumento da massa livre de gordura e força do que apenas com o treino resistido.

Sendo assim, o treinamento de força exerce papel fundamental para obter os benefícios referentes à suplementação de colágeno no ganho de massa muscular.

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Considerações finais

Os estudos trazem diversos benefícios do uso do colágeno em diversos contextos, entretanto, é necessário avaliar a necessidade e o benefício que deseja. Dessa forma, como supracitado, a suplementação de colágeno pode ser uma ótima aliada para a complementação da ingestão proteica diária dos indivíduos, principalmente nos idosos, visto que a dificuldade é maior de garantir o aporte proteico necessário e, consequentemente, auxiliar em patologias como a sarcopenia.

 

Referências bibliográficas

  1.   León-López A, Morales-Peñaloza A, Martínez-Juárez VM, Vargas-Torres A, Zeugolis DI, Aguirre-Álvarez G. Colágeno Hidrolisado—Fontes e Aplicações. Moléculas . 2019; 24(22):4031.
  2.   Frant z C, Stewart KM, Weaver VM. A matriz extracelular em resumo. J Cell Sci. 2010; 123 (24): 4195.
  3.   Denise Zdzieblik, Steffen Oesser, Manfred W. Baumstark, Albert Gollhofer, Daniel König. Collagen peptide supplementation in combination with resistance training improves body composition and increases muscle strength in elderly sarcopenic men: a randomised controlled trial Br J Nutr. 2015 Oct 28; 114(8): 1237–1245.
  4.   Zdzieblik D, Oesser S, Baumstark MW, Gollhofer A, König D. Collagen peptide supplementation in combination with resistance training improves body composition and increases muscle strength in elderly sarcopenic men: a randomised controlled trial. Br J Nutr. 2015;114(8):1237-1245.
  5.   Hays NP, Kim H, Wells AM, Kajkenova O, Evans WJ. Effects of whey and fortified collagen hydrolysate protein supplements on nitrogen balance and body composition in older women. J Am Diet Assoc 2009.
  6.   Kitakaze, T.; Sakamoto, T.; Kitano, T.; Inoue, N.; Sugihara, F.; Harada, N.; Yamaji, R. O dipeptídeo derivado do colágeno hidroxiprolil-glicina promove a diferenciação do mioblasto C2C12 e a hipertrofia do miotubo.
  7.   Turrina, A.; Martinez-Gonzalez, MA; Stecco, C. O sistema de transmissão de força muscular: Papel do tecido conjuntivo intramuscular. J. Bodyw. Movimento 2013, 17, 95-102.
  8.   Purslow, PP A estrutura e significado funcional das variações no tecido conjuntivo dentro do músculo. Comp. Bioquímica. Fisiol. Um Mol. Integr. Fisiol. 2002, 133, 947-966.

 

Gabriela Motta

@nutrigabrielamotta

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