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Benefícios do Azeite de Oliva

O azeite de oliva extravirgem (AOE) é produzido através da extração mecânica sem uso de calor ou solventes de azeitonas, fruto da árvore Olea europaea L., conhecida como oliveira, nativa da Ásia menor e Síria. Atualmente os maiores produtores de azeitonas e azeites são Espanha, Itália e Grécia (1).

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Existem diferentes formas de processamento do azeite, e o AOE possui um processamento mínimo, o que mantém os mais altos níveis de ingredientes benéficos.

É composto por principalmente por ácidos graxos (98-99%), onde 55 a 83% do total é composto por ácidos graxos monoinsaturados (MUFA) como o ácido oleico, além de outros componentes como fitoesteróis, esqualeno e tocoferóis. Esses componentes têm mostrado potencial como agentes antioxidantes, anti-inflamatórios e antimicrobianos (2) (5)

Fig.1 Principais componentes do Azeite de Oliva Extravirgem

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Adaptado de:  Extra virgin olive oil improves synaptic activity, shortterm plasticity, memory, and neuropathology in a tauopathy model (13)

A extração do azeite de oliva deve respeitar um procedimento adequado para evitar alterações em sua composição e qualidade: Coleta, classificação, lavagem, esmagamento, malaxação, separação e centrifugação, armazenamento e embalagem (5)

Fig. 2 Resumo do processo de extração do azeite

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Adaptado de Bioactive Compounds and Quality of Extra Virgin Olive Oil, Foods (5)

Sua acidez leva em consideração o teor de ácidos graxos livres com base na porcentagem de ácido oleico. Um azeite obtido a partir de azeitonas de qualidade e em condições ideais possui uma acidez mais baixa de até 0,8% (2)

Para que suas propriedades benéficas sejam mantidas, alguns cuidados são necessários para o armazenamento, como o controle de exposição à luz, temperatura, presença de oxigênio ou material da embalagem (2)

Óleos vegetais ricos em gorduras saturadas, são mais estáveis nos processos de cozimento e fritura do que os insaturados, porém possuem menos propriedades benéficas à saúde. O óleo de girassol, que é rico em gorduras insaturadas, aumenta as propriedades benéficas, mas pouca estabilidade térmica. O AOE possui um bom equilíbrio entre ácidos graxos monoinsaturados e poliinsaturados MUFA:PUFA, o que confere propriedades de estabilidade, sendo adequado para uso de fritura de alimentos (5)

O azeite de oliva extravirgem é elemento fundamental que compõe a Dieta do Mediterrâneo, composta por vegetais, frutas, cereais, nozes e peixes, onde o consumo de gorduras monoinsaturadas, advindas do AOE, equivalem até 18% do total energético diário (3)

Os benefícios do AOE podem ser atribuídos aos compostos fenólicos, representados pelos álcoois fenólicos, hidroxitirosol e tirosol, e aos secoiridóides, que incluem oleocantal, aleaceína, oleuropeína e ligstrosídeo (15)

Existe uma dúvida muito frequente na população sobre quais gorduras são melhores para consumo, se podem ser aquecidas e quais os seus benefícios. Neste artigo abordaremos mais especificamente sobre os aspectos do AOE.

Fig. 3 Componentes Nutricionais Presentes no Azeite de Oliva Extravirgem

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Adaptado de The Secrets of the Mediterranean Diet. Does [Only] Olive Oil Matter? (11)

Atividade cardioprotetora

Sabemos que a alta ingestão de gordura saturada na dieta está associada a um aumento do risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, em contrapartida estudos mostram que os ácidos graxos monoinsaturados presentes no AOE possuem efeitos cardioprotetores (4) (1)

O estudo PREDIMED (PREvención com Dieta MEDiterránea) multicêntrico, randomizado, avaliou os efeitos da dieta mediterrânea em eventos clínicos de doença cardiovascular (DCV) (6)

Foram avaliados cerca de 7500 participantes com risco cardiovascular potencial, durante 4.8 anos e resultou em uma diminuição de 30% do desenvolvimento de DCV, como acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio em comparação com um grupo controle que seguiu uma dieta com baixo teor de gordura (6)

O efeito benéfico da dieta mediterrânea, em resumo, está relacionado principalmente as suas propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes (8)

O estresse oxidativo implica na patogênese de vários fatores de risco da aterosclerose, como hipertensão, diabetes e síndrome metabólica (11)

O consumo agudo do AOE também mostrou benefícios em marcadores cardiometabólicos, como redução dos níveis de glicose no sangue, triglicerídeos, aumento dos níveis de insulina e peptídeo semelhante ao glucagon (GLP-1), com 10g de AOE adicionado às refeições (9) (10)

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Microbiota intestinal

A obesidade, síndrome metabólica e até doenças neurodegenerativas estão relacionadas a saúde e microbiota intestinal (2)

A microbiota intestinal é crucial tanto para mediar a inflamação do hospedeiro, quanto para influencias sua saúde metabólica. A dieta é o principal fator para determinar a diversidade do microbioma. Uma dieta pobre em fibras e rica ácidos graxos saturados impulsiona a disbiose intestinal, o que impacta negativamente a saúde metabólica (12)

O consumo de AOE reduz a abundância de bactérias patogênicas, estimulando o crescimento de bactérias benéficas e aumentando a produção de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) que possuem efeitos anti-inflamatórios, e também influencia na saúde da mucosa intestinal, atuando como um prebiótico e antibacteriano.

Os AGCC gerados pela microbiota intestinal, podem aumentar as células T-reguladores (Treg), e a produção de citocina anti-inflamatórias, influenciando positivamente o sistema imunológico da mucosa (2)

A composição e diversidade da microbiota intestinal de camundongos, função imunológica intestinal e saúde metabólica em uma dieta composta por AOE demonstrou ser superior em comparação com dietas com baixo teor de gordura (12)

Saúde Cognitiva

A doença de Alzheimer (DA) e as taupatias estão relacionadas a distúrbios neurodegenerativos, cujos principais sintomas são perda de memória e déficits cognitivos (13)

Um estudo realizado em camundongos transgênicos tau (hTau), demonstrou que uma dieta rica em AOE melhorou a memória de trabalho, aprendizado espacial, atividade sináptica basal e plasticidade de curto prazo (13)

O nervo vago, metabólitos do triptofano e produtos microbianos, como os AGCC são as principais vias de comunicação entre a microbiota intestinal e o cérebro (7)

A microbiota intestinal pode afetar a função cerebral modulando neurotransmissores como serotonina, noradrenalina, dopamina, glutamato e GABA (7)

Um subestudo da dieta PREDIMED, onde foram avaliados vários testes neuropsicológicos, os participantes que consumiram a dieta mediterrânea com alto consumo de AOE melhoram a função cognitiva em comparação com aqueles que consumiram uma dieta com baixo teor de gorduras.

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Atividade antitumoral

Menor incidência de cânceres foram encontradas em países do mediterrâneo em comparação com os EUA e países europeus. O AOE está sendo amplamente estudado para avaliar sua atividade antitumoral e anticancerígena (5)

Diversos estudos mostraram que a ingestão de AOE está inversamente relacionada à prevalência de câncer, porém ainda não está claro se isso se deve aos ácidos graxos monoinsaturados ou aos componentes antioxidantes (14)

O composto fenólico secoiridóide possui propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e anti-proliferativas, mostrando sua ação anticancerígena (15)

Em resumo, um azeite de boa qualidade deve ter sua acidez baixa em até 0,8%, ser armazenado em local apropriado com controle de temperatura e iluminação. Sua maior parte é composta por ácidos graxos monoinsaturados (55-83%) e possui componentes fenólicos que apresentam atividades antioxidantes, anti-inflamatórias, antiproliferativas e antimicrobianas, portanto apresenta efeitos benéficos à saúde como atividade cardioprotetora, melhora da microbiota intestinal, melhora da função cognitiva e prevenção da doença de Alzheimer e também efeito antitumoral.

 

Referências

1 – Romani, A., et. Al., Health Effects of Phenolic Compounds Found in Extra-Virgin Olive Oil, By-Products, and Leaf of Olea europaea L., Nutrients, 2019

2 – Millman, J., et.Al., Extra-virgin olive oil and the gut-brain axis: influence on gut microbiota, mucosal immunity, and cardiometabolic and cognitive health ,Nutr Rev., 2021

3 – Davis, C., et Al., Definition of the Mediterranean Diet: A Literature Review, Nutrients, 2015

4 – Khaw, K., Randomised trial of coconut oil, olive oil or butter on blood lipids and other cardiovascular risk factors in healthy men and women, BMJ Open, 2018

5- Lopes, S., et Al., Bioactive Compounds and Quality of Extra Virgin Olive Oil, Foods, 2020

6 – González, M., Benefits of the Mediterranean Diet: Insights From the PREDIMED Study, Prog Cardiovasc Dis, 2015

7 – Sokala, K., et.Al., The role of microbiota-gut-brain axis in neuropsychiatric and neurological disorders, Pharmacological Research, 2021

8 – Finicelli, M., et. Al.,The Mediterranean Diet: An Update of the Clinical Trials, Nutrients, 2022

9 – Carvenale, R., et. Al., Extra virgin olive oil improves post-prandial glycemic and lipid profile in patients with impaired fasting glucose, Clinical Nutrition, 2017

10 – Paniagua, J., et. Al., A MUFA-rich diet improves posprandial glucose, lipid and GLP-1 responses in insulin-resistant subjects, J Am Coll Nutr, 2007

11- Mazzocchi, A., et. Al, The Secrets of the Mediterranean Diet. Does [Only] Olive Oil Matter?, Nutrients, 2019

12 – Millman, et. Al., Metabolically and immunologically beneficial impact of extra virgin olive and flaxseed oils on composition of gut microbiota in mice, Eur J Nutr, 2020

13 – Lauretti, E., et Al., Extra virgin olive oil improves synaptic activity, shortterm plasticity, memory, and neuropathology in a tauopathy model, Aging Cell, 2020

14 – Psaltopoulou, T., et. Al., Olive oil intake is inversely related to cancer prevalence: a systematic review and a meta-analysis of 13,800 patients and 23,340 controls in 19 observational studies, Lipids Health Dis., 2011

15 – Emma, M., et. Al., Potential Uses of Olive Oil Secoiridoids for the Prevention and Treatment of Cancer: A Narrative Review of Preclinical Studies, Int J Mol Sci., 2021

16 – Serreli, G., Deiana, M., Extra Virgin Olive Oil Polyphenols: Modulation of Cellular Pathways Related to Oxidant Species and Inflammation in Aging, Cells, 2020

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