A fibromialgia (FM) é uma doença crônica reumática não degenerativa que possui sua etiologia ainda desconhecida e é caracterizada pela manifestação de dor crônica em todo o corpo, que ocorre principalmente na musculatura do indivíduo. Apesar de poder ser diagnosticada em ambos os sexos, ocorre mais frequentemente em mulheres, não possuindo uma idade específica3.
Devido à sua sintomatologia ser variada, muitas vezes pode ser confundida com outros quadros clínicos. Juntamente à dor, ocorre sintomas de fadiga, sono não reparador, alterações de memória e atenção, além de ansiedade, depressão e alterações intestinais. Devido aos distúrbios gastrointestinais causados pela doença caracterizando muitas vezes uma Síndrome do Intestino Irritável (SII), a dieta restrita em FODMAPS tem tido crescente evidência científica como dietoterapia nesse contexto.
Para o tratamento da FM a equipe multidisciplinar deve ser abordada, podendo ser combinada com a presença ou não de fármacos. No caso do tratamento não farmacológico, a nutrição é considerada uma ótima aliada, incluindo estratégias na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis
As mais recentes guidelines6–8 sugerem que o tratamento da FM deve ser otimizado com uma abordagem multidisciplinar combinando o tratamento farmacológico com não farmacológico. No que diz respeito ao tratamento não farmacológico a nutrição poderá ser uma ferramenta promissora na FM. Duma forma geral a OMS suporta o papel central da dieta na prevenção das doenças não transmissíveis. 9 A mais recente revisão de Rossi e al. que relaciona nutrição e FM, conclui que um programa de tratamento que inclua estratégias de perda de peso, educação alimentar com intervenções dietéticas específicas e uma eventual suplementação nutricional bem dirigida, seria recomendado para os doentes com FM.4
Impacto da dieta Low FODMAPS na fibromialgia
Os FODMAPs (Fermentable Oligo-Di-Mono-saccharides And Polyols) são carboidratos de cadeia curta mal absorvidos, sendo eles: lactose, frutose livre, polióis, frutanos e galacto-oligossacarídeos. Uma dieta caracterizada por menor quantidade desses compostos é uma grande aliada para quadros de distúrbios gastrointestinais, como no caso da SII. Sabendo-se que grande parte dos indivíduos com fibromialgia possuem SII concomitantemente2, a conduta nutricional baseada em low FODMAPs passou a ser estudada como uma possível estratégia benéfica para os portadores da doença.
Dessa forma, um estudo intervencional avaliou 38 pacientes portadores de fibromialgia durante 4 semanas com uma dieta restrita em FODMAPS, com o intuito de analisar o impacto desde a sintomatologia da doença, até a melhora na qualidade de vida desses indivíduos. Sendo assim, verificou-se um impacto muito positivo na sintomatologia gastrointestinal associada à FM e na gravidade da FM, além do impacto da FM na vida diária deste grupo de pacientes.
Além disso, Marum e seus colaboradores (2016)3 associou a redução de sintomas gastrointestinais com a intervenção nutricional baixa em FODMAPs, diminuindo dor e repercussão funcional.
Considerações finais
Sendo assim, a atenção na alimentação é de extrema importância para que ocorra a redução de sinais e sintomas da fibromialgia e, assim, consequente melhora na qualidade de vida dos indivíduos portadores da doença.
Referências bibliográficas
- Pagliai G, Giangrandi I, Dinu M, Sofi F, Colombini B. Intervenções Nutricionais no Tratamento da Síndrome de Fibromialgia. Nutrientes. 2020;12(9):2525. Publicado em 20 de agosto de 2020.
- Helfenstein M., Heymann R., Feldman D. Prevalência da síndrome do intestino irritável em pacientes com fibromialgia. Rev. Bras. Reum. 2006; 46 :16–23.
- Marum, Ana Paula, Moreira, Cátia, Saraiva, Fernando, Tomas-Carus, Pablo and Sousa-Guerreiro, Catarina. “A low fermentable oligo-di-mono saccharides and polyols (FODMAP) diet reduced pain and improve ddaily life in fibromyalgia patients” Scandinavian Journal of Pain, vol. 13, no. 1, 2016, pp. 166-172.
- Examine – Fibromialgia.
Gabriela Motta
@nutrigabrielamotta