homem segurando um coração de brinquedo

Quais os benefícios da creatina para a saúde masculina?

A Creatina, como já bem definida, é composta pelos aminoácidos arginina, glicina e metionina, endogenamente é sintetizada no fígado, cérebro, rins e pâncreas, de maneira exógena, a creatina é consumida principalmente através de carne e/ou como suplemento dietético. As características dessa molécula impulsionaram diversos estudos sobre o seu efeito ergogênico e terapêutico. 

Creatina e ganho de massa muscular:   

O músculo esquelético apresenta um papel importante na manutenção do equilíbrio no organismo. A queda do conteúdo muscular foi associada ao aumento de processo inflamatório sistêmico e ainda, também está associada ao maior risco do desenvolvimento de doenças como a demência, eventos cardiovasculares e diabetes mellitus. 

Nesse sentido, a suplementação de creatina quando combinada com o treinamento de força leva ao maior desempenho físico, massa livre de gordura e melhor morfologia muscular. Ela eleva a concentração de fosfocreatina (PCr) muscular o que influencia na recuperação mais rápida de ATP (molécula que fornece energia para o organismo) para a regeneração do músculo, atenuando a fadiga.  Além disso, diminui os e1–15feitos da acidose muscular devido a alterações no pH. 

A creatina estimula a síntese proteica de forma indireta, sua ingestão leva ao aumento da osmolaridade celular, ocasionando edema e estímulo da expressão de fatores de crescimento miogênicos e, por consequência, induzem a ativação de células satélites, que estão envolvidas na hipertrofia. 

Como suplementar creatina:

A maneira mais eficaz de aumentar as reservas musculares de creatina é ingerir 5 g de creatina monoidratada (ou aproximadamente 0,3 g/kg de peso corporal) quatro vezes ao dia durante 5-7 dias. Uma vez os estoques de creatina saturados no músculo, estes podem ser mantidos com a ingestão de 3-5 g/dia, embora estudos indiquem que atletas maiores podem precisar de quantidades superiores como de 5-10 g/dia. Um protocolo alternativo é a ingestão de 3 g/dia durante 28 dias, esse método pode resultar em aumento gradual da creatina no músculo, com menor efeito na performance do exercício e/ou adaptações ao treinamento até que os estoques de creatina estejam saturados. 

Creatina e envelhecimento muscular

homem com a mão no joelho

A dinapenia (dyna=força; penia=perda), perde de força muscular associada à idade que não é causada por doenças neurológicas ou musculares, é um indicador de sarcopenia (perda da massa muscular). Ambos podem ser preditores de incapacidade em idosos. A força muscular permanece constante até a quinta década de vida e depois começa a decair a uma taxa de 1,2-1,5% ao ano. Concomitantemente, a massa muscular começa a diminuir 0,8% por ano após os 50 anos.

 Recente metanálise observou aumento significativo de massa magra (1,37 kg) e força máxima em membros superiores e inferiores em adultos e idosos (n=721, 57-70 anos de idade) após a ingestão de creatina associada ao treinamento de força comparado ao placebo (estudos variando de 10-52 semanas). Da maneira semelhante, outra metanálise demonstrou que o treinamento de força associado à suplementação de creatina pode atenuar alterações da sarcopenia e dinapenia, no que tange ao aumento de massa muscular livre, repetição máxima para o leg press e supino, além do efeito positivo no teste de se levantar e se sentar da cadeira por 30 segundos, com forte tendência para diminuição do percentual de gordura corporal. 

Creatina e efeito na cognição 

Os neurônios requerem um fornecimento constante de ATP para processos de funcionamento do cérebro. De maneira semelhante ao músculo, o cérebro necessita de creatina e Pcr para o rápido fornecimento de energia. Dessa forma, foi hipotetizado que a suplementação com creatina poderia afetar de maneira positiva funções cognitivas. 

Nesse sentido, indivíduos (68–85 anos) sem transtornos psiquiátricos e suplementados com creatina (20 g/dia, durante 7 dias) apresentaram melhora em parâmetros de memória (memória a longo prazo e recordação espacial para trás e para frente) comparados ao controle. Em adição, a suplementação de creatina (5 g/dia, durante 6 semanas), em adultos jovens vegetarianos, foi capaz de melhorar a pontuação em teste de memória (teste de dígitos) e de inteligência (matrizes progressivas de raven), ambas as tarefas exigem velocidade de processamento. 

suplemento creatina

Corroborando com esses achados, metanálise (281 indivíduos) relatou que o consumo de creatina pode melhorar testes de memória de curto prazo (memória espacial e varredura de memória) e inteligência/raciocínio. Os tratamentos eficazes foram: suplementação de 20 g/dia (divididos em 4 doses) durante 7 dias e 5 g/dia durante 2 ou 6 semanas.  De maneira interessante, a creatina também foi capaz de aumentar a função executiva (teste de geração de números aleatórios), associada a habilidades de planejamento e execução, em indivíduos com privação de sono de 36 horas. E, ainda, ela foi capaz de atenuar a fadiga mental e levar ao aumento do desempenho físico e mental de adultos (21-27 anos).

Em resumo, a ingestão de creatina vem demonstrando de forma robusta ser eficiente e segura como ergogênico. Além disso, novas abordagens para seu uso têm sido investigadas e os resultados são promissores. 

 

Referências:

  1. Son, J. W. et al. Low muscle mass and risk of type 2 diabetes in middle-aged and older adults: findings from the KoGES. Diabetologia 60, 865–872 (2017).
  2. Tuttle, C. S. L., Thang, L. A. N. & Maier, A. B. Markers of inflammation and their association with muscle strength and mass: A systematic review and meta-analysis. Ageing Research Reviews vol. 64 Preprint at https://doi.org/10.1016/j.arr.2020.101185 (2020).
  3. Forbes, S. C. et al. Effects of Creatine Supplementation on Brain Function and Health. Nutrients vol. 14 Preprint at https://doi.org/10.3390/nu14050921 (2022).
  4. Avgerinos, K. I., Spyrou, N., Bougioukas, K. I. & Kapogiannis, D. Effects of creatine supplementation on cognitive function of healthy individuals: A systematic review of randomized controlled trials. Experimental Gerontology vol. 108 166–173 Preprint at https://doi.org/10.1016/j.exger.2018.04.013 (2018).
  5. Kreider, R. B. et al. International Society of Sports Nutrition position stand: Safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. Journal of the International Society of Sports Nutrition vol. 14 Preprint at https://doi.org/10.1186/s12970-017-0173-z (2017).
  6. Buford, T. W. et al. International Society of Sports Nutrition position stand: creatine supplementation and exercise A Position Statement and Review of the Literature. (2007) doi:10.1186/1550-2783-4.
  7. Candow, D. G. et al. Low-dose creatine combined with protein during resistance training in older men. Med Sci Sports Exerc 40, 1645–1652 (2008).
  8. Rae, C., Digney, A. L., McEwan, S. R. & Bates, T. C. Oral creatine monohydrate supplementation improves brain performance: A double-blind, placebo-controlled, cross-over trial. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 270, 2147–2150 (2003).
  9. Avgerinos, K. I., Spyrou, N., Bougioukas, K. I. & Kapogiannis, D. Effects of creatine supplementation on cognitive function of healthy individuals: A systematic review of randomized controlled trials. Experimental Gerontology vol. 108 166–173 Preprint at https://doi.org/10.1016/j.exger.2018.04.013 (2018).
  10. Chilibeck, P., Kaviani, M., Candow, D. & Zello, G. A. Effect of creatine supplementation during resistance training on lean tissue mass and muscular strength in older adults: a meta-analysis. Open Access J Sports Med Volume 8, 213–226 (2017).
  11. Devries, M. C. & Phillips, S. M. Creatine supplementation during resistance training in older adults – A meta-analysis. Med Sci Sports Exerc 46, 1194–1203 (2014).
  12. Van Cutsem, J. et al. Can creatine combat the mental fatigue-associated decrease in visuomotor skills? Med Sci Sports Exerc 52, 120–130 (2020).
  13. Dolan, E., Gualano, B. & Rawson, E. S. Beyond muscle: the effects of creatine supplementation on brain creatine, cognitive processing, and traumatic brain injury. Eur J Sport Sci 19, 1–14 (2019).
  14. McMorris, T. et al. Creatine supplementation, sleep deprivation, cortisol, melatonin and behavior. Physiol Behav 90, 21–28 (2007).
  15. Van Cutsem, J. et al. Can creatine combat the mental fatigue-associated decrease in visuomotor skills? Med Sci Sports Exerc 52, 120–130 (2020).

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress
Rolar para cima