Pesquisa realizada pelo ITS em parceria com YALE mostra que brasileiros estão atentos às questões climáticas. Veja os principais resultados.
Mudanças climáticas, tema que tira o sono de cientistas e ativistas ambientais, movimenta debates acalorados nas mídias, e está na agenda política de nações do mundo todo como um dos grandes desafios a serem enfrentados nas próximas décadas. Mas será que o brasileiro “comum” está atento ou preocupado com o tema?
Essas são questões que a pesquisa Mudanças Climáticas na percepção dos brasileiros, realizada pelo Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS) em parceria com Yale Program of Climate Change Communication e IBOPE Inteligência tentou responder.
Realizada entre os meses de setembro e outubro de 2020, a pesquisa conduziu entrevistas telefônicas com apoio de questionários eletrônicos com 2.600 pessoas acima de 18 anos das 5 regiões do Brasil. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, considerando um nível de confiança de 95%.
Destacamos os principais dados revelados pela pesquisa, que podem trazer reflexões importantes sobre como estamos abordando o tema hoje e como podemos avançar.
Brasileiros atentos, mas nem tão informados
Perguntados sobre o quão importante acham que é a questão do aquecimento global, 78% dos entrevistados afirmam considerar muito importante e 61% dizem estar muito preocupados com o meio ambiente. No entanto, apenas 25% afirmam saber muito sobre o tema aquecimento global e mudanças climáticas (mais uma razão para a gente seguir trazendo informações por aqui!).
Mulheres estão mais preocupadas que homens
No recorte por gênero, as mulheres se mostram mais preocupadas com meio ambiente do que os homens: 68% das respondentes do gênero feminino se declaram muito preocupadas contra 53% dos homens; já no outro extremo da percepção, 5% dos homens afirmam não estar nada preocupados contra 2% das mulheres que fazem essa mesma afirmação.
Grau de escolaridade mais alto se reflete em maior conhecimento sobre aquecimento global
Em relação à pergunta “O quanto você sabe sobre aquecimento global ou mudanças climáticas?”, 39% das pessoas com ensino superior afirmam saber muito e 43% dizem saber mais ou menos. No grupo de respondentes com ensino fundamental, esses percentuais são de 19% e 46%, respectivamente.
Negacionismo climático não mostra força entre os brasileiros
Os brasileiros parecem atentos às evidências das mudanças climáticas, isso se reflete no baixo índice de pessoas que negam o aquecimento global, como mostram os dados da pesquisa: 92% dos brasileiros consideram que o aquecimento global está acontecendo contra 5% que consideram que não está e 3% que afirmam não saber.
Entre as pessoas que acreditam no aquecimento global, 77% afirmam que ele é provocado principalmente pela ação humana, 12% o atribuem a causas meramente naturais, 9% consideram que seja fruto de ambas e 2% não sabem ou não responderam.
Preocupados com as próximas gerações, mas também com o presente
A pesquisa indica que existe um elevado grau de consciência sobre a gravidade dos reflexos do aquecimento global para o futuro da humanidade: 88% das pessoas acreditam que ele pode prejudicar muito as gerações futuras.
O número segue alto mesmo quando falamos de uma percepção mais imediatista do problema: 72% dos entrevistados acreditam que o aquecimento global pode prejudicar muito a eles mesmos e a suas famílias.
Quem pode contribuir mais para resolver o problema?
Para 35% dos entrevistados, os governos são os principais responsáveis para minimizar as mudanças climáticas, 32% atribuem esse papel a empresas e indústrias e 24% colocam a maior fatia da responsabilidade nas mãos dos cidadãos em geral. Apenas 4% dizem que esse é o papel das ONGs e 4% não sabem ou não responderam à pergunta.
Problemas na Amazônia preocupam os brasileiros
A pesquisa trouxe questões específicas sobre um tema especialmente sensível aos brasileiros, mas que desperta alertas globais: as queimadas na Amazônia.
Entre os 98% que já ouviram falar sobre as queimadas na Amazônia, 77% acreditam que elas são causadas pela ação humana, 9% por mudanças naturais e 12% por ambos os fatores.
Para 84% das pessoas, a imagem do Brasil no exterior é prejudicada pelas queimadas na Amazônia, 11% discordam que isso traga prejuízos à imagem do país.
No que diz respeito às percepções sobre quem seriam os principais responsáveis pelas queimadas, as opiniões se dividem. No entanto, madeireiros, agricultores, pecuaristas e criadores de animais e garimpeiros são os mais citados em 1º lugar (76%, 49%, 48% e 41%, respectivamente), à frende de políticos, citados por 34% das pessoas como principais responsáveis. Indígenas e ONGs têm os menores índices de atribuição de responsabilidade com 8% e 6% cada um.
Dá para sentir que os brasileiros, de modo geral, não estão alheios à importância das questões ambientais para a vida e o futuro da humanidade. Por isso acreditamos que, quanto mais trouxermos esses debates para o dia a dia das pessoas, mais contribuímos para mudanças positivas. Entender onde estamos é importante para planejar os próximos passos, concordam?
Você pode conferir os dados completos da pesquisa no site oficial do projeto.
Referências:
https://www.percepcaoclimatica.com.br/
https://climatecommunication.yale.edu/