Uso de agrotóxicos e impactos para a saúde | Blog Nutrify

Uso de agrotóxicos e impactos para a saúde

O que é e por que utilizam agrotóxicos em alimentos?

É feito o uso de agrotóxicos nas plantações para garantir o cultivo. A Organização Mundial da Saúde e a Organização para Agricultura e Alimentação definiram pesticidas (agrotóxico) como: qualquer substância ou mistura de substâncias destinada a repelir, destruir ou controlar qualquer praga durante ou que interfira na produção, processamento, armazenamento ou comercialização de alimentos (1).

Um pesticida ideal deve realizar o trabalho de controlar as pragas e depois se degradar sozinho. Porém, depois de pulverizar as plantas, os resíduos podem se manter presentes e gerar prejuízos para a saúde humana (1). Cerca de 30% das perdas na produção de alimentos acontecem por ação de pragas (4).

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Cenário de agrotóxicos no Brasil

O Brasil é considerado desde 2008 o país que mais consome agrotóxicos no mundo. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o consumo de alimentos que contêm resíduos de agrotóxicos gira em torno de 15% (1).

O primeiro movimento ambiental contra os agrotóxicos aconteceu por conta da escritora e bióloga marinha, Rachel Carson. Após esse movimento, foi visto uma queda no uso de agrotóxicos em 1970, que em conjunto também teve a proibição de princípios ativos nos pesticidas com grande capacidade carcinogênica (4).

Fiscalização no Brasil

No Brasil temos 3 órgãos oficiais que possuem a responsabilidade pela avaliação e regulamentação de agrotóxicos. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que avalia os riscos dos agrotóxicos para a saúde humana, já o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(IBAMA) avalia os riscos ao meio ambiente, enquanto o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) avalia a eficiência desses compostos na melhoria da produtividade agrícola (5).

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Malefícios à saúde

Alguns pesticidas já têm comprovações de sua ação sobre a saúde humana. Por exemplo, o Dieldrin é um produto amplamente usado como inseticida e está associado a apoptose neural (morte dos neurônios) ou a Rotenona que também tem ação neurotóxica (1).

Uma das grandes limitações em torno dos estudos com agrotóxicos é que o limite máximo de resíduos pode variar muito de acordo com cada legislação. O clorpirifós, por exemplo, tem limite de 0,01 mg/kg no Brasil, porém, para a União Européia, o limite proposto é de 4,0 mg/kg, cerca de 400 vezes maior (4).

Um dos efeitos dos pesticidas nos mamíferos é o bloqueio da acetilcolinesterase (AChE), que vai gerar sinais clínicos no sistema nervoso central. Só que isso não ocorre a curto prazo, mas sim a um longo prazo de exposição a esses produtos (1).

Porém, o risco não se limita só ao consumo dos produtos, mas também à exposição ocupacional. É muito importante que os produtores e trabalhadores que manipulem estes produtos estejam protegidos sobre regulamentações e padrões de saúde ocupacional controlados para manter a sua integridade (1,3).

Mulheres em período gestacional trabalhando na agricultura estão expondo o seu bebê a diversos riscos, por exemplo, aborto espontâneo, parto prematuro, retardo no crescimento intrauterino, entre outras consequências. Só o fato de os pais terem uma exposição ocupacional aos agrotóxicos antes da concepção já pode aumentar os riscos de complicações no desenvolvimento do feto (2).

Além disso, os agrotóxicos têm uma ação negativa no desenvolvimento de crianças quando exposta no início da vida. Landrigan et al. (1999) relatou que essa exposição pode levar a risco aumentado de doenças neurológicas, alterações hormonais e outras doenças relacionadas ao desenvolvimento das crianças (2).

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Considerações Finais:

Os agrotóxicos têm um papel importante no cultivo de diversos alimentos, pois sem eles ficaríamos muito limitados em relação a quantidade de produtos que poderiam ser cultivados, afetando o acesso das pessoas e com certeza impactando no custo dos produtos.

Porém, já está claro que a exposição, seja através da ingestão ou pela exposição ocupacional, podem acarretar a diversos prejuízos para a saúde do seu humano. Além disso, esses produtos afetam o meio ambiente e os animais no geral.

Esperamos que no futuro seja desenvolvido produtos que não apresentem esse nível toxicidade. Enquanto isso não acontece, é recomendado que os funcionários de plantações utilizem equipamentos de proteção e os consumidores que tiverem condições aumentem a ingestão de produtos orgânicos, dessa forma seria possível reduzir a exposição aos agrotóxicos.

 

Referência:

  1.   Merhi A, Kordahi R, Hassan HF. A review on the pesticides in coffee: Usage, health effects, detection, and mitigation. Front Public Health. 2022 Nov 
  2.   Ritter L, Goushleff NC, Arbuckle T, Cole D, Raizenne M. Addressing the linkage between exposure to pesticides and human health effects–research trends and priorities for research. J Toxicol Environ Health B Crit Rev. 2006 Nov-Dec
  3.   Lovison Sasso E, Cattaneo R, Rosso Storck T, Spanamberg Mayer M, Sant’Anna V, Clasen B. Occupational exposure of rural workers to pesticides in a vegetable-producing region in Brazil. Environ Sci Pollut Res Int. 2021 May
  4.   Gomes HO, Menezes JMC, da Costa JGM, Coutinho HDM, Teixeira RNP, do Nascimento RF. Evaluating the presence of pesticides in bananas: An integrative review. Ecotoxicol Environ Saf. 2020 Feb
  5.   Silva ACG, Sousa IP, Dos Santos TRM, Valadares MC. Assessing Agricultural Toxicity in Brazil: Advances and Opportunities in the 21st Century. Toxicol Sci. 2020 Oct

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